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Hall da Fama

Grandes personalidades brasileiras que fizeram parte da história da Uniso

Ruth Cardoso, Sérgio Buarque de Holanda, Aziz Nacib Ab’Saber, Paulo Freire, Lygia Fagundes Teles, Milton Santos, Fernanda Montenegro e Geraldo Vandré

07 de Março de 2023 às 16:45
O Hall da Fama
O Hall da Fama (Crédito: Divulgação)

A Universidade de Sorocaba (Uniso) existe oficialmente desde setembro de 1994, mas, na verdade, a sua história teve início muito antes disso: mais precisamente, 40 anos antes, com a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Sorocaba (FAFI), em 1954. Com o passar do tempo, outra faculdade foi criada, a Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas de Sorocaba (FACCAS), e a FAFI ganhou mais cursos. Daquelas origens modestas, a Instituição passou a ser conhecida como Faculdades Integradas Dom Aguirre (FIDA), a partir de 1992, para se tornar oficialmente uma universidade, a Uniso, dois anos depois.

Neste ano de 2022, em que a revista do projeto Uniso Ciência está celebrando seu aniversário de cinco anos, a Instituição acumula nada menos do que 68 anos de história — história essa que, nas palavras do professor Aldo Vannucchi, fundador da Uniso e reitor da Instituição até 2010, “é feita de muitas histórias brilhantes.”

Para esta edição, e contando com a colaboração da professora doutora Sonia Chébel Mercado Sparti (que foi diretora da FAFI entre 1988 e 1992), Vannucchi recorda algumas das grandes personalidades brasileiras que, ao longo de todos estes anos, fizeram parte da história da Uniso, reforçando o ideal de que uma universidade, antes de tudo, é um ponto de encontro para pessoas e ideias.

Os retratos que acompanham cada um dos perfis foram produzidos para esta reportagem, por estudantes do curso de graduação em Artes Visuais da Uniso, sob a orientação da professora mestra Mirella Mostoni.

Ruth Cardoso (1930 — 2008)

Ruth Cardoso (1930-2008) - Retrato por Mirella Mostoni
Ruth Cardoso (1930-2008) (crédito: Retrato por Mirella Mostoni)

Natural de Araraquara, no estado de São Paulo, a professora doutora Ruth Cardoso é amplamente reconhecida por seus trabalhos na área da Antropologia, tanto no Brasil quanto no exterior, tendo inclusive atuado como docente no Chile, nos EUA e na França, além do Brasil. Na Uniso, ainda na época da FAFI, mais precisamente em 1955, ela foi professora de Antropologia, antes de se tornar docente da Universidade de São Paulo (USP). Como primeira-dama do Brasil, entre 1995 e 2003, ela é também reconhecida por ter estado à frente de importantes ações sociais voltadas ao empoderamento de indivíduos e comunidades.

Sérgio Buarque de Holanda (1902—1982)

Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982)  - Retrato por Luiz Gustavo Pereira Cassola
Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) (crédito: Retrato por Luiz Gustavo Pereira Cassola)

Reconhecido internacionalmente por sua obra Raízes do Brasil, publicada em vários idiomas, o historiador paulistano começou sua carreira como jornalista, tendo sido correspondente na Alemanha. Sua carreira na academia teve início em meados da década de 1930 e não parou mais; nas décadas seguintes, publicou muitos trabalhos que, a exemplo de sua obra inaugural, prestavam-se a interpretar a história e a cultura do Brasil. Atuou em diversas universidades, tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo a FAFI, onde lecionou História do Brasil em 1956, antes de se tornar professor da USP. Mais de dez anos depois, em 1968, ele retornou à Instituição para uma palestra sobre filosofia, oferecida aos calouros de todos os cursos da FAFI.

Aziz Nacib Ab’Saber (1924—2012)

Aziz Nacib Ab’Saber (1924-2012)  - Retrato por Bruno Keiji Mayumi Murata
Aziz Nacib Ab’Saber (1924-2012) (crédito: Retrato por Bruno Keiji Mayumi Murata)

Descendente de libaneses nascido em São Luís do Paraitinga, no interior de São Paulo, o geógrafo dedicou sete décadas de sua vida ao estudo do meio ambiente, o que resultou em centenas de trabalhos acadêmicos de inegável importância, e também em ativismo ambiental. Como presidente do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), ele foi o responsável por tornar a Serra do Mar uma área natural protegida. Por sua atuação como ambientalista, recebeu diversos prêmios. Na FAFI, foi professor do curso de Geografia desde sua fundação, em 1954, até 1963. Além de ministrar aulas tradicionais, ficou conhecido por organizar estudos de campo com seus estudantes, ao ar livre, em locais como a Floresta Nacional de Ipanema. Retornou posteriormente, em 1991, para um ciclo de palestras denominado “Revitalizar para Humanizar”. Recebeu o título de doutor honoris causa pela Instituição em outubro de 2000.

