Uma experiência emocionante para todas as idades
Muitas vezes, a gente se reconhece nas páginas dos livros, se identifica com os personagens, encontra eco nos seus sentimentos, vivencia situações parecidas, enfim, livros podem ser um retrato da realidade, nos ajudando a lidar com alguns fatos da vida, ou, ao contrário, trazendo fantasias jamais possíveis no mundo concreto. Dos dois jeitos, livros são um acalento para alma.
Esse livro é um desses do primeiro tipo que eu mencionei, que acendeu uma luzinha no meu coração e me fez pensar na minha própria vida, na história real da menina que eu fui, e vou confessar: ainda sou. Por isso, é quase impossível falar desse livro sem falar de mim mesma.
Comecei a ler muito cedo, aos quatro anos de idade, e percebi também muito cedo que os livros continham uma força que podia alcançar o mundo e que sobretudo eu podia alcançar o mundo através dos livros. Filha única, morando num lugar isolado, minha companhia eram os livros. Só mais tarde vieram as pessoas. E quem passa tanto tempo sozinha mas com tantas ideias na cabeça -- não consegue evitar se sentir diferente. Como diz o autor desse livro: “Sou diferente. Sou aquela nota que está fora do tom.”
O autor David Ouimet é um artista, autor e músico americano. David se dedicou a música desde a adolescência, compondo canções, cantando, tocando trombone e piano em algumas bandas. Seus desenhos começaram a aparecer nas ruas de Nova Iorque em 2016, e seus personagens são quase sempre animais num ambiente soturno, numa composição realista de luz e sombra.
Não se assuste: por trás dessa realidade fantástica há uma ideia linda do significado da leitura: “Quando leio, sei que existem línguas que ainda vou falar. Quando leio, sei que existe um mundo inteiro debaixo dos meus ramos. Leio que todos os seres vivos são parte de mim. Acho que devo ser parte de tudo também.”
“Eu fico em silêncio” é publicado pela Companhia das Letrinhas.