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Uniso Ciência

Pesquisa analisa vantagens do uso de ônibus elétricos a bateria

Redução de gases poluentes é um dos resultados esperados

17 de Março de 2022 às 12:00
O pesquisador Sérgio Tadeu Albardeiro, em frente a um ponto de ônibus da Cidade Universitária
O pesquisador Sérgio Tadeu Albardeiro, em frente a um ponto de ônibus da Cidade Universitária (Crédito: Paulo Ribeiro/Arquivo-Uniso)

Quando uma pessoa qualquer se levanta pela manhã e embarca em um ônibus do sistema de transporte urbano de sua cidade para ir às compras, ao trabalho ou a qualquer lugar, não imagina que a utilização de veículos normalmente usados no Brasil causa diversos impactos na cidade e no país. Problemas ambientais, riscos à saúde pública, uso de combustível poluente e finitude de matriz energética são só alguns dos itens que devem ser analisados e estão associados à política da implantação de um transporte público ideal em uma cidade.

E foi pensando em discutir, analisar essas e outras questões e apontar melhorias às cidades brasileiras que o pesquisador Sérgio Tadeu Albardeiro fez o seu mestrado dentro do Programa de Pós-Graduação em Processos Tecnológicos e Ambientais da Universidade de Sorocaba (Uniso), finalizando na produção da dissertação “O papel dos ônibus elétricos a bateria no transporte coletivo municipal e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável regional”, que teve orientação do professor doutor Daniel Bertoli Gonçalves.

“Entre os diversos problemas ambientais, vivenciados atualmente nos municípios, o transporte coletivo tem sido alvo de discussões devido ao combustível predominante, o diesel, que além de escasso e finito, contribui para a poluição atmosférica e agravamentos na saúde da população”, diz Albardeiro.

A pesquisa feita por ele destaca ainda os aspectos dos níveis de poluição do ar, decorrentes das tecnologias dos ônibus de transporte público movidos a combustível fóssil, bem como os efeitos nocivos dessa poluição, sobretudo ao meio ambiente e à saúde das pessoas, de modo a justificar a importância de ações no sentido da diminuição das emissões de gases poluentes na atmosfera, sobretudo em áreas municipais.

“As cidades são responsáveis por mais de 70% das emissões globais de CO2, e há expectativa de expansão ainda maior das aglomerações urbanas nos próximos 25 anos, chegando a 66% na metade do século”, aponta o pesquisador.

A discussão do assunto para que uma decisão seja tomada o mais rápido possível no Brasil é extremamente necessária e a dissertação feita na Uniso contribui para isso. A adoção de ônibus menos poluentes nos municípios brasileiros faz com que o país se enquadre a normas internacionais e que o Brasil continue mantendo suas relações comerciais com blocos econômicos importantes, que cada vez mais endurecem suas exigências ambientais. Pensando nisso, a China tem trabalhado na substituição de sua frota de ônibus. “A Bloomberg previu que em 2025 haverá 1,2 milhão de ônibus urbanos 100% elétricos no mundo, 99% deles rodando na China. Esse número será o triplo dos 386 mil elétricos de 2017, e representará 47% da frota global de ônibus urbanos”, diz Albardeiro.

Espaço do conjunto de baterias e circuitos eletrônicos, instalados em ônibus elétrico  - Arquivo Pessoal
Espaço do conjunto de baterias e circuitos eletrônicos, instalados em ônibus elétrico (crédito: Arquivo Pessoal)

Quatro cidades analisadas

A pesquisa feita na Uniso compara os modelos de transporte público em quatro cidades, duas internacionais e duas nacionais: Istambul (na Turquia), Califórnia (nos EUA), São Paulo e Campinas, aproveitando dados de outras pesquisas já realizadas.

Albardeiro comparou diversos dados dos modelos adotados nesses quatro locais e elaborou um quadro, evidenciando as diferenças, e apontando sugestões para as cidades que optem por mudar o seu modelo de transporte, pois podem ser necessários ajustes quanto à legislação ambiental, processo licitatório, e modelo de negócio das empresas concessionárias.

Resultados encontrados

Os resultados apontaram que, além das vantagens ambientais de não emitirem gases poluentes, os ônibus elétricos a bateria apresentam um tempo de vida duas vezes maior que os movidos a diesel. Por outro lado, apresentam custos de aquisição maiores, compensados por custos operacionais e de manutenção menores, cujo ponto de equilíbrio ocorre entre 8 e 10 anos, a partir do qual os ônibus elétricos tornam-se mais vantajosos.

Albardeiro diz que o estudo realizado “possibilitou evidenciar a viabilidade desta mudança tecnológica, por meio de uma análise comparativa do Custo Total de Propriedade (TCO - Total Cost of Ownership), que aborda todos os custos de propriedade do veículo, contemplando as despesas de aquisição, de manutenção, de operação e de infraestrutura. Esta análise apontou que a implantação da tecnologia de ônibus elétrico a bateria é favorável no prazo médio de oito anos se comparada aos custos dos veículos a diesel.”

Outra questão evidenciada na pesquisa e que colabora para que os municípios se adequem ao contexto ambiental, é que as baterias usadas de ônibus elétrico também podem ser reaproveitadas para armazenamento de energia fotovoltaica, no final da vida útil dos ônibus elétricos a bateria (cerca de 15 anos), o que pode ajudar a suportar as novas demandas da rede elétrica, considerando as necessidades das recargas das baterias destes veículos. “Após o tempo de vida das baterias, citada pelo fabricante como cerca de 30 anos, haverá a possibilidade de se reciclar quase a totalidade dos materiais, como destacam diversos estudos recentes”, finaliza o pesquisador Sérgio Albardeiro.

Com base na dissertação “O papel dos ônibus elétricos a bateria no transporte coletivo municipal e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável regional”, do Programa de Pós-Graduação em Processos Tecnológicos e Ambientais da Universidade de Sorocaba (Uniso), com orientação do professor doutor Daniel Bertoli Gonçalves e aprovada em 4 de fevereiro de 2020.

Texto: Marcel Stefano

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