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Passeio Regional

Turismo ecológico em São Miguel Arcanjo

Entre os parques naturais da região, destaca-se o Carlos Botelho, com acesso por São Miguel Arcanjo, receptivo qualificado e entorno com sabores caipiras

23 de Novembro de 2021 às 00:01
Rô Galvão [email protected]
Centro de Exposição Temática do Parque Estadual Carlos Botelho.
Centro de Exposição Temática do Parque Estadual Carlos Botelho. (Crédito: Rô Galvão)

Criado em 1982, o Parque Estadual Carlos Botelho compõe 37.644 hectares de área natural protegida do sudeste do Estado de São Paulo. Está localizado na região do Alto Paranapanema e do Vale do Ribeira, abrangendo importante faixa remanescente de mata atlântica presente nos municípios de Capão Bonito, Sete Barras, Tapiraí e São Miguel Arcanjo. Em conjunto com outras áreas naturais protegidas - Parque Intervales, Nascentes do Paranapanema e Parque Estadual Turístico Alto Ribeira - integra um corredor ecológico reconhecido como um “Sítio do Patrimônio Mundial da Humanidade”, em 1998, pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Apesar da sua notoriedade internacional, este estupendo patrimônio da natureza da nossa região ainda é relativamente desconhecido da grande maioria dos habitantes daqui e, talvez por isso, pouco visitado. Se é a falta de conhecimento que nos distancia desta realidade, é missão desta coluna de hoje contribuir para que os leitores do Cruzeiro do Sul acessem informações e passem a considerar a possibilidade da prática do turismo ecológico em parques das proximidades, neste caso, no município de São Miguel Arcanjo.

Funcionamento do parque

O monitor ambiental Anderson de Queiroz Domingues (direita) esclarece as dúvidas do visitante sobre as trilhas apresentadas em placa interpretativa. - DIVULGAÇÃO
O monitor ambiental Anderson de Queiroz Domingues (direita) esclarece as dúvidas do visitante sobre as trilhas apresentadas em placa interpretativa. (crédito: DIVULGAÇÃO)

Administrado pela Fundação Florestal, uma instituição da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do governo do Estado de São Paulo, o Parque Estadual Carlos Botelho fica na SP-139, a rodovia Neguinho Fogaça, conhecida como a “Serra da Macaca”. O acesso ao parque é feito a partir de um pórtico, no Km 78,4, onde são obtidas as primeiras informações para a visitação. Posteriormente, ao contato com a sede administrativa, o visitante recebe todas as orientações técnicas e temáticas necessárias para realizar seu passeio.

Aqui uma primeira dica: para planejar sua visita com antecedência e obter maior proveito, já que são vários os atrativos disponíveis no parque, como bicas, rio, mirantes, cachoeiras, quiosques, é recomendável fazer o agendamento com antecedência pelo site de venda online em www.ingressosparquespaulistas.com.br/home. O visitante ainda pode consultar o “Guia de Áreas Protegidas do Estado de São Paulo”, em guiadeareasprotegidas.sp.gov.br.

Educação Ambiental

Interessados em um panorama geral da fauna existente no Parque Estadual Carlos Botelho podem visitar o Centro de Exposição Temática, estruturado em uma casa anexa à sede administrativa, equipada com um museu de peças empalhadas de animais nativos da região, uma biblioteca e multimeios para realização das atividades educativas.

Mas as ferramentas para a educação ambiental não se limitam a este espaço. Informações, recomendações e instruções estão distribuídas por todos os circuitos do parque, com o suporte de placas de sinalização e de placas interpretativas fixadas ao longo da estrada-parque, nas trilhas, nos locais de contemplação, de descanso e de piqueniques.

Peças empalhadas das espécies de macacos oriundos da região: bugio jovem (esquerda), bugio adulto (direita) e mono-carvoeiro (centro). - DIVULGAÇÃO
Peças empalhadas das espécies de macacos oriundos da região: bugio jovem (esquerda), bugio adulto (direita) e mono-carvoeiro (centro). (crédito: DIVULGAÇÃO)

Quais as diferenças que estas informações poderão fazer ao seu passeio? Aposto em, pelo menos, uma: que seu momento de lazer poderá ganhar uma nova dimensão com o fato de você ter a sua percepção aguçada para toda a riqueza da vida na mata. Foi assim comigo, passando a enxergar a complexidade da vida natural em novas circunstâncias, além de ter aprendido mais sobre como fazer parte desse universo, obedecendo as normas de uso adequado do espaço natural para conservação do ambiente.

