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Vôlei confirma saída de Itapetininga, e projeto deve ir para São José dos Campos

Impasse com a Prefeitura da cidade foi o motivo da decisão

30 de Abril de 2021 às 16:28
Marina Bufon [email protected]
O Itapetininga fez história e chegou até as semifinais da Superliga Masculina de vôlei nesta temporada
O Itapetininga fez história e chegou até as semifinais da Superliga Masculina de vôlei nesta temporada (Crédito: William Lucas/Inovafoto/CBV.)

O projeto Vôlei UM Itapetininga, semifinalista da Superliga Masculina nesta temporada, confirmou nesta sexta-feira (30) que deixará a cidade após divergências com a Prefeitura. Todos os ex-presidentes e o gestor da iniciativa, o ex-atleta Rodrigo Moraes, falaram sobre a decisão.

"Foi uma decisão muito difícil, mas a confiança com a Prefeitura foi perdida. Claro que depois da semifinal eles queriam renovar, mas em momento nenhum eles demonstraram, desde o começo do projeto, essa parceria esperada. Eu tentei que o time ficasse aqui sem a Prefeitura, mas não consegui. Muitos empresários e torcedores ajudaram sempre, mas não tem como", disse Moraes em entrevista concedida à televisão da cidade.

Rodrigo "Canhoto" deve fazer parte da diretoria do novo projeto, que deve ser em São José dos Campos. O município, porém, não confirma a informação, apesar de esclarecer que conversas aconteceram nos últimos dias.

Em entrevista ao "ge", Ricardo Navajas, ex-supervisor do Vôlei Taubaté, afirmou que será o gestor do projeto em São José dos Campos, que disputará novamente a Superliga.

Vôlei UM e Prefeitura de Itapetininga


Conforme explicado pelo advogado da Associação, Dr. Claudio Stucchi, o projeto sempre teve parcerias com o órgão municipal e, portanto, deveria prestar contas em relação aos recursos públicos transferidos. O profissional explicou que nunca houve má fé por parte do projeto nem prejuízo ao poder público.

A irregularidade formal apontada pela Prefeitura surgiu no ano passado e foi em relação à forma de contratação dos trabalhadores do projeto: eles deverias ser pagos pelo regime CLT e não Pessoa Jurídica, como havia sido feito.

"Não houve crime e nada fraudulento, foi tudo pago, mas o impasse maior foi que a legislação específica estabelece alguns tipos de penalidades quando há irregularidades, mas o município resolveu aplicar a penalidade máxima, que, no caso, é a suspensão do repasse de verbas e a exigência de devolução dos valores", explicou Stucchi.


Como é de praxe nesses casos, foi elaborado um plano compensatório, sugerido pela própria Prefeitura, para não precisar haver a devolução dos recursos. No total, foram três documentos realizados, mas o órgão demorava muito para responder e, no mundo do esporte, o cronograma é muito importante, afinal, as competições continuavam acontecendo.

"Mesmo durante todo esse tempo de espera, durante a pandemia, o projeto social continuou acontecendo. Infelizmente essa demora gerou esse impasse e fez com que a diretoria tomasse essa decisão de parar o projeto na cidade".

O advogado explicou que os repasses não foram recebidos e que a Associação ainda aguarda o envio de alguns documentos por parte da Prefeitura. Inicialmente, houve apenas a menção de que a irregularidade formal foi apontada pela controladoria interna, mas, depois, o órgão afirmou que tanto o Tribunal de Contas do Estado quanto o Ministério Público haviam feito os apontamentos.

A série de entrevistas seguiu ordem cronológica, começando com Cristiano Tamura, primeiro mandatário do clube, de 2017 até agosto de 2018, quando a equipe chegou até a Superliga A. Depois dele, Claudio Godoy assumiu e ficou até 2020, também colhendo frutos.

Por fim, Osmar Thibes Júnior foi o último presidente, até esta semana, quando renunciou ao cargo. Todos demonstraram tristeza com a saída do vôlei de Itapetininga. 


Posicionamento da Prefeitura de Itapetininga


Nesta semana, quando questionada sobre a situação do Vôlei UM Itapetininga, a Prefeitura da cidade afirmou que "o plano compensatório apresentado não atende às especificações legais e não foi aprovado pelo Controle Interno Municipal" e que a "decisão final demorou, tendo em vista as inúmeras oportunidades concedidas ao Vôlei Itapetininga, que insistia em manter os desacertos originais".

Além disso, o município afirmou que "a saída do Vôlei Itapetininga é uma decisão unilateral da Associação Itapetininga de Vôlei" e que novas parcerias entre as partes podem ser feitas a qualquer momento, desde que as irregularidades apontadas sejam sanadas pela agremiação.

Posicionamento da Prefeitura de São José dos Campos

Em nota, a Prefeitura da cidade informou que:

"Dentro das políticas públicas de fomento ao esporte vêm ocorrendo tratativas sobre vôlei masculino para o ano de 2022, no momento oportuno será aberto os prazos para apresentação de projetos e aprovação do plano de trabalho.

Para o ano vigente tivemos pela terceira vez, por meio da Lei de Incentivo Fiscal do Município, a captação de 100% dos recursos na área de esportes, beneficiando diversos projetos das mais diversas modalidades.
Neste ano, foram 89 projetos captados, sendo 36 para apoio a atletas individuais, 14 para projetos das modalidades do Programa Atleta Cidadão, que reúne as categorias de base e visa a formação de atletas, 15 para equipes de alto rendimento, 11 para projetos individuais de atletas PCD (Pessoa Com Deficiência), 4 para projetos de sócio desportivos, em que não há finalidade competitiva, e 9 para equipes de modalidades PCD.

O total de recursos foi de R$ 7,1 milhões que estão sendo investidos nas várias modalidades por meio do incentivo fiscal."