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Uniso: pesquisa investiga relação entre beleza feminina e realização pessoal

07 de Dezembro de 2018 às 16:05

A professora Walkiria Firmo Ferraz, no laboratório do curso de graduação em Estética e Cosmética da Uniso Foto: Paulo Ribeiro/Uniso

Texto: Guilherme Profeta

Depois de mais de vinte anos de atuação no mercado da beleza feminina, a professora Walkiria Firmo Ferraz, da Graduação em Estética e Cosmética da Universidade de Sorocaba (Uniso), ainda sentia um desconforto: a percepção de que, mesmo atualmente, muitas mulheres a abordam motivadas por influência das mídias.

“Nós, mulheres do século XXI, vivemos hoje o efeito das conquistas alcançadas através dos tempos: o reconhecimento de nosso papel na sociedade como mais do que cuidadoras — ou mesmo procriadoras. Do período pós-pílula à conquista de espaços no campo profissional, nós ampliamos nossas possibilidades de exercer a cidadania. Contudo, o nosso gênero ainda parece conviver com outro tipo de amarra: a cobrança, da sociedade e de si mesma, de se adequar a um padrão de beleza que é sugerido e reforçado diuturnamente pela mídia, em especial pelas revistas femininas”, afirma Ferraz.

A pesquisadora reconhece que os homens, hoje mais do que antigamente, também são cobrados por cuidados relacionados à aparência, mas enfatiza: “tal cobrança está longe de se equiparar às exigências feitas ao gênero feminino. Em parte, o crédito pela manutenção dessa desigualdade pode ser atribuído à indústria cosmética, que tem na mulher sua maior consumidora, por meio da promessa de uma jovialidade adquirida com o uso dos produtos cada vez mais poderosos e eficazes.”

Para lidar com esse desconforto e entender esse fenômeno do ponto de vista das práticas socioculturais, ela optou por analisar em sua pesquisa de mestrado, defendida em abril de 2016 no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Uniso, a forma como são estruturadas as entrevistas com celebridades numa relevante revista feminina brasileira. O objetivo, conforme explica, foi lançar luz à relação entre beleza e relação pessoal que publicações desse tipo parecem disseminar. Para isso, conduziu uma análise qualitativa de entrevistas publicadas entre julho e dezembro de 2015.

“Pensando-se na realização pessoal da mulher como um conjunto de vários fatores — como, por exemplo, carreira profissional, maternidade e beleza —, nota-se que a contemporaneidade redistribuiu os graus de prioridades desses fatores. Num momento em que o gênero acumula funções e precisa priorizar seus papéis, a beleza pode sim ser compreendida como uma conquista necessária para a autorrealização”, defende a pesquisadora, acrescentando que, na construção da identidade da mulher contemporânea, as revistas prescrevem “receitas” para que as leitoras possam se aproximar de determinados ideais, muitas vezes inalcançáveis, que são representados pelas celebridades.

“Ainda que a mídia impressa tenha perdido leitores nos últimos tempos, as redes sociais multiplicam e amplificam discursos. Ocorre que as próprias revistas femininas se inserem nas mídias sociais, com suas publicações digitais e debates, e podem continuar a influenciar as mulheres em suas escolhas e percepções. A grande diferença, na minha opinião, é quão críticas as leitoras de hoje conseguem ser. Isso é não só importante, mas essencial”, conclui.

 

Texto elaborado com base na dissertação “Beleza feminina e realização pessoal: uma análise comunicacional na revista Claudia”, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (Uniso), com orientação da professora doutora Tarcyanie Cajueiro Santos e aprovada em 20 de abril de 2016.

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