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Saúde

Covid-19 foi uma pandemia zoonótica causada pelo homem. Qual será a próxima?

Pesquisador defende o uso da experiência da pandemia para identificação de lacunas em nosso conhecimento

17 de Junho de 2025 às 13:42
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. (Crédito: Nataly (Adobe Stok))

Pouco mais de três anos após o surgimento da doença — e depois de deixar pelo menos sete milhões de vítimas fatais em todo o mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), além de todas as sequelas econômicas e sociais —, a pandemia de Covid-19 finalmente deixou de ser uma Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional (PHEIC, na sigla em inglês) no primeiro semestre de 2023. Ainda assim, e apesar do alívio generalizado que a reclassificação da OMS representou, essa pandemia não deverá ser a última que esta geração presenciará, de modo que é fundamental aprender com ela.

Segundo o professor doutor Edward Charles Holmes, professor da Universidade de Sidney e um dos pesquisadores envolvidos no sequenciamento do genoma do SARS-CoV-2 (o vírus causador da Covid-19), é muito importante que a experiência da pandemia seja devidamente utilizada para “determinar os fatores que impulsionam o surgimento de doenças zoonóticas e identificar onde estão as lacunas em nosso conhecimento”. A declaração fez parte de um artigo de sua autoria publicado na revista Science.

Segundo o pesquisador, a simples ocorrência de doenças zoonóticas, sejam elas conhecidas ou novas, não é nenhuma surpresa, já que o “intercâmbio” de doenças entre diferentes espécies é um processo recorrente e bastante conhecido pela ciência. O problema é o risco iminente de ter esse processo acontecendo com mais frequência do que o normal, de forma intensificada pela própria ação humana: devido à exploração desmedida de grandes extensões de terra, bem como à urbanização desenfreada e à extrema mobilidade de indivíduos num mundo cada vez mais globalizado, todos sabidamente fatores profícuos para o surgimento de novas doenças, por colocar seres humanos em contato tanto com outros seres humanos quanto com animais selvagens.

No artigo, Holmes enfatiza o papel desempenhado pelas mudanças climáticas — também causadas pelo homem: “O aumento das temperaturas globais resultará em mudanças na distribuição geográfica da vida selvagem à medida que os habitats apropriados encolherem, talvez fazendo com que surjam refúgios compartilhados por diversas espécies, o que aumentará a taxa de transmissão de vírus entre elas. As populações humanas que dependem do mundo animal também encontrarão cada vez mais dificuldades de subsistência e, portanto, poderão vir a explorar áreas anteriormente intocadas, ou mudar suas práticas agrícolas, assim aumentando o risco de exposição a patógenos animais. A menos que esses processos sejam limitados agora mesmo, com o combate às mudanças climáticas globais em primeiro plano, a pandemia de Covid-19 será apenas uma amostra desagradável do que está por vir. ”

Para ler a íntegra da reportagem, acesse: https://uniso.br/unisociencia/r12/doencas-zoonoticas-pandemia.pdf

Texto: Guilherme Profeta