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Polícia

Delegada: não há indícios de abuso em caso de adolescente de Votorantim

No dia 1º de novembro, a menina relatou ao irmão que teria sido vítima de estupro durante uma festa de Halloween

16 de Novembro de 2021 às 12:19
Kally Momesso [email protected]
Delegada que investiga o caso, Adriana de Sousa Pinto
Delegada que investiga o caso, Adriana de Sousa Pinto (Crédito: Kally Momesso)

A delegada Adriana de Sousa Pinto afirmou ao jornal Cruzeiro do Sul que não há indícios de abuso sexual no caso da adolescente de Votorantim. No dia 1º de novembro, a menina relatou ao irmão que teria sido vítima de estupro durante uma festa de Halloween em um condomínio de alto padrão da cidade. Um integrante da festa deve ser ouvido hoje (16) para esclarecer algumas lacunas.

O relatório da Escuta Especializada declarou que a adolescente, de fato, não se lembra de nada. Dessa forma, a delegada Adriana aguarda outros depoimentos e exames que comprovem o abuso. "Eu fiquei esperando o laudo do IML para ver o que vinha, porque não tinha nada de concreto pra dizer que realmente houve um abuso sexual. O laudo negativo não afirma que ela não foi violentada, mas é um indício de que não foi", explica.

Segundo Adriana, o laudo sexológico do IML, entretanto, veio com pendência e a pesquisa de espermatozoides e exame toxicológico ainda não foram concluídos até sexta-feira (12). "Apesar de ser pouco provável, pode sair uma pesquisa positiva de espermatozoides", ressaltou a delegada.

A menina apresentava ferimentos na testa e nas costas e, conforme os especialistas, as lesões são típicas de queda. Além disso, os relatos feitos à policia leva a crer que a adolescente bebeu, caiu e entrou em um latão de lixo, o que justificaria o fato dela estar suja e machucada. "Ela não estava com características de quem teria sido abusada. Não teve conjunção carnal e não teve vestígio. Não tem material genético e não tem sêmen", relatou a autoridade.

Até agora, a polícia constatou que, na data, um grupo de adolescentes se encontrou para uma festa Halloween na casa de um amigo em um condomínio de alto padrão de Votorantim. O grupo todo consumiu grande quantidade de bebida alcoólica. "A mãe do adolescente que estava organizando a festa não sabia que tinha bebida. Ela não autorizou que comprassem bebida. Foi um rapaz que comprou bebida e distribuiu para os adolescentes", informou Adriana.

A delegada também contestou a informação divulgada anteriormente de que se trataria de um estupro coletivo. Segundo ela, nada dessa natureza foi mencionado no Boletim de Ocorrência.

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Lacunas

A Delegada Adriana espera conseguir novas informações para esclarecer lacunas desta ocorrência por meio do depoimento do melhor amigo da garota. O adolescente teria convidado a amiga para a festa, e ela o acompanhou para que ele não fosse sozinho, de acordo com as informações que chegaram na delegada. Ele será ouvido nesta terça-feira (16).

A Polícia Civil pediu imagens das câmeras de segurança do condomínio, mas ainda não havia sido enviado até sexta-feira (12). O sistema de monitoramento também pode ser aliado das autoridades para entender a cronologia dos fatos.

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Como evitar casos de estupro

O estupro de vulnerável é considerado um crime hediondo com pena de reclusão de 8 a 15 anos. A especialista da Delegacia da Mulher apontou alguns fatores de risco, que "facilitam a vida do abusador". Entre eles, está o consumo excessivo de álcool ou até uso de drogas. "É importante evitar bebida alcóolica ou drogas, porque você fica vulnerável e não tem como se defender", diz Adriana de Sousa Pinto.

Para ela, em um mundo machista e patriarcal enraizado, os homens tendem a se aproveitar da situação. "É uma questão cultural que ainda vai levar um tempo para mudar. Os homens precisam ter a consciência de que a menina está bêbada, oferecer ajuda e não se aproveitar. Isso que acontece é um absurdo, mas é cultural".

"Aqui a gente procura conversar com as vítimas, crianças e adolescentes com todo cuidado, evitando a revitimização", e continuou. "A partir do momento em que existem Delegacias da Mulher, é justamente para ter esse acolhimento, para você mostrar para a mulher que ela não tem que ter vergonha. Independente do resultado final disso, é necessário procurar uma unidade policial para registrar e submeter a todo procedimento necessário".