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Caçadores de icebergs vivem tempos de abundância no Canadá

07 de Agosto de 2019 às 11:01

Turistas observam iceberg passando pelo mar no Canadá Turistas observam iceberg no Canadá. Crédito da foto: Johannes Elsele / AFP (1/8/2019)

Na hora do crepúsculo, os turistas ficam fascinados com o afundamento final de um iceberg. O bloco de gelo termina sua jornada da Groenlândia até Terra Nova. Essa ilha canadense fica localizada na primeira fila do “show” do derretimento de geleiras.

Outrora epicentro da pesca de bacalhau, a província de Terra Nova e Labrador agora vê como seus tranquilos povoados costeiros. Eles fervem com a chegada de hordas de fotógrafos amadores que vieram imortalizar os pedaços gigantes de geleira. Cada vez em maior número, desembocam no leste do Canadá no fim do inverno.

A abundância de icebergs gerou uma nova atração turística estreitamente vinculada à aceleração do aquecimento global. “Melhora de um ano para o outro. Cerca de 140 ônibus turísticos chegam ao povoado a cada temporada, é bom para a economia”, diz Barry Strickland. Ele é um ex-pescador de 58 anos, que se tornou guia turístico no norte de Terra Nova.

Há quatro anos, organiza excursões relacionadas com estes gigantes de gelo milenares. Eles podem atingir dezenas de metros de altura e pesar centenas de milhares de toneladas.

À mercê dos ventos e das correntes, estas joias polares realizam uma viagem de milhares de quilômetros para o sul. Chegam até perto da costa canadense. Em poucas semanas, sua água doce, voltará para o oceano.

As expedições na pequena embarcação de Barry com frequência enchem durante a “temporada alta de icebergs”. Isso ocorre entre maio e julho. Atraem para esta aldeia de 600 habitantes visitantes de todo o mundo.

O menor movimento dos colossais blocos de gelo pode ser rastreado através de um mapa de satélite interativo. Ele é disponibilizado na internet pelo governo provincial.

Degelo

“Não há muito o que fazer para os habitantes destas pequenas e isoladas cidades portuárias. O turismo é uma grande parte de nossa economia”, explica Devon Chaulk. Ele é empregado de uma loja de souvenirs em Elliston, uma aldeia situada na trajetória do “corredor de icebergs”. “Vivi aqui toda a minha vida, e o aumento do turismo nos últimos 10, 15 anos foi incrível”, conta entusiasmado Chaulk, de 28 anos.

Caçadores de icebergs vivem tempos de abundância no Canadá Iceberg é visto em Newfoundland, no Canadá. Crédito da foto: Johannes Elsele (5/7/2019)

No ano passado, mais de 500 mil turistas visitaram a província de Terra Nova. Essa é a mesma quantidade de pessoas que reside nela. Eles contribuíram com a economia local com cerca de 570 milhões de dólares canadenses, segundo estimativas do governo local.

O turismo suplantou parcialmente os rendimentos cada vez mais baixos da indústria pesqueira. Ela está em crise devido à exploração excessiva do oceano no fim do século passado.

Mas por trás desta loucura pelos icebergs se esconde uma realidade obscura. A aceleração do aquecimento global no Polo Norte, que favorece o aparecimento de icebergs. Mas, também, faz com que sua temporada seja cada vez mais imprevisível. Isso acentua a precariedade das indústrias que se beneficiam deles.

Em Twillingate, um popular destino turístico para os amantes dos icebergs, os visitantes conhecem a pequena loja de Auk Island Winery. Nela são fabricados licores de frutos silvestres feitos com água de iceberg.

Risco para a navegação

O Ártico aquece três vezes mais rápido que o resto do mundo. Em junho, a Groenlândia experimentou um derretimento de geleiras inédito para esta época do ano. Temperaturas recorde foram registradas perto do Polo Norte em meados de julho.

Com os anos, os icebergs adentram cada vez mais ao sul. Eles criaram um risco para a navegação comercial nesta rota marítima que une a Europa com a América do Norte. (Julien Besset - AFP)

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