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Justiça argentina investiga se houve negligência na morte de Maradona

28 de Novembro de 2020 às 10:25

Diego Maradona foi técnico da seleção argentina na Copa do Mundo de 2010. Crédito da Foto: SIMON / AFP

A justiça argentina investiga se houve negligência em torno da morte do ícone mundial Diego Maradona. Segundo comunicado divulgado nessa sexta-feira (27), os procuradores buscam determinar se o astro recebeu os cuidados necessários e quais foram as circunstâncias de suas últimas horas.

Poucas horas depois de sua morte, Matías Morla, advogado e amigo de Maradona, denunciou na quinta-feira (26) "que a ambulância demorou mais de meia hora para chegar à casa onde estava o [camisa] 10". Por isso, ele avisou que irá "até o fim" para esclarecer o ocorrido. Mas nem Morla, nem um parente do ídolo argentino, foi à Justiça em busca de esclarecimentos até agora, garantiu uma fonte judicial à AFP. “Já existem irregularidades”, revelou à AFP uma pessoa próxima à família.

“A investigação foi iniciada porque é uma pessoa que faleceu em casa e ninguém assinou a certidão de óbito. Não quer dizer que haja suspeitas de irregularidades, mas é isso que está sendo apurado”, disse a fonte, que pediu anonimato.

O campeão do mundo na Copa de 1986 no México morreu na quarta-feira aos 60 anos devido a um "edema agudo de pulmão e insuficiência cardíaca crônica". Maradona estava em casa, em um condomínio privado da cidade de Tigre (30 km ao norte de Buenos Aires), onde residia desde 11 de novembro, após ter recebido alta da clínica onde havia sido operado de um hematoma na cabeça seis dias antes.

A localização da casa onde Maradona fazia a reabilitação foi escolhida para que o ídolo ficasse perto das filhas. Após a cirurgia, a recuperação estava indo bem, segundo seu médico. A saúde de Maradona, porém, era precária devido aos antecedentes cardíacos. Ele passava por uma abstinência de álcool, que costumava misturar com os muitos medicamentos prescritos que tomava.

Na quinta-feira, uma multidão compareceu ao velório do ídolo na sede do governo argentino, a Casa Rosada, mas a cerimônia não durou o suficiente para que todos os admiradores de Maradona pudessem se despedir do ídolo, o que provocou incidentes nas ruas da capital.

Investigação

A Procuradoria Geral da República de San Isidro aguarda o resultado dos testes toxicológicos no corpo de Maradona. No âmbito da investigação em que trabalham três procuradores, foram solicitados seus prontuários médicos e os das câmeras do bairro onde morou seus últimos dias.

A procuradoria já deu início ao interrogatório. “Ficou estabelecido que (uma enfermeira encarregada de cuidar de Maradona) teria sido a última pessoa a vê-lo com vida por volta das 6h30 da manhã (quarta-feira), no horário da troca da guarda”, informou em comunicado a procuradoria.

Em depoimento prestado na quinta-feira, a enfermeira “referiu-se a tê-lo encontrado (Maradona) descansando em sua cama, garantindo que dormia e respirava normalmente”. Até esta declaração, acreditava-se que a última pessoa que o tinha visto com vida teria sido seu sobrinho Johnny Herrera, às 23h30 da terça-feira, de acordo com seu depoimento. Ou seja, quase 12 horas antes de sua morte.  (AFP)