Mas voltando às fontes de informação: os monitores ambientais são grandes facilitadores nesse processo de integração dos visitantes com a fauna e a flora do parque. São profissionais narradores da história e das relações biológicas do local e os condutores das trilhas ecológicas. Eles acompanham os visitantes com o preparo de quem já acumulou um tempo precioso na assimilação de um conjunto de informações dentro da infinidade temática disponível para transmiti-las de forma sucinta e atrativa a quem está a passeio. Seu tempo de lazer será enriquecido com esse belo trabalho.

Trilhas ecológicas

Visitantes em área de piquenique e descanso na trilha de acesso ao rio Taquaral. - DIVULGAÇÃO
Visitantes em área de piquenique e descanso na trilha de acesso ao rio Taquaral. (crédito: DIVULGAÇÃO)

Entre as atividades disponíveis no Parque Estadual Carlos Botelho o visitante pode incluir as trilhas ecológicas, optando entre as guiadas e autoguiadas. A diferença estará na obrigatoriedade ou não do acompanhamento do grupo de visitantes pelo monitor ambiental. A necessidade se dá em função das características da trilha como: a severidade do meio, a orientação do percurso, as condições do terreno, a intensidade do esforço físico e o tempo estimado para percorrê-la. Algumas trilhas, por exemplo, apresentam condições para receber pessoas com mobilidade reduzida. É o caso da Trilha das Bromélias, autoguiada, com 390 metros de extensão ida e volta, e tempo de conclusão estimado em 30 minutos, acessível a cadeirantes. “A quantidade de visitantes, seus perfis e interesses são outros critérios importantes. Há trilhas que oferecem atrativos adicionais, como a possibilidade de banho em cachoeira ou em rio, longas caminhadas e percursos mais desafiadores. E aí estão mais alguns motivos para programar a visitação com antecedência e fazer o agendamento mais adequado aos interesses. Inclusive porque há limite de acessos diários, visando a conservação do local”, explica o monitor ambiental Anderson de Queiroz Domingues, que recebeu nossa reportagem no parque.

Acesso ao “Passaporte das Trilhas do Estado de São Paulo”
https://smastr16.blob.core.windows.net/home/2018/12/passaporte-trilhas-fn-29-out-para-site.pdf

Faça a inscrição na trilha que deseja aqui:
https://saomiguelarcanjo.ingressosparquespaulistas.com.br/home

Razões para incluir este passeio na sua agenda

Aproximar-se do ambiente natural de fato requer disposição, mas vale a pena. Para quem sai de Sorocaba, por exemplo, a viagem de ida demora cerca de uma hora e meia, havendo dois caminhos possíveis: passando por Salto de Pirapora e Pilar do Sul ou indo por Araçoiaba da Serra e Itapetininga. Considerando seu tempo de estada no parque e o de retorno, o melhor aproveitamento se dará saindo de casa logo cedo. E com os cuidados necessários: levar água e alimentos, protetor solar, repelente, boné, roupas leves e que cubram braços e pernas, além de tênis ou sapatos fechados com sola de borracha. Dormir cedo para ir descansado é outro fator de sucesso para a sua visita, uma vez que ela exigirá movimentação física.

Rio Taquaral, trecho da Estrada Parque Carlos Botelho. - DIVULGAÇÃO
Rio Taquaral, trecho da Estrada Parque Carlos Botelho. (crédito: DIVULGAÇÃO)

Mas considere algumas preciosas recompensas a estes esforços: a descoberta da existência de seres vivos diferentes, a observação de animais livres em seu habitat natural, o contato visual e auditivo com aves diversas, com centenas de espécies vegetais, sentir a temperatura natural da água de rios e cachoeiras, apreciar a beleza e tranquilidade do cenário verde, perceber-se presente em meio a toda essa vida, enfim, integrar-se ao meio ambiente. Será um dia longe da cidade. E uma forma de conhecer, envolver-se e, assim, melhor contribuir com a preservação ambiental, tão debatida atualmente.

Estes e outros resultados que poderão ser proporcionados pela natureza são o objetivo dos profissionais que atuam no turismo ecológico e que também estão sendo constantemente capacitados para oferecer as melhores condições para a sua experiência turística.

Receptivo qualificado

Uma primeira turma de profissionais em formação para atuar nos equipamentos turísticos de São Miguel Arcanjo está prestes a concluir o “Curso de Formação de Condutores Locais”. Em entrevista a esta coluna por ocasião de nossa visita ao Parque Estadual Carlos Botelho, o secretário de cultura e turismo do município, Aelson de Mattos Apolinário, que também atua como instrutor do curso, informou que o programa de aulas teóricas e práticas desenrola-se por seis meses, aproximadamente, e é dirigido a moradores de São Miguel Arcanjo, com idades acima de 18 anos e aptidão física para a realização das atividades práticas. Entre outros, o curso cobre temas como a história local, arqueologia, arquitetura, familiarização de trilhas, interpretação de fauna, condutas com grupos e resgate. A metodologia do curso foi elaborada em parceria com a Universidade de São Carlos (UFSCar). Imagine você, leitor, como sua experiência de visitação é levada a sério!

