Viagens de carro viram aposta no ‘novo normal’
Operadoras oferecem opção para viajante customizar roteiro, incluindo acomodação e aluguel de carro. Crédito da foto: Divulgação
No início da pandemia, ninguém saiu de casa. Depois, surgiram as viagens curtas: seguindo a tendência mundial de retomada do setor, a primeira ideia foi pegar a estrada de carro até um lugar não muito longe -- e deixar ônibus e avião para uma próxima oportunidade. As operadoras de turismo perceberam essa tendência. Embora elas já vendessem pacotes só com hospedagem (ou combinados com passeios) antes de o coronavírus mudar nossos planos, muitas delas passaram a investir mais fortemente nesse mercado.
“A representatividade das hospedagens sem voo nas nossas vendas cresceu 32%, se compararmos agosto deste ano com o mesmo período do ano passado”, afirma o diretor-geral da Decolar, Alexandre Moshe. As viagens curtas vendidas pela empresa, geralmente, oferecem de duas a cinco diárias, diz Moshe.
A BWT Operadora também registrou crescimento nas vendas de pacotes só com hotel em todos os Estados. “São demandas bem específicas e que variam de acordo com a região, mas posso afirmar que as pessoas estão voltando a viajar e estão preferindo carro”, diz o gerente geral, Gabriel Cordeiro. Ele explica que não precisou adaptar o portfólio para a nova demanda. “O que mudou foi o direcionamento de divulgação para pacotes dessa natureza. Criamos até o selo Viaje de Carro”, revela.
Um dos pacotes da BWT, por exemplo, tem como destino o Enjoy Olímpia Park Resort, no interior paulista. Inclui um dia no Thermas dos Laranjais, parque aquático com reabertura prevista para 1º de outubro. No hotel, as operadoras responderam por metade do total de check-ins em agosto.
Resorts localizados a menos de 400 km de suas cidades são os destinos preferidos dos turistas na retomada do turismo. Crédito da foto: Divulgação
Os resorts, aliás, se destacam entre as acomodações favoritas dos viajantes no levantamento de agosto da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) com dados sobre a comercialização de seus participantes, que respondem por cerca de 90% das viagens de lazer no País. Confirmando o interesse por lugares próximos, a terceira posição na preferência foram hospedagens a até 400 quilômetros da cidade de procedência.
Na Abreu, a venda de hospedagem subiu de 20% para 40%, segundo Adriana Boeckh, gerente de marketing da operadora no Brasil. “Detectamos outra mudança. Os clientes agora buscam hotéis selecionados, em regiões tranquilas e com atividades de lazer.” Para isso, indica o pacote do Bourbon Atibaia Resort. O viajante pode customizar seu roteiro com a operadora, adicionando à acomodação produtos como aluguel de carro, por exemplo.
“Com a pandemia, o assédio das agências aumentou demasiadamente. Algumas perceberam a tendência e se organizaram logo. O grande desafio delas é conseguir transformar em produtos os roteiros que não conhecem, como grande parte do Brasil”, afirma Fábia Raquel, proprietária da Fazenda Santa Vitória, no Vale do Paraíba.
“Poucas operadoras perceberam que é preciso neste novo momento criar produtos voltados para cada região do País.” A Santa Vitória, localizada em Queluz -- divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro --, reúne casarão e cachoeira, destoando do clássico hotel-fazenda. Neste caso, a procura aumentou espontaneamente, ao ponto de haver vagas para famílias com crianças apenas na segunda quinzena de janeiro (Estadão Conteúdo)
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