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Show da natureza continua como opção durante a pandemia

16 de Fevereiro de 2021 às 00:01

Show da natureza continua como opção durante a pandemia Atividades ao ar livre, como as encontradas em Foz do Iguaçu, proporcionam mais segurança contra a Covid-19, porém, também exigem paciência e planejamento. Crédito da foto: Nilton Rolin / Divulgação

São 7h40 da primeira manhã de 2021 e estaciono meu carro no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná. Praticamente todas as vagas estão liberadas e, 20 minutos depois, estou no topo do ônibus de dois andares que leva ao principal ponto das Cataratas do Iguaçu. Passo a passo, vou à plataforma de acesso a um dos lugares mais lindos do mundo. No cenário estamos eu e a imensidão das águas. Por sorte, quando cheguei, havia ainda um lindo arco-íris abraçando a natureza.

Minha visita às cataratas, durante a pandemia, foi poética e intensa. Porém, foi preciso organizar o passeio: dias antes, eu havia encontrado o parque cheio. O aumento no número de visitantes é compreensível. Considerado um dos principais destinos turísticos do Brasil, Foz do Iguaçu -- no extremo Oeste paranaense, na chamada tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina -- retoma aos poucos as atividades de turismo. Por conta disso, os viajantes estão redescobrindo o destino na pandemia, o que é positivo para a retomada, mas exige paciência e organização, tanto dos empreendimentos quanto dos visitantes.

Boa parte dos atrativos da cidade -- além do Parque Nacional -- tem atividades ao ar livre e mantém protocolos de segurança. É preciso passar por aferição de temperatura corporal e por tapetes sanitizantes, além de usar máscara durante todo o tempo. Totens e recipientes de álcool em gel aparecem em trilhas, restaurantes e banheiros.

“No final de agosto começamos a veicular a campanha ‘Vem pra Foz’, para incentivar o turismo regional, num raio de até 600 quilômetros. Desde então, deu-se início a uma retomada do turismo na cidade. Mesmo com a retomada, o movimento ainda está aquém do esperado”, explica Felipe Gonzalez, presidente do Visit Iguassu. Para atender à demanda, mas evitar aglomerações, a maioria das atrações exige compra de ingressos online e agendamento de horários.

Protocolos mudam o cenário

Show da natureza continua como opção durante a pandemia Visita ao Parque Nacional do Iguaçu é cercada de medidas de medidas sanitárias. Crédito da foto: Nilton Rolin / Divulgação

De acordo com o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sindhotéis), a rede hoteleira de Foz do Iguaçu tem cerca de 180 estabelecimentos, que oferecem 30 mil leitos. Alguns, no entanto, não suportaram a pandemia e fecharam as portas. Para a hotelaria, é um desafio lidar com ocupação abaixo do normal. Para os turistas, é um luxo tomar café da manhã com menos gente e não ter de disputar espaços na piscina.

Outra mudança para quem vista Foz do Iguaçu neste momento é o fechamento da fronteira com a Argentina. A barreira significa que não é mais possível fazer roteiros no país vizinho e ter a visão das cataratas do lado de lá da fronteira -- nem visitar os free shops de Puerto Iguazú. Aqueles que querem fazer compras podem encarar a ida até o Paraguai, que é indicada apenas a pé ou com agências privadas. Está prevista para Foz a abertura de lojas Duty Free; ainda sem data definida.

“A Argentina é o país que mais envia visitantes para nossa cidade, ficando atrás apenas do Brasil, ou seja, o impacto do fechamento da fronteira é imensurável tanto para Foz do Iguaçu quanto para Puerto Iguazú, que é a cidade vizinha argentina”, lamenta Gonzales.

Neste período de adaptações, Foz do Iguaçu se prepara para novidades. A segunda ponte com o Paraguai está em obras e deve ampliar o desenvolvimento do destino nos próximos anos. No centro da cidade, está prevista a abertura de uma loja Duty Free Americas, que promete trazer bons descontos, e também devem surgir pelo menos outras três lojas nesse segmento. Na Rodovia das Cataratas, o parque temático Movie Cars, focado em veículos usados em filmes, abriu as portas em meados de janeiro.

A visita ao parque

Reaberto desde 4 de agosto, o Parque Nacional do Iguaçu exige agendamento de dia e horário. Com o ingresso digital, o turista embarca em um ônibus que sai da área de visitantes e vai até as trilhas.

Prefira o primeiro ou o último horário: tem menos gente e dá aquela sensação de parque exclusivo. Em nossa primeira visita, no final de dezembro de 2020, chegamos às 10h30 e não foi uma boa escolha: embora os ingressos sejam agendados, as pessoas ficam bastante tempo no parque, o que aumenta a possibilidade de encontrar aglomeração nas principais áreas.

De acordo com a administração do Parque Nacional do Iguaçu, são liberadas 525 entradas por hora. Por isso, no meio da manhã, havia fila para entrar na plataforma que leva às cataratas. Havia também controle sobre o número de pessoas que circulavam por lá (para garantir o distanciamento) e era grande o movimento no elevador, o que deixou o passeio mais moroso.

