Vistoria não encontra local de despejo de produto que apareceu em lago no Campolim
Crédito da foto: Jomar Bellini (08/01/2021)
Uma vistoria realizada Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) em Sorocaba não encontrou o ponto do possível despejo de produto químico que causou o surgimento de novas manchas no lago do parque Carlos Alberto de Souza, no Campolim, na sexta-feira (8). Os dados da vistoria do Saae foram divulgados nesta terça-feira (12). A poluição foi a segunda registrada no local em menos de um mês. O Ministério Público abriu inquérito civil para apurar os casos.
Os funcionários percorreram a região do Campolim em busca de vestígios de uma nova ação do mesmo tipo e nada encontraram. Eles vistoriaram, inclusive, a galeria pluvial (que escoa a água da chuva) na Rodovia Raposo Tavares, ponto possivelmente utilizado para o descarte ilegal no dia 10 de dezembro. Além disso, o Saae afirma ainda que não havia marca de produto no duto do lago do parque, onde foi encontrada a mancha.
A vistoria reforça a hipótese de que não tenha sido um novo descarte de produto químico, mas sim um material residual do primeiro despejo, em dezembro, que "permaneceu incrustado sob as pedras e foi carregado com as chuvas ocorridas posteriormente".
Após o flagrante, as equipes da autarquia se revezaram para retirar o produto químico do lago. O trabalho de sucção do produto químico se estendeu até o final da tarde da sexta-feira (8). Aproximadamente 12 mil litros de água misturada com produto químico foram retirados pelos caminhões-bomba. A medida foi realizada para evitar que a contaminação se espalhasse para o restante do parque. "O lago está sendo monitorado e não foi registrada mortandade de peixes no local até o momento", afirma a Secretaria de Meio Ambiente.
Saae retira produto químico despejado em lago no Campolim. Crédito da foto: Fábio Rogério (08/01/2021)
Três casos
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) foi acionada e recolheu amostras do produto para análise. Por conta das características visuais e o odor, a principal hipótese é de que se trata da mesma substância das outras duas ocorrências registradas na cidade em dezembro (uma no parque São Carlos e outra no lago do Campolim). As análises realizadas apontaram que o material desses casos mostrava uma uma alta concentração química, com teores acentuados de graxas e óleos.
A cidade registra três ocorrências de contaminação por conta de lançamentos irregulares de produto químico desde o dia 4 de dezembro, quando o primeiro caso aconteceu no Jardim São Carlos. Na ocasião, moradores chegaram a passal mal com o forte cheio, que se espalhou pelo córrego da Água Vermelha até chegar no Jardim Paulistano, na região do Parque Romeu Osório Pires, e no Jardim Faculdade, próximo a Avenida Barão de Tatuí.
Uma semana depois, em 10 de dezembro, uma extensa mancha de produto químico cobriu mais da metade da água do lago do parque no Campolim. Por conta da contaminação, 350 quilos de peixes mortos foram retirados do lago. Uma das suspeitas é de que um caminhão tenha sido utilizado para jogar o produto químico em uma boca-de-lobo na Rodovia Raposo Tavares, próximo a região do Campolim. A rede é responsável por escoar a água da chuva e, por isso, é direcionada até o lago no parque do Campolim. Durante a manhã, manchas escuras foram encontradas próximo a saída de água no lago.
A Polícia Civil investiga o caso no Campolim. O Ministério Público de São Paulo instaurou na quinta-feira (7) um inquérito civil para apurar os casos de descartes clandestinos de produtos químicos no lago do Campolim e no córrego da Água Vermelha. A investigação da promotoria de justiça do Meio Ambiente busca identificar a responsabilidade civil e indenização do dano material causado pela poluição. A portaria que oficializa a abertura do inquérito pede informações sobre o caso para o Saae, Prefeitura de Sorocaba, Cetesb e a Polícia Civil. O prazo para resposta é de 30 dias após as notificações. (Jomar Bellini)