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Incêndio em pás eólicas ameaça manancial de Sorocaba

14 de Agosto de 2019 às 07:47
Marcel Scinocca [email protected]

Estimativa é de que 14 pás, de cerca de 13 toneladas cada, tenham sido queimadas. Foto: Marcel Scinocca

O incêndio que ainda apresenta pequenos focos e que atinge pás eólicas em um terreno onde operou a empresa Tecsis, no Distrito Industrial de Sorocaba, pode estar representando risco a área de manancial que abastece a represa do Ferraz. O local é responsável pelo abastecimento de água da região do Éden e do Cajuru. As informações são do secretário de Meio Ambiente, Maurício Mota, que esteve no local nesta terça-feira (13), juntamente com o presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, vereador João Donizeti (PSDB). A Polícia Militar também esteve no local.

De acordo com o secretário, a situação é preocupante. “A gente tem o receio de que isso possa causar algum problema para a saúde da população, especialmente nessa época do ano que o clima é muito seco e não chove, ainda mais levando em consideração a poluição oriunda de material tipo epoxi e resinas de vidro, essa situação pode ser agravada”, diz.

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“Além disso, o resíduo após a queima, a fuligem, está concentrada no solo e essa região é muito próxima da represa de abastecimento de água. Isso pode agravar e tornar em um perigo para essa água e nós são sabemos a dimensão que isso pode ocasionar. É uma cena que nos causa muitas preocupações”, comenta. Nos últimos dias, ocorreram diversas reclamações sobre o cheiro forte provocado pela queima, em especial na região do Éden.

Secretário do Meio Ambiente e vereador classificam situação como “preocupante”. Foto: Marcel Scinocca

Autuação e notificação

Ainda conforme Mota, estão sendo tomadas as medidas para que a empresa seja autuada, além de ser notificada para que retire o material no local. Mota também informou que será verificado se a empresa tinha licença para estocar o material no terreno. O incêndio começou no dia 7 de agosto e a estimativa é de que 14 pás, de cerca de 13 toneladas cada, tenham sido queimadas desde então. A Sema informou que a Tecsis também foi multada por duas vezes devido aos incêndios registrados no local.

Já o vereador João Donizeti fala em desrespeito com a saúde pública. “É muito preocupante e uma imagem muito negativa, especialmente porque esse incêndio está ocorrendo ao lado do córrego do Ferraz e ao lado da Estação de Tratamento de Água do Éden, que abastece uma população de mais de 100 mil habitantes”, avalia. “Há a possibilidade de que muito mais pás dessas peguem fogo”, lembra.

O incêndio começou no dia 7 de agosto e espalhou muita fumaça na região do Éden. Crédito da foto: Emídio Marques

O parlamentar também disse que está enviando ofícios para várias instituições, incluindo Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daae). “Essas pás nem deveriam estar depositadas aqui. Esse material já está depositado irregularmente aqui e precisa ocorrer alguma medida legal urgente para a retirada”, termina.

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Sorocaba (Saae) foi questionado após a vistoria sobre como tem acompanhando a situação, quando foi feita a última análise de água no local para o abastecimento e se há riscos de contaminação. Por meio da Secretaria de Comunicação e Eventos (Secom), houve a alegação de que não havia condições de se responder os questionamentos devido a hora do envio. Vale frisar que a visita ao local foi iniciada ontem, por volta das 16h50.

Ninguém da Tecsis foi localizado para comentar o caso.

Histórico

O cemitério de pás foi tema de reportagem do Cruzeiro Sul em setembro de 2018. A área foi usada pela Tecsis na primeira fase em que a empresa operou em Sorocaba, até maio de 2017, e fica próxima da avenida Conde Zeppelin, entre os bairros Éden e Aparecidinha. Quando publicada a reportagem, a estimativa é que restavam nos terrenos quantidades que ultrapassavam 1300 toneladas, ou mais de 1,3 milhão de quilos dos itens, isso considerando os objetos com 13 toneladas cada. Haviam pás depositas inteiras e em pedaços, parte próxima de rede de alta tensão.

O incêndio do dia 7 de agosto é o segundo já registrado, em novembro do ano passado outro incêndio na vegetação foi registrado na área onde estão armazenados os materiais. O MP também investiga o caso. A Cetesb já esteve no local ao menos três vezes após a publicação da reportagem.

A estimativa é que restaram nos terrenos quantidades que ultrapassam 1.300 toneladas. Foto: Erick Pinheiro / Arquivo JCS

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