Tivemos uma experiência totalmente diferente e mais positiva quando voltamos ao parque no primeiro dia de 2021, no horário das 8h10. Muito organizado para fazer o embarque dos visitantes, o parque costuma liberar o ônibus para as áreas internas até dez minutos antes. Por isso, na nossa segunda visita, fomos às cataratas de forma supertranquila e com pouquíssimos visitantes.

Quem opta pela trilha percorre um caminho de cerca de 1,5 quilômetro. O trajeto é pavimentado e tem vários pontos para contemplação, o que permite conhecer as cataratas de diferentes ângulos. Muitos quatis podem surgir pelo caminho, o que torna a atração ainda mais especial.

Entre os protocolos adotados, há barreiras para medir temperatura no Centro de Visitantes e pontos com álcool em gel em várias áreas. O circuito turístico é sanitizado e os ônibus que fazem o percurso até as cataratas passam por procedimentos de limpeza a cada viagem.

Custo e horários

Ingresso online com agendamento obrigatório: R$ 50 (adulto); para crianças de 2 a 11 anos e idosos (a partir de 60 anos), R$ 14. Há preço especial para visitantes do Mercosul e moradores da região. De terça a domingo, das 9 às 16h. Site: cataratasdoiguacu.com.br.

Evite horários mais concorridos

Show da natureza continua como opção durante a pandemia Primeiros e últimos horários são os menos concorridos em todas as atrações de Foz. Crédito da foto: Nilton Rolin / Divulgação

Quem visita Foz do Iguaçu durante a pandemia não está livre dos cuidados contra a Covid-19. Dicas interessantes são o agendamento prévio dos passeios e a opção pelos primeiros e pelos últimos horários do dia. Veja alguns lugares que você não pode deixar de visitar:

Parque da Aves - Nos 16 hectares de Mata Atlântica do Parque das Aves, os visitantes fazem uma imersão no mundo das aves -- são 1,3 mil animais de 130 espécies -- e ficam pertinho dos poleiros. A grande área abriga 104 pássaros, com diferentes espécies de araras, cujo viveiro foi reformulado. Máscara é obrigatória o tempo todo -- os fiscais ficam atentos a turistas que tentam tirá-la “rapidinho, só para a foto”. Mais da metade dos animais foi resgatada de apreensões. Há barreira sanitária na entrada, com tapete sanitizante e estações de álcool em gel.

Ingresso: R$ 60 (adulto); crianças de até 8 anos não pagam. Todos os dias, das 9 às 17h. Site: parquedasaves.com.br.

Marco das 3 Fronteiras - Embora a fronteira argentina esteja fechada para os brasileiros, é possível espiar nossos vizinhos no Marco das 3 Fronteiras. A atração simboliza o encontro entre Brasil, Argentina e Paraguai e está localizada entre os rios Paraná e Iguaçu. Logo na entrada, uma grande construção relembra as missões jesuíticas na região. Um dos lugares mais disputados pelos turistas é a placa que indica o nome dos três países fronteiriços -- dependendo do horário, tem até fila para foto.

Abre diariamente, das 15 às 21h, e tem capacidade de atender 1,5 mil pessoas simultaneamente. Todos os dias, a partir das 18h30 há apresentações culturais ao ar livre. Pontos demarcados no chão garantem o distanciamento.

Ingresso: R$ 35 (adulto); R$ 18,50 (idosos e crianças de 6 a 11 anos); até 5 anos, grátis. Não é preciso agendar horário. Site: marcodastresfronteiras.com.br.

Itaipu Binacional - Os atrativos do Complexo Turístico Itaipu, na margem brasileira, estão abertos para os turistas e podem ser uma grande descoberta para quem os visita pela primeira vez. Há três passeios: visita panorâmica, Refúgio Biológico e Ecomuseu. Para o Refúgio Biológico, o trajeto é feito em veículo aberto. Segundo nossa guia, todos os passeios têm capacidade limitada a até 22 pessoas, o que indica que em qualquer horário você não sofrerá com aglomerações (na nossa visita havia 17 passageiros).

Refúgio Biológico - O Refúgio abriga animais que geralmente sofreram maus-tratos. No início da visita, recebemos explicações sobre a fauna e a flora local e fomos incentivados a plantar algumas sementes. Depois, percorremos cerca de 2 quilômetros a pé por uma trilha na mata. O passeio dura 2h15 e, ao longo do trajeto, conhecemos jaguatiricas, corujas, furão, lontras e até uma dupla de panteras negras.

Ingresso: para adulto, R$ 42 (visita panorâmica), R$ 30 (Refúgio Biológico) e R$ 18 (Ecomuseu); meia-entrada para idosos, estudantes e crianças de 6 a 11 anos; até 5 anos, grátis. A partir das 8h30. Site: turismoitaipu.com.br. (Anelise Zanoni - Estadão Conteúdo)

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