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Operação Vikare

Sorocaba está no circuito de distribuição de drogas para outros países

Ação da Polícia Federal do Amapá chega a Brigadeiro Tobias, em Sorocaba, onde uma colombiana foi presa

20 de Outubro de 2021 às 18:42
Cruzeiro do Sul [email protected]
Mulher, de 42 anos, usava uma loja de cosméticos no bairro para refinar drogas usando produtos químicos
Mulher, de 42 anos, usava uma loja de cosméticos no bairro para refinar drogas usando produtos químicos (Crédito: Divulgação / Comunicação Polícia Federal)

Sorocaba entrou no circuito da Operação Vikare deflagrada na manhã desta quarta-feira (20) pela Polícia Federal no Amapá, com o apoio do Ministério Público Federal. Daqui de Sorocaba, saíam drogas refinadas para serem distribuídas em outros estados brasileiros e, até, para outros países, como Colômbia e Venezuela.

Uma colombiana, que morava em um sobrado no bairro Brigadeiro Tobias, em Sorocaba, foi presa no período da manhã sob a acusação de ser uma das líderes do tráfico transnacional de drogas. 

Segundo a Polícia Federal, a colombiana mantinha uma loja de cosméticos de fachada no bairro e, conforme investigação, usava o local para refinar drogas empregando produtos químicos.

A droga ali entrava no esquema criminoso para ser distribuída para outros estados e países.

A mulher, de 42 anos, foi recolhida no presídio feminino de Votorantim. De acordo com a Polícia Federal, o ex-marido, também colombiano e que morava no sobrado, em Brigadeito Tobias, já havia sido preso por tráfico. Contudo, dessa vez, ele não foi alvo da operação.

Cerca de 300 policiais federais foram às ruas para cumprir 24 mandados de prisão preventiva, além de 49 mandados de busca e apreensão.

Primo de senador é preso

No Amapá, foram cumpridos quatro mandados de busca e dois mandados de prisão preventiva, em empresas e duas residências localizadas em Macapá, também em um aeródromo particular.

Nessa ação, os policiais federais prenderam também Isaac Alcolumbre, primo do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), no Amapá.

Ele está entre os alvos da Operação Vikare, que investiga ainda casos de associação para ao tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

 

O Estado do Amapá foi mapeado na operação como base operacional das atividades relacionadas à importação e transporte de drogas por meio de aeronaves, responsáveis pela distribuição para diferentes pontos do país, além da Venezuela e Colômbia.

Além dos mandados na capital amapaense, foram alvos pessoas físicas e empresas com endereços nos estados do Pará (Belém e Ananindeua), Amazonas (Manaus e Itacoatiara), Piauí (Teresina), Ceará (Fortaleza), Mato Grosso do Sul (Campo Grande, Paranhos e Aral Moreira), São Paulo (capital e Sorocaba); Rio de Janeiro (capital) e Paraná (Foz do Iguaçu e Londrina).

Investigações começaram em 2020

A ação desta quarta-feira (20) teve origem em maio de 2020, quando investigações da Polícia Federal,
no Amapá, descortinaram movimentações suspeitas de aeronaves, além da descoberta dos destroços de um avião de pequeno porte, que ficou atolado em uma região no município de Calçoene (Amapá).

O avião estava, em grande parte, destruído por um incêndio, propositalmente causado para tentar esconder crimes praticados.

Os policiais ainda perceberam que o avião estava adaptado para transportar drogas, semelhante ao que é feito com outros apreendidos em ações policiais Brasil afora.

Ao lado dos destroços, foi encontrada uma vala, possivelmente para armazenar os entorpecentes transportados naquela oportunidade.

Os investigadores levantaram informações de que outra aeronave pousou no mesmo local e resgatou os
tripulantes e a carga.

Pontes aéreas eram frequentes

Com o avanço da investigação, verificou-se que o proprietário do avião foi preso em julho do mesmo ano no Paraguai, enquanto pousava outra aeronave carregada com 425 quilos de cocaína.

A aeronave de pequeno porte utilizada para resgate das pessoas e carga, que havia caído em Calçoene (Amapá), em março, fora vendida a outro indivíduo, que, em novembro de 2020, também fora preso em flagrante na cidade de Ipixuna (Pará), próximo a Paragominas (Pará), transportando 450 quilos de skunk, logo após deixar Macapá, saindo de um aeródromo desta capital.

Com o desenvolvimento do trabalho da Polícia Federal no Amapá, chegou-se a uma grande e articulada organização criminosa com participação de brasileiros e estrangeiros, voltada à prática de diversos crimes, como o tráfico internacional de drogas, por meio de uma rota que passava por países da América do Sul,
principalmente Colômbia e Venezuela e tinha o estado do Amapá como uma de suas bases logísticas, de onde as drogas partiriam para outras regiões do Brasil.

Entre as empresas de fachadas de outros estados participavam do esquema de diversas formas, como o caso da colombiana que morava em Brigadeiro Tobias, em Sorocaba, na manhã desta quarta-feira (20).

Ela, inclusive, já havia sido presa em 2012 por tráfico de drogas e era a principal responsável, segundo a polícia, pelo fornecimento de drogas da organização criminosa.

Sequestros de bens e bloqueio de contas

Além dos mandados de prisão e busca e apreensão, a Justiça Federal no Amapá, após representação da Polícia Federal, ainda impôs medidas de sequestro de bens, direitos e valores de 68 pessoas físicas e jurídicas.

Assim, 95 veículos, entre carros, caminhões e motos, boa parte de luxo, com proibição da transferência de propriedade; 3 aeronaves com indisponibilidade e restrição de uso; 19 embarcações com disponibilidade e restrição de uso; indisponibilidade de diversos imóveis em nome de 41 pessoas físicas e jurídicas;
bloqueio de ativos financeiros de pessoas físicas e jurídicas que chegam ao montante de R$ 5,8 milhões.

Os investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, pelos delitos de tráfico internacional de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

As penas somadas podem chegar a 51 anos de reclusão, além do pagamento de multa.

A Operação

Vikare pertence à Mitologia Grega, sendo conhecido pela sua tentativa de deixar Creta voando. A tentativa foi frustrada, resultando em queda no Mar Egeu.

Então, o nome da operação faz referência a duas tentativas frustradas de voos que sairiam do Amapá, uma porque a aeronave caiu (causas desconhecidas) e uma segunda aeronave que foi interceptada. (Da Redação, com informações da Comunicação Social da Polícia Federal)

 

Operação Bandit

Em abril deste anos, a Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Sorocaba realizou uma operação para combater o uso de aeronaves no aeroporto de Sorocaba na logística de distribuição de drogas.

Identificada como Operação Bandit, os policiais civis cumpriram seis mandados de busca e apreensão e outros cinco de prisão em Sorocaba, Mogi das Cruzes, Santos e São Paulo.

As investigações chegaram à conclusão de que as drogas eram transportadas de Sorocaba para a região Nordeste do país e de lá seguiam rumo à Europa.