Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que uma jovem de 25 anos é agredida pelo ex-marido, de 33 anos, em frente ao condomínio onde mora com a mãe, no Jardim Europa, zona sul de Sorocaba. O caso ocorreu na última quinta-feira (29), por volta das 22h30.

Pela imagem, gravada pelo sistema de videomonitoramento do prédio, é possível ver a vítima saindo de um veículo. Em seguida, o ex-marido aparece e puxa a mulher pelo cabelo. Ele tenta, ainda, se aproximar do veículo, mas o motorista dá a partida, a pedido da vítima.

A jovem foge em direção à portaria do prédio e o ex-marido corre em sua direção e volta a agredi-la. Segundos depois, o porteiro aparece e vai em direção aos dois. O homem chuta a vítima e vai embora. Assista ao vídeo:

Ao Cruzeiro do Sul, a vítima conta que a agressão ocorreu porque o ex-marido não aceita o término do casamento, que durou sete anos. “Já faz sete meses que nos separamos. Desde então, nós não tivemos mais contato e eu não dei esperanças de que voltaríamos”, diz a jovem.

Ela conta que aproveitou que o ex-marido estava com os dois filhos do casal, um de cinco e outro de um ano e nove meses, e saiu para ir à farmácia.

Na rotina de visitas, os filhos eram entregues à mãe da vítima, sempre do lado de fora do condomínio. Nesse dia, o ex-marido aproveitou quando um veículo abriu o portão e entrou com as crianças sem que a portaria percebesse.

“Minha mãe se assustou quando ele bateu na porta do apartamento. Ele viu que eu não estava lá, deixou as crianças e ficou do lado de fora do prédio esperando eu chegar. Quando eu cheguei e desci do carro, ele já veio para cima de mim. Como o portão do prédio estava fechado eu fiquei encurralada entre o portão e ele, aí ele bateu em mim e foi embora”, diz.

Ela revelou, ainda, que essa não foi a primeira vez que sofreu agressão do ex-marido. Segundo ela, quando estavam casados, durante uma briga, ele deu um soco, quando ela estava com o filho, ainda bebê, no colo.

“Quando aconteceu de novo, eu abandonei tudo e decidi ir embora. Depois que nos separamos, essa foi a primeira vez que ele me agrediu, só que eu já vinha sofrendo ameaças. Ele me mandava mensagens de texto e ligava. Durante sete meses, ele nunca me deu paz e sempre dava um jeito de me ameaçar”, lamenta a jovem.

As ameaças teriam chegado, inclusive, aos colegas de trabalho. “Ele já ameaçou ir até o meu trabalho e até ameaçou as minhas colegas, envolveu até o nome do meu patrão. Ele falava que tem ódio de mim, que isso tudo que está acontecendo na vida dele é culpa minha, que ele tem vontade de raspar o meu rosto no asfalto e que a vontade dele é de me matar”, detalha.

Além da violência física vivida pela vítima, ela conta que o ex-marido pratica alienação parental, que é a interferência psicológica na criança ou adolescente, promovida por um dos genitores ou quem detenha a guarda, que prejudique a formação dos laços afetivos com a outra parte genitora ou seus familiares.

“Ele aproveita a proximidade com os nossos filhos para me atingir de alguma forma. Ele usa muito as crianças, principalmente nosso filho de 5 anos. Ele fala para o nosso filho que eu vou levar eles para morar com outro homem, que eu traí ele, e me ameaça na frente das crianças”, conta a mulher.

Medida protetiva

No dia seguinte à agressão, a jovem registrou o boletim de ocorrência contra o ex-marido, realizou exame de corpo de delito e pediu medida protetiva contra ele, que foi concedida no sábado (2).

De acordo com a decisão da juíza Daniela Bortoliero Ventrise, o ex-marido está proibido de aproximar-se da jovem ou de entrar em contato com ela por meio de qualquer meio de comunicação. Ele deverá, também, manter distância da vítima, sob pena de prisão preventiva.

Depois do dia da agressão em frente ao prédio em que mora, a vítima voltou a ser procurada pelo ex-marido. “Ele apareceu duas vezes, falou que não tem medo porque está em paz, que ele sabe que não fez nada demais e que não tem medo de polícia. Disse também que vai provar que não fez nada demais e que eu estou errada”.

Por fim, a jovem desabafa e diz que quer paz em sua vida. “Eu cansei, quero viver a minha vida, nunca dei esperança de voltar. Eu já não sabia mais o que fazer, então decidi expor o vídeo. A partir de agora, espero que ele me dê paz e que, principalmente, pague pelo que fez, porque não tem justificativa. Quero viver a minha vida, ser feliz, levar meus sonhos adiante e viver sem medo”, finaliza.

Questionada, a Delegacia de Defesa da Mulher de Sorocaba (DDM) informou que foi instaurado inquérito policial para apuração dos fatos. (Da redação)