Após anunciarem greve, os vigias das escolas municipais de Sorocaba dizem estar sofrendo ameaça de demissão da SM Service Terceirizados Ltda. Uma planilha, com nomes de funcionários que aderiram à paralisação, teria sido enviada a um grupo de WhatsApp dos vigilantes. O nome do documento foi salvo como “mandar embora prefeitura”. Além disso, telegramas comunicando o desligamento por justa causa também teriam sido encaminhados a alguns trabalhadores.

Cerca de 85% dos profissionais não estariam comparecendo ao posto de trabalho desde o dia 29 de julho, como forma de protesto à falta de pagamento de salários e benefícios. De acordo com relatos de vigias que optaram por não ter suas identidades reveladas, o salário do mês passado foi depositado entre os dias 27 e 28. Por outro lado, o vale-refeição e o vale-transporte ainda não foram pagos.

Segundo outro trabalhador, um dos coordenadores da SM Service chegou a afirmar que os vigias queriam “derrubar a empresa”. “Nosso pagamento em atraso e quando a gente cobrava no grupo do WhatsApp, ele vinha com versículos bíblicos. Atestado médico vem como falta desde o início do contrato. Não estão pagando ninguém que saiu, não pagaram nossos benefícios e ainda estão contratando mais pessoas. A Prefeitura diz que não tem greve, mas duas unidades foram invadidas nesta semana justamente porque estão sem vigias”, disse.

Em imagens enviadas ao jornal Cruzeiro do Sul, é possível ver o número da empresa enviando a “planilha da demissão” no grupo. Minutos depois, a mensagem foi apagada. A reportagem entrou em contato com a SM Service pelo mesmo telefone que consta nos prints. Inicialmente, a empresa alegou que a situação não procedia. Em seguida, disse que o telegrama foi enviado apenas aos funcionários “que estão faltando sem justificativa”. Já sobre o documento com os nomes dos vigias, a empresa disse que se tratava de um controle de faltas, ainda que o nome do arquivo remeta a demissão.

“Todos os pagamentos 100% estão pagos e temos os comprovantes. O que está em atraso é a questão dos benefícios, que tínhamos até dia 22 de julho para pagamento, pois antes disso estava dentro do prazo. Em um ano meio de prestação de serviço, nunca havia sido atrasado nada. Pelo contrário, sempre foram pagos com antecedência. Tem vigias que nos ameaçam diariamente, tem supervisor que até boletim de ocorrência já fez pois, eles vão nas nossas casas, rede social. Somos funcionários como eles e estamos aqui para trabalhar”, alegou um representante da empresa.

O jornal solicitou cópia do boletim de ocorrência que o supervisor disse ter registrado, mas nenhum documento que comprovasse o caso foi enviado até o fechamento desta edição. A Prefeitura de Sorocaba negou a existência de greve de vigias na rede municipal de ensino. “O que acontece com os vigias é a situação da empresa responsável pelos serviços. A Prefeitura está tomando todas as providências administrativas e legais cabíveis, para que os pagamentos da empresa responsável continuem sendo feitos devidamente aos trabalhadores, como já vem acontecendo”, finalizou. (Wilma Antunes)