Sorocaba
O Rei também passou por aqui
Defesa de pênalti, amigo de seleção, autógrafo a repórter e até batizado: lembranças de Pelé na região
Edson Arantes do Nascimento revolucionou a história do futebol, sagrou-se Rei e colocou o mundo aos seus pés. Em 21 anos de carreira, Pelé, eterno camisa 10 da seleção brasileira e do Santos, fez 1.283 gols em 1.364 partidas, segundo o Livro dos Recordes (Guinness Book). O número de bolas na rede só não foi maior por culpa de Sebastião Luiz Lourenço, que defendeu um pênalti batido pelo Rei contra o São Bento, em 12 de maio de 1971, na Vila Belmiro.
O Azulão disputava uma partida do Campeonato Paulista contra o Santos. O Peixe levou a melhor e ganhou o jogo por 1 a 0. Apesar da derrota, o então goleiro do time sorocabano fez questão de levar a bola defendida para casa, e com direito a autógrafo. Aos 82 anos, Lourenço lembra do episódio com carinho nas palavras. Uma memória de mais de 50 anos, que permanece vívida na mente do ex-jogador, atualmente morador de Jundiaí.
“Eu tive a felicidade de defender um pênalti cobrado pelo Pelé. Naquele dia, a gente se preparou bastante. Naquela época, era muito difícil enfrentar o time do Santos. Era um time fantástico, o Pelé organizava tudo, fazia gols e tinha bons companheiros. O jogo foi se desenrolando e no segundo tempo, aos 32 minutos, saiu pênalti contra nós. A gente sabia que, se não estivéssemos bem preparados, iríamos tomar um monte de gols”, disse.
Lourenço era fã do atacante mais famoso do mundo e já tinha estudado o jeito que ele costumava fazer gol. Tentou captar algum indício de como seria o chute do craque, e decidiu defender o canto direito do gol. Foi tiro e queda. Depois da defesa, Pelé foi até o goleiro, deu-lhe um abraço e o parabenizou pelo feito.
“Eu sou destro. Então pensei: ‘vou cuidar do meu lado esquerdo’. A maioria dos pênaltis que o vi bater, era bem no chão, no canto direito. Ele jogava a bola no contrapé do goleiro. Isso a gente gravava. O Pelé deu a primeira paradinha, partiu, deu a segunda paradinha e bateu no chão rente à grama. Consegui prensar a bola no pé da trave. Ela rodou e não voltou direto para ele, a bola ameaçava sair na linha de fundo. Aí me arrastei um pouco e peguei”, relembrou.
Após o jogo, Pelé assinou a bola, que Lourenço mantém guardada até hoje como recordação. E a admiração não é só pelo Rei, mas também pelo São Bento. O ex-goleiro relatou que chegou para jogar no time ainda garoto. Para ele, a passagem no clube abriu portas para que ele continuasse no futebol. “O São Bento me ajudou muito. Era um time maravilhoso, a gente se ajudava demais. Eu louvo aquele dia marcante”, declarou. (Wilma Antunes)