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Comunicação

Narrar a morte é comunicar, nas entrelinhas, a cultura

Pesquisadora da Uniso demonstra a potencialidade comunicacional desse tipo de narrativa e ajuda, inclusive, a indicar caminhos para alguns entraves contemporâneos como aqueles observados durante a pandemia de Covid-19

21 de Outubro de 2025 às 10:52
A professora Míriam Cristina Carlos Silva, responsável pela pesquisa sobre as narrativas de morte
A professora Míriam Cristina Carlos Silva, responsável pela pesquisa sobre as narrativas de morte (Crédito: Fernando Rezende)

Passava bem pouco das 7 horas da manhã de domingo. O frescor do dia de descanso podia ser percebido pelo silêncio que ainda se fazia audível ao redor. Por isso, a tela iluminada do celular, anunciando uma chamada de voz, não parecia um bom presságio. O nome de quem ligava era conhecido e fazia parte do cotidiano íntimo e, sim, a notícia era a de um fim esperado, mas mesmo assim difícil.

A cena poderia ser parte de inúmeras narrativas de pessoas que já perderam algum familiar ou amigo íntimo e, por isso mesmo, revela nossa relação próxima com a morte. Apesar de fazer parte da experiência das pessoas de forma geral, o tema se mostra como uma dificuldade, um incômodo e, por vezes, uma angústia. Foi justamente essa percepção que fez despertar o interesse e a atenção da professora doutora Míriam Cristina Carlos Silva, docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (PPGCC– Uniso), para o tema.

Em 2017, quando a professora Míriam Silva estava finalizando uma pesquisa sobre a produção de jornalismo participativo e popular no interior do Estado de São Paulo, ela decidiu que queria continuar estudando narrativas relacionadas aos mitos e à realidade fantástica. Isso porque, na pesquisa encerrada naquele ano, ela teve contato com a produção de um comunicador popular de Campina do Monte Alegre — munícipio que fica a 229 quilômetros da capital de São Paulo — chamado João da Filmadora. Entre as produções narrativas estudadas por Míriam Silva, havia histórias como a do saci preso num garrafão, a das galinhas que botavam ovos com ouro e a do tesouro enterrado no paredão do rio Paranapanema — curso de água que serve de divisa natural entre os estados de São Paulo e do Paraná. Essas histórias podem ser qualificadas como narrativas míticas e de realidade fantástica e passaram a ser de interesse da pesquisadora.

Para ler a íntegra da reportagem, acesse: https://abrir.link/Spvab 

Texto: Mara Rovida