Almoço caipira na Serra da Macaca

O bolinho de frango da Cantina do Luiz. - DIVULGAÇÃO
O bolinho de frango da Cantina do Luiz. (crédito: DIVULGAÇÃO)

A caminho do Parque Estadual Carlos Botelho já é possível encontrar dezenas de atrativos, como vinícolas, restaurantes e bares, o recanto dos pescadores e capelas. A gastronomia predominante é uma iguaria própria do sudoeste paulista: o bolinho de frango, feito com massa de farinha de milho, disponível em vários estabelecimentos.

Um dos mais antigos bares da rodovia, fundado em 1945, é a Cantina do Luiz, onde o costume é servir o bolinho de frango sempre quentinho, crocante, frito na hora. A parada também vale para uma partida de bilhar ou para a compra de produtos locais, como vinho, mel, rapadura e doce de laranja.

A Cantina do Luiz onde também pode ser degustado o bolinho de frango. - DIVULGAÇÃO
A Cantina do Luiz onde também pode ser degustado o bolinho de frango. (crédito: DIVULGAÇÃO)

A Casa do Bolinho de Frango da Rose é mais recente, tem sete anos. Mas serve também almoço. Tem uma cozinha caipira caseira com deliciosas possibilidades de combinações no sistema de autosserviço e cardápio diferente a cada dia. A moela de frango ao molho de tomate estava saborosíssima, assim como os acompanhamentos: a polenta, o cuscuz, o torresmo e o minibolinho de frango. A casa vende orgânicos, molhos próprios e morangos no sistema “colhe e paga”. As crianças são bem-vindas: há jardim com balanço, fraldário e cadeiras infantis confortáveis.

A Serra da Macaca também recebe cicloturistas e grupos de motoqueiros, além de ser caminho dos romeiros. Conheça mais sobre as experiências desses grupos em futuras reportagens. (Rô Galvão - [email protected])

 

Serviço

Parque Estadual Carlos Botelho

Sede: (15) 3379-1477. Rod. Neguinho Fogaça (SP-139), km 78,4. E-mail: [email protected].

Preços
Acesso à Estrada Parque, das 6h às 20h: gratuito.

Trilhas autoguiadas: R$ 16,00 para brasileiros; R$ 32,00 (estrangeiros); R$ 24,00 (desconto Mercosul).

Meia-entrada para estudantes e professores legalmente identificados: 50% do valor.

Isentos: pessoas com deficiência, beneficiários do Programa Bolsa Família, crianças até 12 anos, idosos a partir de 60 anos legalmente identificados.

Trilhas guiadas: valor adicional de monitoria, negociado diretamente com o monitor ambiental credenciado pelo parque.


Roteiros autoguiados do Núcleo São Miguel Arcanjo:
- Trilha das Bromélias, 390m (ida e volta)
- Trilha da Juçara, 400m (ida e volta)
- Ciclorrota Mico Leão Preto, 12km (ida e volta)
- Roteiro de Observação de Aves, 2km (ida e volta)
- Trilha do Rio Taquaral, 5km (ida e volta)

Roteiros monitorados do Núcleo São Miguel Arcanjo:
Necessária a contratação de monitor ambiental credenciado pelo parque.
O pagamento do serviço deve ser negociado diretamente com o profissional.
- Roteiro de Observação de Primatas, 7km (ida e volta)
- Trilha do Braço do Rio Taquaral, 10km (ida e volta)
- Cachoeira do Muriqui, 4km (ida e volta)
- Boia Cross no rio Taquaral
- Safari (necessário apresentar resultado negativo para Covid-19, exames PCR-RT ou imunocromatográfico, colhido no máximo em 72 horas)

Hospedagem: O parque oferece hospedagem em ambientes coletivos, com cama, cobertor e travesseiro. Não fornece roupas de cama e de banho. Há cozinha equipada para o preparo da própria refeição. Diária: R$ 53,00.

Cantina do Luiz - 3ª a dom, das 8h às 22h. Rod. Neguinho Fogaça (SP-139), 482

Casa do Bolinho de Frango da Rose - Diariamente, das 7h às 19h. Almoço das 11h às 15h, R$ 60,00/kg. Rod. Neguinho Fogaça (SP-139), altura do km 93.

*Informações sujeitas à alteração.

Galeria

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