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Atropelamento

Ciclista atropelado passa por cirurgia de reconstrução da face

Vítima contou aos familiares os detalhes do momento do atropelamento

07 de Janeiro de 2022 às 11:32
Virginia Kleinhappel Valio [email protected]
Ciclista foi atropelado na avenida Washington Luís na noite do último domingo (26)
Ciclista foi atropelado na avenida Washington Luís na noite do último domingo (26) (Crédito: Reprodução)

O ciclista J.Y.S atropelado em 26 de dezembro, na avenida Washington Luís pelo motorista G.C.S, de 20 anos, que fugiu sem prestar socorro, passou por uma cirurgia nesta quinta-feira (6) para reestruturar os ossos da face.

O jornal Cruzeiro do Sul conversou com a família da vítima, que contou detalhes sobre a cirurgia e o estado de saúde do ciclista.

De acordo com o familiar - que não quis se identificar - o ciclista está com bastante dificuldade para falar porque a boca está com muitos pontos por dentro. A cirurgia realizada no CHS foi para reparar o nariz, maxilar e mais um osso da face, que ficou fora do lugar. “O que mais prejudicou foi a face; o nariz, que quebrou o osso, e a parte de dentro dele também; o maxilar deslocou e o osso que é junto com o nariz, embaixo dos olhos, ele fraturou também. Aí a cirurgia é para corrigir isso, para repor estas três partes”, explica o familiar.

Ainda de acordo com ele, o ciclista contou o que lembra. Veja, na íntegra, a descrição da vítima ao familiar sobre o momento do atropelamento:

“Eu conversei com ele. Ele disse que lembra de descer a Washington Luís, viu o carro vindo de frente com ele. Ele disse que até tentou desviar, mas não conseguiu por conta da velocidade em que o carro veio. Ele lembra do momento em que o carro bateu nele, ele rolou por cima do carro e caiu. Na hora em que ele caiu, ele disse que ouviu o motor do carro acelerando e aumentando o giro. Disse também que viu o carro passando por cima dele. Depois que o carro terminou de passar, ele tentou levantar e sentar. Na hora que ele olhou no chão, já viu os dentes caídos e um monte de sangue caindo. Ele tentou ver o rosto e passar a mão e percebeu que tinha muito sangue e começou a se afogar no sangue. Acredito que foi nesse momento que a moça prestou os primeiros socorros. Era uma mulher que estava no bar, não sei se ela é médica ou enfermeira, mas ela tinha uma noção de primeiros socorros. Acredito eu, que isso influenciou muito para que ele chegasse ao hospital ainda com vida. Ele falou também que nesta semana em que saiu do hospital, as vezes ele acorda meio assustado, achando que está no acidente ou no hospital ainda. Fica um trauma psicológico.”

Esta é a primeira cirurgia que o ciclista realiza para corrigir as fraturas do rosto. A cirurgia seria agendada para daqui 15 dias, mas após uma consulta nesta quarta-feira no CHS, os médicos fizeram novos exames e resolveram que a cirurgia já poderia ser feita. “O que aconteceu com ele e a recuperação é um milagre, porque a médica que atendeu ele no hospital falou que achava que ele viria a óbito, que ele não ia conseguir sobreviver, devido às fraturas e o estado que ele chegou. Graças a Deus não foi isso que aconteceu, ele teve uma recuperação considerada rápida e acima do normal. Foi entubado e extubado no mesmo dia e teve alta três dias depois. Foi um milagre, é Deus agindo ali”, finaliza.

Relembre o caso

O atropelamento aconteceu no domingo, quando o motorista G.C.S, de 20 anos, que dirigia sem habilitação, brigou dentro do bar localizado na avenida Washington Luís, entrou em seu veículo e dirigiu na contramão, atropelando o ciclista J.Y.S que estava pedalando sentido Campolim.

Segundo a vítima e testemunhas, o motorista fugiu sem prestar socorro. Em seguida, amigos do motorista voltaram ao local com o intuito de pegar o para-choque com a placa do veículo que havia caído, mas funcionários do bar já haviam guardado.

No vídeo abaixo, é possível ver o momento em que o motorista atropela o ciclista e passa com o veículo por cima do corpo do rapaz.

Comanda de consumo do bar

No dia da ocorrência, o motorista, que se apresentou à polícia na terça-feira (4), estava em um bar e pagou R$ 204 em gastos com bebida alcoólica. Na comanda estava anotada a compra de duas cervejas long neck e três baldes de cervejas.

Ela será usada pela polícia como prova da possível embriaguez do motorista. A informação é da delegada responsável pelo caso, Daniela Cavalheiro Lara de Góes.

A delegada explica que o próximo passo da polícia é comprovar ou não a autenticidade das declarações de G. e, conforme ela, um dos pontos da investigação é a questão da ingestão ou não de bebida alcoólica pelo rapaz. “Ele não se demonstra arrependido. Ele acha que a atitude dele está respaldada nessa agressão que ele alega que sofreu”.

O prazo para concluir o inquérito é de30 dias, podendo ser prorrogado por igual período . O caso será enviado ao Judiciário como lesão corporal culposa, com pena de 6 meses a 2 anos; omissão de socorro, de 1 a 6 meses e fuga do local do acidente, de 6 meses a um ano de prisão.

Linha da defesa

O motorista se apresentou à polícia na terça-feira (4). Ele trabalha como mecânico e não possui habilitação (CNH). De acordo com o advogado, ele fez um boletim de ocorrência no dia seguinte do atropelamento. Ele também teria argumentado que pensou que tivesse atropelado a bicicleta e que fugiu do local do atropelamento, pois temia ser agredido. “Falei para ele que falasse a verdade, que é que basta para a gente”, diz o advogado, que contou ainda que o rapaz assumiu o erro.

Ainda segundo o advogado, ele está arrependido e assumiu que cometeu o atropelamento em um boletim de ocorrência, feito de forma on-line.

 

Nota da Redação: De acordo com a legislação, o jornal Cruzeiro do Sul não identifica personagens de matérias enquanto eles ainda estão na condição de suspeitos

 

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