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Mercado imobiliário de Sorocaba reaquece em plena pandemia

11 de Agosto de 2020 às 00:01

Mercado imobiliário de Sorocaba reaquece em plena pandemia À esquerda, o Mirai Patriani, empreendimento da construtora Patriani; à direita, o edifício JR São Paulo, empreendimento da JJ Reis. Crédito da fotos: Divulgação

A pandemia do novo coronavírus afetou negativamente diversos setores da economia, mas para um deles, pelo menos, os efeitos estão sendo opostos. Especialistas do mercado imobiliário de Sorocaba apontam para reaquecimento na área, o que gera otimismo para os resultados do segundo semestre do ano.

A interrupção de serviços e as exigências de isolamento social provocadas pelo avanço da Covid-19 causaram, inicialmente, dúvidas nos profissionais.

Conforme o diretor da Regional Sorocaba do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), Guido Cussiol Neto, antes da pandemia, o mercado já apontava uma melhora na comparação com 2019.

Mercado inseguro e de expectativa

Mas a disseminação do coronavírus trouxe uma insegurança que, depois, se transformou em boas expectativas. “As taxas de inflação e de juros mais baixas já sinalizavam uma recuperação do mercado no segundo semestre do ano passado. E, até mesmo, no primeiro trimestre de 2020. No início, ninguém tinha como mensurar os impactos da pandemia, mas o mercado foi melhorando”, afirma.

Esse cenário de dúvidas, no entanto, durou pouco, de acordo com Gália Andreazza, gerente comercial da construtora Silva Campos -- que tem dois lançamentos programados para esse ano. “Foram dois meses de incertezas, porém, em seguida, já houve sinais de um reaquecimento forte, o que deixa o mercado motivado”, diz.

Quem também relata uma surpresa com o reaquecimento do setor apesar da pandemia é o diretor comercial da Magnum Construtora, Carlos Eduardo Puerta Pirani, que destaca a confiança nos resultados dos próximos meses.

Imóveis respondem bem

“A situação é favorável tanto para produtos financiados quando para aqueles de padrão mais elevado. Apesar da insegurança do início, vemos que o mercado está respondendo bem e que deve se manter assim até o final de 2020. Por isso, mantivemos três lançamentos para esse período”, frisa.

Depois de adiar o lançamento de um empreendimento na cidade, antes planejado para o primeiro semestre, Bruno Patriani, presidente da Construtora Patriani, confirma a entrega do edifício de apartamentos para setembro. “Após a surpresa no cenário, resolvemos apostar nisso e demos sinal verde para o lançamento”, revela.

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Para Ricardo Guimarães, presidente da Construtora Planeta, que manteve os trabalhos para três lançamentos no segundo semestre, o otimismo do mercado ganhou força no mês de julho. “Tradicionalmente, o setor é o último a reagir na crise. Vinhamos de um represamento de cinco anos e de uma retomada em 2019. Com a pandemia, esperávamos uma melhora para o fim do ano, mas nos surpreendemos com a antecipação, especialmente com o ‘boom’ de julho”, pontua.

Outra visão imobiliária

Júlio Reis, diretor da Construtora e Incorporadora JJ Reis, que já lançou a segunda fase de um empreendimento e tem outros dois para o segundo semestre, afirma que a mudança de visão das pessoas em relação aos investimentos é um dos fatores que explica esse movimento. “As aplicações financeiras passaram a ser um negócio ruim e houve um fortalecimento da percepção sobre a valorização do valor de imóvel e da locação”, esclarece.

Dados específicos sobre o mercado de imóveis de 2020 devem ser divulgados em outubro, no Estudo de Mercado Imobiliário, realizado pelo Departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP.

Juros baixos explicam aumento de procura

A baixa da taxa básica de juros, a Selic, que está em 2%, o menor patamar desde 1999, é apontada pelos profissionais da área como um dos fatores fundamentais para explicar a reação do mercado imobiliário em plena pandemia. “Essa questão estrutural dos juros animou e proporcionou um aumento de cacife. Agora, as pessoas podem diminuir os valores das parcelas ou comprar imóveis acima das possibilidades anteriores”, pontua o presidente da Construtora Planeta, Ricardo Guimarães.

“Os bancos não têm mais investidores que vivem de renda. Por conta disso, as pessoas estão colocando o dinheiro para trabalhar e investem em vários setores, sendo um deles o mercado imobiliário”, completa o diretor da Regional Sorocaba do Secovi-SP, Guido Cussiol Neto, que acredita ser precoce cravar uma estimativa numérica para esse reaquecimento.

De acordo com Marcelo Ortega, diretor da imobiliária Mendes Ortega, além dos juros mais baixos, que aumentaram em 30% a procura por financiamentos nos últimos dois meses, a preferência por investimentos em imóveis e o fato de as construtoras não terem paralisado as atividades durante a pandemia são responsáveis pelo reaquecimento. “A expectativa para o segundo semestre é grande. O mercado imobiliário vai ser a bola da vez”, afirma.

Mudança de paradigma

A rotina da pandemia vem provocando mudanças nas percepções dos clientes sobre as próprias necessidades. Uma delas está relacionada à importância da estrutura residencial no dia a dia. Para gerente comercial da Silva Campos, Gália Andreazza, “as pessoas estão passando mais tempo em casa, o que mudou paradigmas de convivência e fortaleceu a ideia de que casas precisam ser lugares agradáveis.”

O presidente da Construtora Patriani, Bruno Patriani, não acredita em uma mudança brusca do consumidor. Mas identifica uma valorização dos espaços internos para a rotina e, também, para o trabalho em casa. “A varanda gourmet nunca foi tão especial, mas, além disso, o home office fez as pessoas passarem a procurar um local adequado para as atividades profissionais”, diz.

Novos espaços

“As pessoas perceberam a necessidade de valorizar a casa, os clientes já chegam solicitando espaços como varanda gourmet e área de lazer. Até aqueles mais humildes estão correndo para ter o próprio espaço”, frisa Júlio Reis, diretor da Construtora e Incorporadora JJ Reis.

O movimento de pessoas em busca de moradias no interior para fugir da rotina das grandes cidades se intensificou nesse período. “Muita gente procura uma qualidade de vida melhor, mesmo que isso signifique mudar para apartamentos menores”, conta o diretor comercial da Magnum Construtora, Carlos Eduardo Puerta Pirani.

Ferramentas

Com a demanda por imóveis reaquecida, as construtoras e imobiliárias tiveram que intensificar o uso das ferramentas tecnológicas para atender aos clientes nesse período. “Já usávamos diversos recursos, mas tivemos que potencializar os investimentos em fotos 360 graus e vídeos dos imóveis para os interessados. Os corretores também mudaram as operações e, agora, o celular é uma ferramenta muito mais usada para fazer um atendimento personalizado ao cliente”, destaca Cussiol Neto, que também é diretor da Casabranca Imóveis.

Segundo o diretor da Mendes Ortega, adaptações precisaram ser feitas para atender os clientes. “Nos dois primeiros meses da pandemia, suspendemos as visitas aos imóveis. Mas, é difícil o cliente não querer ver antes de comprar e, por isso, passamos a fazer uma seleção virtual de opções, com fotos e vídeos. Depois, uma pessoa da família vai ao local, com todos os cuidados de higiene, e o corretor espera do lado de fora”, explica. (Erick Rodrigues)

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