Livros que estavam na Arena vão para local ‘secreto’
Mais de um milhão de livros adquiridos pela administração municipal passada custaram cerca de R$ 29 milhões. Crédito da foto: Reprodução
As centenas de milhares de livros, comprados em 2020 pela Secretaria de Educação de Sorocaba (Sedu), e que estão armazenados na Arena Multiúso, serão retirados do local até amanhã. Eles serão armazenados em local que não será revelado por motivo de segurança. A informação é da Sedu e foi confirmada ontem.
A pasta confirmou que são mais de “um milhão livros, adquiridos pela gestão passada e que custaram aproximadamente R$ 29 milhões”. O material foi alvo de polêmica durante o final se semana e o caso é investigado pela Corregedoria-Geral do Município (CGM). O conteúdo, que seria destinado para alunos do ensino fundamental foi tachado como inapropriado para a faixa etária de estudantes aos quais o material era destinado.
“A Prefeitura de Sorocaba prevê, para esta quarta-feira (20), a retirada dos livros que estão empilhados na Arena Multiúso. Eles serão levados para um próprio da Secretaria da Educação e esse local não será revelado como forma de resguardar o material contra possíveis ocorrências criminosas”, diz nota da Secretaria de Comunicação (Secom).
Comissão
Questionado sobre a definição de datas e depoentes, a CGM apenas informou que não é possível estimar um prazo para conclusão do caso, pois a apuração está em andamento. “Num segundo momento, a Corregedoria ainda solicitará pareces técnicos da Secretaria da Educação (Sedu), referente à avaliação destes livros”, acrescentou. No sábado (17), em material do Executivo divulgado para a imprensa, havia a informação de que seria formada uma comissão para avaliar o material e decidir se ele deverá ou não ser usado na rede. A avaliação dos itens ainda não ocorreu.
Ex-secretário comenta
A ex-prefeita Jaqueline Coutinho (PSL) voltou a tratar assunto, na segunda-feira (18), em uma rede social. Ela apresentou esclarecimentos do ex-secretário de Educação, Wanderley Acca. “Trata-se de um projeto intitulado ‘Leitura em Rede‘, cujo objetivo é levar o educando a interpretar sua realidade, compreendê-la, redigir e atuar sobre ela. A exemplo do Japão e diversos países da Europa e Estados Unidos, cada sala de aula deve ter sua própria biblioteca, propiciando leituras mediadas pelo professor, em consenso com os pais”, diz Acca.
“O livro didático é um instrumento de fundamental contribuição para a prevenção de abuso sexual infantil que, muitas vezes, dá-se dentro da própria família”, diz em outro trecho, “Os livros em questão foram comprados do Fundo de Desenvolvimento da Educação (FDE), órgão governamental que dispõe de equipes pedagógicas, as quais procedem à análise técnica das obras, antes de incluí-las em listagens adequadas ao tratamento dos temas transversais, entre os quais se inclui a educação sexual”, continua.
“Creio o prefeito deveria se inteirar do conjunto da obra, e não simplesmente apresentar trechos que podem deturpar seu conteúdo e conduzir a interpretações equivocadas. Coloco à sua disposição o detalhamento do Projeto ‘Leitura em Rede’, a maior iniciativa do gênero nessa área, jamais implementado em Sorocaba. Importante frisar que esse investimento na educação dos alunos da Rede Municipal (65.000, da creche ao ensino fundamental Il) representou menos de 5% do orçamento da Sedu. Infelizmente, o gasto em livros, para alguns setores de nossa sociedade, ainda é considerado um desperdício”, conclui o texto.
Durante a final de semana, Jaqueline Coutinho já havia defendido a legalidade da compra, que teria amparo do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP). (Marcel Scinocca)