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Operação é montada para içar corpo de elefanta Haisa para exames

19 de Novembro de 2020 às 12:07
Jomar Bellini [email protected]

E por falar em elefantes... Haisa vivia no Zoo de Sorocaba há 25 anos. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS

Uma verdadeira operação foi montada durante a madrugada para transportar o corpo da elefanta Haisa, que tem cerca de três toneladas, em Sorocaba. O animal morreu nesta quarta-feira (18) no Zoológico de Sorocaba, e passa por necropsia, acompanhada por especialistas de universidades públicas. O animal, de cerca de 60 anos, estava no Zoo há 25 anos e será sepultado em espaço público após a finalização dos exames. O Ministério Público acompanha o caso após denúncias publicadas em redes sociais. Nesta quinta-feira (19), o Zoológico está fechado.

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema), o corpo do animal passa por exames no Hospital Veterinário da Universidade de Sorocaba (Uniso) para identificar a causa da morte. Para ser levado até lá, Haisa foi içada com guindaste e colocada em cima de um caminhão. Seis funcionários participaram do transporte.

A ideia inicial da Secretaria do Meio Ambiente era enviar o animal ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), no Ipiranga, porém o espaço está fechado em razão da pandemia da Covid-19. O trabalho é feito com acompanhamento dos patologistas Natália Fernandes e Juliana Guerra, do Instituto Adolfo Lutz, e Pedro Navas, da USP. Além disso, a Sema autorizou o acompanhamento do processo por outros dois patologistas da Unesp Botucatu e da USP.

Ainda de acordo com a prefeitura, o animal será enterrado ainda nesta quinta-feira (19) num espaço público da cidade, após finalizar a necropsia. O local, entretanto, ainda não foi divulgado.

Zoo em luto

Nesta quinta-feira (19), o Zoológico "Quinzinho de Barros" ficou fechado, em luto por conta da morte da elefanta. Em nota, o Zoo de Sorocaba diz que todos os funcionários estão em luto. O parque será reaberto para visitação no feriado do Dia da Consciência Negra, celebrado nesta sexta-feira (20).

Haisa chegou ao Zoológico de Sorocaba em 1995 e vivia com o elefante Sandro. Crédito da Foto: José Roberto Pinto / Arquivo JCS

A elefanta asiática Haisa, que vivia em cativeiro no zoológico de Sorocaba, morreu por volta das 19h de quarta-feira (18). O animal chegou ao Quinzinho de Barros em 1995, já adulta, vinda de um circo. Estima-se que ela tinha mais de 60 anos, sendo considerado um animal bem idoso e, por isso, recebia uma rotina de cuidados especiais.

Desde o mês de maio deste ano, Haisa vinha apresentando dificuldade locomotora. Após avaliação clínica e exames, foi constatado um quadro de artrose, uma doença degenerativa que não tem cura.

Polêmica

Haisa está no centro das atenções após um vídeo publicado na internet lançando dúvidas sobre o estado de saúde e as condições de tratamento de uma elefanta no Quinzinho. No vídeo, o autor afirma que o animal está com as patas inflamadas, com dificuldades de se locomover e cobra previdências por parte da administração municipal. Na ocasião, a prefeitura justificou a situação afirmando que Haisa estava com artrose e que recebia os cuidados necessários.

Em luto por elefanta Haisa, Zoológico de Sorocaba não abre nesta quinta-feira. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (19/11/2020)

O vídeo foi gravado e publicado no domingo (15) pelo médico veterinário Eric Prestes e teve centenas de compartilhamentos no Facebook. Nesta quarta-feira (18), ele afirmou que recebeu com tristeza a informação. "Acaba de vir a óbito nossa guerreira elefanta do zoológico de Sorocaba. Depois de meses sofrendo por uma artrose.

Descanse em paz minha guerreira. Acabou seu sofrimento em cativeiro", publicou em uma rede social.

Ao jornal Cruzeiro do Sul, ele contou que chegou a ir até o Zoo durante a noite e foi informado que o óbito seria por "causas naturais". "Ela está em paz, sem dor nem dar, não vai mais sofrer. Minha consciência está tranquila porque estávamos lutando pelo bem-estar dela, já que ela estava sofrendo a vista do público", disse.

Ministério Público

Horas antes da morte de Haisa, o MP instaurou procedimento preparatório para inquérito civil sobre o estado de saúde do animal. O promotor Jorge Alberto Marum, autor  da portaria, pede à Prefeitura de Sorocaba informações sobre as condições do animal. A administração municipal tem 30 dias para apresentar esclarecimentos.

Nesta quinta-feira (19), Marum afirmou que a morte de Haisa não suspende o procedimento. O promotor diz que conversou com os responsáveis pela Sema e que aguarda o laudo da necropsia. "Nós vamos verificar os exames para determinar se haverá instauração de inquérito neste caso", explica.

Para a abertura do procedimento, Marum baseou-se nos artigos 225 da Constituição Federal, 32 da lei nº 9.605/98, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, e no parágrafo primeiro, inciso I da lei 7.347/85. As publicações nas redes sociais e a reportagem do jornal Cruzeiro do Sul sobre o caso serviram de base para a instauração do inquérito, afirma Marum, no documento. (Jomar Bellini)

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