Paulo Freire (1921—1997)

Paulo Freire (1921-1997)  - Retrato por Matheus de Oliveira Santos
Paulo Freire (1921-1997) (crédito: Retrato por Matheus de Oliveira Santos)

Natural de Recife, a capital do estado de Pernambuco, na região Nordeste do Brasil, Paulo Freire é o Patrono da Educação Brasileira. Ele é reconhecido em todo o mundo por suas contribuições ao campo da Educação, particularmente pelo seu método de alfabetização, aplicado pela primeira vez em 1963 — e ponto de partida para toda a sua teoria crítica social. Seu método compreendia o processo de aprender a ler e a escrever como algo mais profundo do que simplesmente alfabetizar-se: em vez disso, como um movimento de aprender a ler criticamente o próprio mundo, assim resultando em autonomia para o educando. O estudante, para Freire, não poderia ser tratado como um ser alienado e indiferente, em que alguém poderia “depositar” qualquer conhecimento, mas como um agente ativo no processo da própria aprendizagem. A convite da Uniso (ainda como FAFI nas primeiras vezes), Paulo Freire esteve na cidade de Sorocaba em seis ocasiões diferentes, entre 1980 e 1994. Nas primeiras quatro ocasiões, proferiu uma série de seminários sobre pedagogia crítica, que resultaram num livro intitulado Paulo Freire ao vivo, organizado por Vannucchi e publicado em 1983. Depois disso, esteve de volta à Instituição em 1985, para uma solenidade num centro de estudos que levava o seu nome — o Centro de Estudos Pedagógicos Paulo Freire, dos alunos do curso de Pedagogia da FAFI —, ocasião em que presenteou a Instituição com uma coleção de suas obras e um discurso caloroso. A última vez em que esteve em Sorocaba foi em outubro de 1994, para um evento realizado no Teatro Municipal, que foi na verdade o primeiro grande evento da Uniso. Na época, a Instituição operava há apenas um mês sob o novo nome, já na categoria de universidade.

Lygia Fagundes Teles (1918—2022)

Lygia Fagundes Teles (1918-2022)  - Retrato por Mirella Mostoni
Lygia Fagundes Teles (1918-2022) (crédito: Retrato por Mirella Mostoni)

Famosa por sua ampla produção literária — especialmente por seu romance inaugural, Ciranda de Pedra, publicado na década de 1950 e base para duas telenovelas da Rede Globo —, a paulistana Lygia Fagundes Teles é reconhecida como uma das maiores escritoras brasileiras de todos os tempos. Membro da Academia Brasileira de Letras, ela

teve sua obra traduzida para diversos idiomas e acumula uma longa lista de prêmios literários da mais alta estirpe. Esteve na FAFI em 1982, convidada para uma palestra sobre literatura brasileira aberta a toda a comunidade. O evento aconteceu no Salão Vermelho e foi seguido de uma sessão de autógrafos.

Milton Santos (1926—2001)

Milton Santos (1926-2001)  - Retrato por Matheus de Oliveira Santos
Milton Santos (1926-2001) (crédito: Retrato por Matheus de Oliveira Santos)

O geógrafo brasileiro Milton Santos, natural de Brotas de Macaúbas, no interior do estado da Bahia, é reconhecido como o pai da Geografia Crítica no país, tendo acumulado dezenas de livros publicados ao longo das décadas, entre 1948 e o início dos anos 2000. Foi professor universitário em diversos países além do Brasil, tendo inclusive recebido o título de doutor honoris causa em várias instituições estrangeiras. Considerando-se sua vasta produção acadêmica, o destaque certamente recai sobre os seus estudos voltados à globalização e ao chamado Terceiro Mundo. Esteve na FAFI, também em 1982, para uma palestra dirigida a estudantes e professores do curso de Geografia da Instituição.

Fernanda Montenegro (1929)

Fernanda Montenegro (1929)  - Retrato por Júlia Martins Souza
Fernanda Montenegro (1929) (crédito: Retrato por Júlia Martins Souza)

Natural do Rio de Janeiro, Fernanda Montenegro é por vezes referenciada como a dama da dramaturgia brasileira, tendo sido a primeira latino-americana a ser indicada ao Oscar de melhor atriz, por sua atuação em Central do Brasil, em 1998. Antes de estrelar nas telonas, contudo, ela já havia construído seu nome no teatro e na televisão. Acumula muitos prêmios importantes, incluindo um Emmy Internacional de Melhor Atriz. Em 2022, tornou-se a primeira atriz a ocupar um assento da Academia Brasileira de Letras. Ela esteve na FAFI em dezembro de 1990, para uma palestra que recebeu o nome de “Encontro com Fernanda”.

Geraldo Vandré (1935)

Geraldo Vandré (1935)  - Retrato por Matheus de Oliveira Santos
Geraldo Vandré (1935) (crédito: Retrato por Matheus de Oliveira Santos)

Nascido em João Pessoa, na Paraíba, o compositor é mais conhecido por sua canção “Pra não dizer que não falei das flores”, por vezes referenciada como “Caminhando”, que se tornou um hino de oposição ao governo militar brasileiro no fim da década de 1960. Foi no mesmo ano em que a canção foi lançada, 1968, que Vandré visitou a FAFI, encontrando-se com estudantes para uma espécie de sarau clandestino, já que, na época, o evento não podia ser amplamente divulgado, devido à repressão militar. Na ocasião, ele apresentou três canções ainda inéditas. Nos anos seguintes, ele partiu para o exílio, e o convite para retornar oficialmente à Uniso veio 50 anos depois. Sua segunda visita, num contexto político bastante diferente, aconteceu em outubro de 2018, ocasião em que ele foi homenageado pela Universidade.

Texto: Guilherme Profeta

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