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Editorial

Um balde de água fria na CPI do MST

A CPI tem escancarado o lado sombrio do MST e de suas dissidências, mostrando que a intenção maior do grupo é fazer política

10 de Agosto de 2023 às 23:52
Cruzeiro do Sul [email protected]
Presidente da Câmara, Arthur Lira, conversa com o presidente Lula
Presidente da Câmara, Arthur Lira, conversa com o presidente Lula (Crédito: SERGIO LIMA / AFP)

A Comissão Parlamentar de Inquérito do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra está provocando mais estragos do que esperava o governo federal.

Os deputados escolhidos para fazer parte da investigação começaram a tocar em feridas profundas e a desmistificar boa parte do discurso sempre utilizado pela esquerda para defender esse tipo de movimento social.

A falta de escrúpulos de alguns dos homens que comandam as invasões de terra e ocupações sempre foi pública e notória, mas acabava sempre protegida por parte da mídia que defende a reforma agrária a qualquer custo, sem se importar com o direito à propriedade previsto na Constituição.

A CPI tem escancarado o lado sombrio do MST e de suas dissidências, mostrando que a intenção maior do grupo é fazer política e não resolver o problema de milhares de famílias que precisam de um terreno para plantar.

Os depoimentos colhidos pelos deputados tiveram tal força que o governo começou a se desesperar e usar todo o poder dos cofres públicos para estancar a sangria provocada pelas verdades ditas, e transmitidas ao vivo para todo país, em pleno Congresso Nacional.

O primeiro passo foi fechar um acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira, garantindo o cancelamento do depoimento do ministro da Casa Civil, Rui Costa, após ele ter sido convocado para comparecer à CPI.

Arthur Lira usou uma série de argumentos técnicos para contrariar a decisão da maioria dos deputados que fazem parte da investigação.

O trator passou sem piedade e destruiu a chance de se colher informações importantes sobre o Movimento Sem Terra na Bahia, Estado que Costa governou por dois mandatos seguidos.

A Bahia vive, atualmente, uma das maiores tensões agrárias do país e a lei não tem sido muito respeitada no Estado. A situação grave que se enfrenta por lá foi denunciada na CPI por uma ex-integrante do Acampamento São João.

Vanuza dos Santos de Souza fez várias acusações ao MST e contou que o movimento chegou a expulsá-la da própria casa no assentamento por não concordar com orientações e direcionamentos defendidos pelas
lideranças sem-terra. Ela também citou que os moradores do local sofreram muita pressão política nas últimas eleições.

‘Eu tive coragem de estar aqui não para difamar o movimento, e sim pela minha honra e pela minha
honestidade. Eu só queria ser dona de mim. Eu só queria ter o direito de ir e voltar. Eu só queria ter o direito de dizer ’eu não aceito essa decisão do MST’ porque vai de encontro com princípios de direitos humanos e constitucionais‘, disse Vanusa durante o depoimento à CPI.

A fala sincera e emotiva da agricultora provocou fortes reações em toda a sociedade. Ao revelar o que de fato acontece nos acampamentos, Vanusa expôs toda a manipulação que existe no seio de muitos movimentos sociais.

Com receio de que outras vozes se levantassem para denunciar o MST, o governo iniciou uma verdadeira operação abafa para conter os avanços da investigação comandada pela CPI.

Para atrapalhar e controlar o processo no plenário da CPI, o governo recorreu aos partidos ligados ao Centrão, com quem negocia cargos nos diversos escalões da administração pública. O pedido foi claro e sem rodeios. É hora de trocar os componentes da CPI por deputados que simpatizem mais com a situação.

A resposta foi imediata e pelo menos oito trocas já foram oficializadas. Partidos como o Republicanos, o União Brasil e o PP atenderam prontamente a solicitação de Lula. Toda a negociação foi coordenada pelo líder do governo, José Guimarães (PT-CE), aquele envolvido, anos atrás, no escândalo do dinheiro na cueca.

Esse conjunto de artimanhas para enfraquecer as investigações da CPI do MST, foi considerado um balde de água fria pelo relator da comissão, deputado Ricardo Salles.

Certo que daqui para frente vai ser impossível realizar uma investigação séria, como merece e exige a sociedade, ele já cogita encerrar os trabalhos no dia 14 de setembro.

A pressão política do governo Lula vai permitir, mais uma vez, a blindagem do Movimento Sem Terra. Milhares de agricultores pobres, espalhados pelo país, continuarão sendo usados como massa de manobra para defender retrógradas ideologias ligadas à reforma agrária.

O que o MST quer é garantir um exército silencioso que mostra a força de sua falsa revolução social e não resolver, efetivamente, a vida de quem precisa de uma área para plantar e produzir.