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Bloodhound é destaque em caso de jovem assassinada em Alumínio
Max faz parte da Guarda Civil Municipal de Itupeva e já atuou em diversos casos. Crédito da foto: Divulgação / GCM Itupeva
Os cães farejadores cada vez mais ganham espaço nas ações da polícia para localizar pessoas desaparecidas, na identificação de suspeitos em vários tipos de crime, além de localização de drogas. Na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), por exemplo, os cães farejadores da raça Bloodhound (cães de sangue) foram os responsáveis pelo sucesso nas buscas dos corpos de duas pessoas, cujos casos ganharam destaque na imprensa local e nacional.
Na quarta-feira (11), o cão farejador Max, da Guarda Civil Municipal (GCM) de Itupeva, foi quem localizou o corpo da jovem Aline Silva Dantas, 19 anos, em uma área de mata fechada em Alumínio. Ela estava desaparecida desde domingo (8), quando saiu de casa para compras fraldas e não voltou.
Sem conseguir encontrar a moça, a Polícia Civil pediu ajuda aos cães farejadores Max, Bazuca e Asterix, que são especialmente treinados para localizar tanto pessoas desaparecidas como criminosos.
Max tem quatro anos, é treinado no canil da GCM de Itupeva, já os outros dois cães da mesma raça, são do adestrador Fernando Baltarejo, de Mairiporã. Eles fazem parte do Grupamento de Busca e Resgate (GBR), que atua na modalidade “mantrailing” (busca por meio de odor de referência).
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Segundo o instrutor e GCM Marcos Roberto dos Santos, o cão Max iniciou as buscas em Alumínio em uma praça em frente à farmácia onde Aline esteve no domingo para comprar fraldas para a filha. Após sentir o odor da jovem, o cão indicou mais uma rua por onde ela teria passado. Em seguida, Max subiu as escadarias de uma viela do bairro Vila Pedágio e farejou outras duas ruas até levar os policiais à entrada de uma trilha de terra, por onde familiares acreditam que ela tenha caminhado para cortar caminho na volta para casa.
A polícia também usou os cães farejadores para cheirar a roupa de duas pessoas para saber se elas estiveram no local do crime. Após a atuação dos animais nas roupas a presença deles no local do crime foi descartada.
Santos disse ainda que antes de iniciar os trabalhos com os cães farejadores pelo trajeto onde Aline teria passado antes de morrer, os animais foram levados na casa dela, onde eles puderam sentir o odor da jovem por meio de roupas e objetos pessoais dela. “A gente apresenta o odor da pessoa desaparecida para eles. Pode ser uma peça de roupa ou qualquer objeto que a pessoa teve contato. Pode ser um anel e até um fio de cabelo, pois os cães da raça Bloodhound são farejadores insuperáveis”, diz.
Outro caso de grande repercussão ocorreu em junho do ano passado, quando Max também ajudou a polícia a comprovar a participação de três suspeitos na morte da adolescente Vitória Gabrielly Guimarães Vaz, 12 anos, em Araçariguama.
Com a ajuda de outros dois cães da mesma raça, Bazuca e Asterix, os animais cumpriram a missão de identificar a presença de odores da garota e dos suspeitos de matá-la em locais que poderiam estar relacionados com o crime.
Segundo a polícia, os cães conseguiram identificar o cheiro deles na residência dos suspeitos, na rua onde a menina andava de patins antes de desaparecer, e ainda no local onde o corpo foi encontrado.
Rastreadores incansáveis
Originários da Inglaterra e da Bélgica, os cães da raça Bloodhound são os mais indicados para localizar pessoas desaparecidas e criminosos por conta de seu faro insuperável. Eles são cães de caça e rastreadores incansáveis quando estão seguindo uma trilha em busca de um odor.
Segundo o instrutor de Max, ele chegou à GCM de Itupeva quando tinha cerca de um ano e passou por um treinamento para se tornar um cão farejador durante quatro a cinco meses, antes de iniciar como um cão policial e atuar nas ações para localizar pessoas desaparecidas, por exemplo.
“O primeiro caso de sucesso do Max foi em outubro de 2017, quando ele localizou o corpo de um agricultor de Piedade que estava desaparecido há pelo menos cinco dias após sair de casa e não retornar. Como o carro da vítima foi encontrado na região da represa de Itupararanga, em Votorantim, iniciamos a busca do corpo do agricultor no local com o Max e em menos de três horas ele apontou o local onde a vítima estava com precisão”, diz.
Santos afirma que antes de iniciar as buscas, o cão foi levado até a residência do agricultor onde um tênis da vítima foi apresentado ao cachorro para que ele sentisse o odor.
Personagens foram inspirados na raça
Raça bloodhound deu origem aos personagens Pluto e Pateta. Crédito da foto: pixabay.com
Pouco comum no Brasil, é difícil você dar de cara com um cão da raça Bloodhound pelas ruas. Porém, certamente muitas pessoas conhecem o cão dos desenhos animados da Disney, mas não sabem que são personagens inspirados na raça Bloodhound.
Segundo o instrutor e GCM Marcos Roberto dos Santos, os cães Pluto e Pateta são dois cachorros de desenhos animados da Disney, que foram baseados em cães da raça Bloodhound. O Pluto, aliás, é o mascote de Mickey Mouse, o personagem mais famoso criado por Walt Disney.
“Embora no desenho o Pluto e o Pateta sejam caracterizados como atrapalhados e sempre metidos em confusão, os cães na vida real têm poucas semelhanças com os personagens criados pela Disney”, diz Santos.
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O instrutor afirma ainda que a questão de serem cães farejadores é uma habilidade nata da raça Bloodhound e que o treinamento para eles é praticamente uma diversão, já que são muito hábeis para encontrarem pessoas desaparecidas.
Geralmente, os cães são de grande porte e pesam entre 36 a 50 quilos e podem chegar a até 69 cm de altura. Santos destaca ainda que o cão Max recebe treinamento toda semana tanto em áreas urbanas como rurais e mensalmente participa de encontros, em cidades da região, onde estão presentes outros cães da mesma raça e que também ajudam na busca de pessoas desaparecidas. “É importante também o instrutor ser bastante alinhado com o animal e estar preparado para ler e identificar o que o cão está sinalizando, por meio de sua linguagem corporal. O faro do Bloodhound sempre está correto, quem pode falhar é o instrutor se não compreender o que o cão está mostrando”, diz. (Ana Cláudia Martins)
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