Editorial
Varejo em expansão
Para a economia, novas empresas do segmento geram emprego e maior arrecadação de impostos
Foi-se o tempo em que as cidades do interior eram sinônimo de marasmo e estagnação.
As dificuldades de transporte e comunicação davam uma sensação de isolamento e quando se precisava de algo especial era famosa a resposta: de que precisava encomendar na capital e demoraria alguns dias para chegar.
O comércio varejista expandiu-se enormemente em Sorocaba e cidades da região nas últimas décadas, deixando para trás a época de falta de variedade, marcas e produtos mais sofisticados que eram anunciados nas rádios, TVs, revistas e jornais.
Atualmente, Sorocaba tem a maioria das franquias de comércio e serviços oferecidas no mercado brasileiro.
A cidade recebeu, e continua a receber, uma avalanche de supermercados e atacarejos.
São novas redes ou novas unidades das que já estão instaladas, o que mostra que o desempenho de vendas impulsiona mais investimentos a fim de suprir o mercado regional.
Nos últimos 12 meses, foi pelo menos uma dezena de grandes lojas inaugurada ou anunciada no município.
Reportagem publicada pelo Cruzeiro do Sul no dia 24 de setembro faz um panorama da explosão de novos supermercados e atacarejos em Sorocaba.
Os consumidores ouvidos disseram que “quanto mais melhor”, pois com o aumento da concorrência a tendência é de competitividade nos preços, variedade de itens e qualidade no atendimento.
Alguns supermercados, que contam com restaurantes e lanchonetes, promovem inclusive música ao vivo aos finais de semana, como atrativo aos clientes.
Para a economia, novas empresas do segmento geram emprego e maior arrecadação de impostos, servindo para alavancar indiretamente outros empreendimentos menores, como pequenos comércios nas imediações.
Em 2022, o segmento registrou faturamento de R$ 695,7 bilhões no Brasil e R$ 208 bilhões em São Paulo, conforme levantamento divulgado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas).
Os estabelecimentos contribuíram também com a arrecadação de aproximadamente 4,5% do ICMS do Estado de São Paulo, de acordo com a entidade.
Pode-se pensar que a inauguração de uma grande quantidade de supermercados em Sorocaba esteja chegando ao limite, com risco de saturação.
É claro que, como todo negócio de varejo, segue as regras da concorrência.
Porém, devido às taxas de crescimento que a cidade apresenta, são o sinal de que, assim como em outros setores, servem de termômetro para o potencial de aceleração da economia local nos próximos anos.
Além disso, há o fator regional: correntes de consumidores de outros municípios visitam a cidade com frequência e aproveitam para fazer suas compras.
Há também os que vêm a Sorocaba para trabalho ou estudo e utilizam o comércio e atividades culturais e de lazer.
A distância relativamente pequena entre cidades ao redor facilita esse fluxo.
Ou seja, são muitos que diariamente circulam por rodovias e avenidas locais, vindos de municípios vizinhos.
Os números indicam, sem dúvida, que a Região Metropolitana de Sorocaba já triangula com a Região Metropolitana de São Paulo e a Região Metropolitana de Campinas como principais polos de novos investimentos no Estado.
O último censo do IBGE mostrou que Sorocaba contava em 2022 com 723 mil habitantes, mais populosa do que nove das 26 capitais brasileiras.
Os novos empreendimentos comerciais e habitacionais propulsionam um ciclo que traz benefícios econômicos e sociais, mas, como toda expansão, requer cuidados.
É fundamental suprir as necessidades que serão cobradas mais tarde, com juros e correção, se não forem implementadas agora.
Essas necessidades têm a ver, principalmente, com o desenvolvimento urbano sustentável, preservando o equilíbrio com o meio ambiente e a qualidade de vida.
Saneamento básico, melhoria de serviços públicos, programas habitacionais eficientes e fluidez no trânsito apresentam-se como políticas públicas essenciais, que andam de mãos dadas com a atração de investimentos empresariais.