Buscar no Cruzeiro

Buscar

Gênero

Estudos em jornalismo literário conduzidos no Brasil devem considerar questões de gênero, defende pesquisadora

Professora da Uniso comenta que dentro do jornalismo literário, muitas mulheres pioneiras e revolucionárias foram condenadas ao esquecimento

23 de Setembro de 2025 às 09:25
.
. (Crédito: Fernando Rezende)

Foi isso que percebeu a professora doutora Monica Martinez, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (Uniso). Essa impressão a levou a publicar um artigo a respeito na edição de agosto de 2020 da revista Literary Journalism Studies, da Associação Internacional para os Estudos em Jornalismo Literário (IALJS, na sigla em inglês), na qual ela atua como presidente do Comitê de Engajamento Global desde 2019.

“A história do jornalismo literário no Brasil vem sendo narrada predominantemente por vozes masculinas, o que sugere desigualdade e um possível viés de gênero. Há evidências substanciais de que as mulheres tiveram uma presença importante no jornalismo brasileiro do século XIX. Elas escreviam para jornais e revistas e pertenciam a diversos campos do conhecimento, classes sociais e regiões”, conta ela, no artigo. “No entanto, ignoradas por historiografias jornalísticas e literárias, a maioria dessas pioneiras — especialmente as revolucionárias que lutavam pelos direitos das mulheres — foram condenadas ao esquecimento.”

Atualmente, ainda que exista uma maior quantidade de mulheres trabalhando no jornalismo — até mais do que homens, dependendo do estudo que se esteja considerando —, estudos da última década apontam que as chefias ainda são predominantemente masculinas. Também é particularmente importante lembrar que a presença feminina não é um fenômeno exatamente novo; elas já estavam lá desde a década de 1950, quando as primeiras repórteres recém-saídas das universidades começaram a galgar os degraus das redações. Isso aconteceu a despeito de o ambiente boêmio que as circundava não ser considerado, na época, o mais adequado para as “moças direitas”. Como Martinez ressalta, tais assunções não impediram jornalistas como Carmen da Silva de tratar de temas considerados polêmicos, como orgasmo feminino e abusos de autoridade por parte de homens. E, além das jornalistas, há também de se considerar o papel das pesquisadoras do jornalismo (como Adísia Sá, Cremilda Medina, Lucia Santaella, Sonia Virgínia Moreira e Zélia Leal Adguirni), que, segundo Martinez, nem sempre são tão lembradas quanto suas contrapartes masculinas.

Para ler a íntegra da reportagem, acesse: https://abrir.link/rTuRg 

Texto: Guilherme Profeta