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Uniso passa a fazer parte de rede internacional de universidades orientadas para a sustentabilidade

24 de Agosto de 2021 às 14:39
Uniso participa de iniciativa sustentável
Uniso participa de iniciativa sustentável (Crédito: Divulgação)

Contemporaneamente, a sustentabilidade vem sendo considerada uma importante balizadora para as ações das mais diversas organizações, em todos os segmentos. Tornar-se “mais verde” é cada vez mais uma exigência de instituições reguladoras e do mercado consumidor, além, é claro, de ser uma exigência do próprio planeta — ao menos para aqueles que estão minimamente preocupados com as próximas gerações. Não é diferente com as instituições de ensino superior: em todo o mundo, muitas estão tomando ações para reduzir suas pegadas de carbono e contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades em que estão inseridas, mas esses esforços nem sempre são considerados nos rankings universitários existentes. Foi isso que perceberam especialistas em ranqueamento reunidos na Universidade da Indonésia (UI), numa conferência realizada em abril de 2009.

Foi para tentar resolver essa questão que a UI propôs um novo ranking, mais focado e mais inclusivo, que pudesse englobar as diversas ações voltadas à sustentabilidade em instituições de ensino superior ao redor do planeta. Esse ranking deu origem, então, à UI GreenMetric World University Rankings Network (UIGWURN), uma rede global em que os participantes podem compartilhar boas práticas e organizar ações conjuntas (como workshops, por exemplo). Além da própria UI, essa rede é organizada por outras 35 instituições que atuam como coordenadoras nacionais — no caso do Brasil, essa instituição é a Universidade de São Paulo (USP).

De todas as instituições de ensino superior brasileiras — que somam 2.608, segundo o Censo da Educação Superior de 2019 —, somente 38 fazem parte da rede. A Uniso foi convidada a participar em 2020, passando a integrar uma lista de mais de 900 instituições, localizadas em 84 países diferentes.

Atualização e abordagem interdisciplinar

Para participar da rede, as instituições de ensino compartilham dados referentes às suas ações voltadas à sustentabilidade, que são agrupados em seis categorias e analisados por um time interdisciplinar composto por profissionais de áreas tão diversas quanto Ciências Ambientais, Engenharia, Estatística e Estudos Culturais, para citar apenas algumas.

Além disso, existe a preocupação de se considerar novas tendências. Para compor a lista de universidades da edição de 2020 do GreenMetric, por exemplo, foram acrescentadas no questionário questões relacionadas especialmente aos impactos da universidade sobre a comunidade. Essas questões consideram elementos como empreendedorismo social (se existem start-ups criadas em ambiente universitário, ou apoiadas pela universidade, que sejam voltadas ao desenvolvimento de uma economia mais verde), as possibilidades de acesso às áreas verdes da universidade por parte do público externo e os diversos serviços prestados à comunidade (ou seja, as atividades extensionistas).

Cooperação é a palavra-chave

 

Professora Riri Fitri Sari, presidente do UI GreenMetric - Arquivo da UI
Professora Riri Fitri Sari, presidente do UI GreenMetric (crédito: Arquivo da UI)

Como uma nova integrante da rede, a Universidade de Sorocaba (Uniso) está à frente de cerca de 28% das instituições participantes — o que não deixa de ser um resultado positivo, uma vez que 2020 foi o primeiro ano em que a Universidade participou da iniciativa. Mas o mais importante não é a competição; nas palavras da professora doutora Riri Fitri Sari, que está atualmente à frente da iniciativa, o mais importante é que a rede possa servir “como uma plataforma para futuras cooperações internacionais entre instituições de ensino superior, para fazer do nosso mundo um lugar melhor.”

O professor doutor Rogério Profeta, Reitor da Uniso, utilizando a bicicleta do projeto UMOVE para transporte dentro do câmpus - Aquivo Assecoms/Uniso
O professor doutor Rogério Profeta, Reitor da Uniso, utilizando a bicicleta do projeto UMOVE para transporte dentro do câmpus (crédito: Aquivo Assecoms/Uniso)

O professor doutor Rogério Augusto Profeta, Reitor da Uniso, concorda. “Esta é a primeiríssima vez em que figuramos entre as instituições da rede do GreenMetric”, destaca. “Perto de algumas das universidades do grupo, nós somos consideravelmente jovens — a Universidade de Oxford, por exemplo, é uma das mais antigas da Europa e tem mais de 900 anos de história, quase duas vezes o tempo de existência do Brasil como nação. Fazer parte dessa rede de compartilhamento, junto a universidades proeminentes na área ambiental em todo o mundo, é muito positivo, especialmente porque, compartilhando o que vem funcionando em outros contextos, nós podemos desenvolver ainda mais o nosso roadmap (ou seja, o mapa com as etapas que precisamos percorrer) para melhor servir a comunidade e o planeta. Nós temos muito a aprender com essas instituições, e também algumas coisas a ensinar.”

Nesta edição da revista Uniso Ciência, você pode conferir alguns dos projetos voltados à sustentabilidade desenvolvidos na Uniso (os quais também foram considerados para a participação no GreenMetric). É o caso, por exemplo, do plantio de milhares de árvores para a criação de um refúgio para a biodiversidade dentro do câmpus, ou da instalação de duas plantas fotovoltaicas para suprir energia limpa às instalações da Universidade, além das diversas atividades de pesquisa e extensão.

Para saber mais:

Seis categorias de ações orientadas à sustentabilidade universitária

Fonte: Adaptado a partir do UI GreenMetric World University Rankings, com exemplos da Uniso.

Educação e pesquisa: Consideram-se as atividades de ensino e as produções acadêmicas voltadas à sustentabilidade, incluindo as pesquisas financiadas, os trabalhos publicados, os eventos realizados e os componentes curriculares com essa temática. Na Uniso, cerca de 15% de todos os componentes curriculares oferecidos em todos os programas (de graduação e pós-graduação) são voltados à sustentabilidade.

Transporte: Considera-se o impacto dos transportes essenciais envolvidos nas atividades da instituição, incluindo, por exemplo, as iniciativas voltadas a transportes públicos e/ou compartilhados, dentro e fora do câmpus.

Energia e mudanças climáticas: Considera-se o uso de energias renováveis para suprir as atividades do campus, além da pegada de carbono total (ou seja, qual a quantidade de gases causadores do efeito estufa que a universidade emite à atmosfera) dividida pela quantidade de pessoas na instituição. Na Uniso, a energia consumida é 100% oriunda de fontes renováveis. Além disso, duas plantas fotovoltaicas foram instaladas na instituição em dezembro de 2020.

Recursos hídricos: Considera-se a eficiência no uso de água na universidade, incluindo medidas de conservação e reutilização.

Ambiente e infraestrutura: Considera-se a proporção entre área construída e área de vegetação na região do câmpus, bem como os investimentos anuais voltados à preservação dessa área. Na Cidade Universitária, o principal câmpus da Uniso, existe um esforço contínuo para manter um refúgio para a biodiversidade, reflorestado com vegetação nativa de dois biomas, o Cerrado e a Mata Atlântica.

Gestão de resíduos: Consideram-se as ações de reuso e reciclagem de todos os resíduos produzidos pela instituição. Na Uniso, resíduos como papel e alumínio são coletados por empresas de reciclagem. Resíduos orgânicos oriundos da jardinagem do câmpus são devolvidos ao ciclo natural na área de floresta do próprio câmpus. Já resíduos químicos e equipamentos de proteção usados em laboratórios são coletados por uma empresa contratada.

Texto: Guilherme Profeta

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