Meio Ambiente
Soluções para muitos dos problemas ambientais contemporâneos podem estar no microbioma vegetal
Para pesquisadora, descrever e catalogar cada ser vivo isoladamente não é suficiente para compreender a complexidade da natureza
Imagine que você é um biólogo explorando uma floresta cheia de vida. Diante de tamanha diversidade, isolar as partes do todo — para catalogar, por exemplo, a maior quantidade possível de formas de vida — é um passo crucial para se fazer ciência. Contudo, desde meados da década de 1930, quando surgiu o conceito de ecossistema, sabe-se que simplesmente descrever e catalogar cada ser vivo isoladamente não é suficiente para compreender a rede de relações complexas que mantém a natureza funcionando. É preciso muito mais do que isso e, como não poderia deixar de ser, a compreensão da complexidade das inter-relações entre formas de vidas em contextos ecológicos vem ganhando, desde então, a atenção dos cientistas. A partir da virada do século, esse tipo de pesquisa ganhou ainda mais fôlego com o surgimento de novas ciências como a genômica (o estudo dos genomas completos dos organismos) e, a partir dela, outras ciências “ômicas” — a transcriptômica, a proteômica e a metabolômica —, que contribuem para o que se chama de biologia de sistemas.
A ideia da biologia de sistemas é compreender como os sistemas biológicos funcionam em vários níveis — tanto dentro dos organismos (seus genes, suas moléculas funcionais, seus tecidos, seus metabolismos etc.) quanto fora deles, incluindo as interações entre todos os organismos que compõem um mesmo sistema —, e sem pensar nesses níveis de forma isolada. Assim, a abordagem da biologia de sistemas começa no sequenciamento dos genomas, mas não para por aí: ela passa pelo entendimento das moléculas biológicas que ocorrem num dado ser vivo (como as proteínas), bem como pela interação entre as diferentes moléculas (interatoma), e pela formação das partes que compõem um organismo, até chegar ao ecossistema como um todo — compreendido como o resultado da soma de todos esses organismos, formados por seus próprios processos metabólicos complexos e suas interações.
Nesse longo processo de compreensão dos ecossistemas, olhar somente para as partes macroscópicas pode ser uma grande tentação, mas, conforme reforça a professora doutora Manuella Nóbrega Dourado, dos cursos de Engenharia Agronômica e Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade de Sorocaba (Uniso), além de outros cursos de graduação da Universidade, e também colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Processos Tecnológicos e Ambientais, a biodiversidade não termina onde os olhos humanos alcançam. Muito pelo contrário: seja na superfície de uma folha, ou no solo entre as raízes de uma árvore, ou mesmo nos espaços entre as células que compõem uma planta, existe um mundo invisível de criaturas diminutas — bactérias, fungos, vírus etc. — que também são parte fundamental dos ecossistemas e podem ajudar a humanidade a solucionar inúmeros problemas contemporâneos.
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Texto: Guilherme Profeta