Segurança
Os cães heróis em Brumadinho
Crédito da foto: Mauro Pimental / Arquivo AFP
A tragédia humanitária e ambiental do dia 25 de janeiro em Brumadinho/MG causou indignação aos brasileiros. Com centenas de pessoas desaparecidas na lama da barragem de rejeitos rompida da Mina Córrego do Feijão, oficiais buscam pelos corpos de moradores e funcionários da Vale com a ajuda dos cães de resgate dos Corpos de Bombeiros.
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O trabalho feito por esses cães é uma importante ferramenta de busca e salvamento, que mesmo com os avanços da tecnologia, o olfato e audição dos cães bem treinados salvam centenas de pessoas e, por vezes, encontram os corpos de pessoas desaparecidas em desastres naturais e antrópicos, como o de Brumadinho e Mariana, para dar aos seus familiares um enterro digno do indivíduo.
Com 200 milhões de receptores, os cães possuem o olfato 40 vezes maior que dos seres humanos. A audição canina, com a assistência de orelhas direcionáveis, é capaz de localizar com precisão a direção da origem do som em apenas seis centésimos de segundo a uma distância quatro vezes maior do que a capacidade dos humanos. E devido a essas técnicas, os cães são usados para o resgate e busca de pessoas desde a Segunda Guerra Mundial, onde foram utilizados pela primeira vez na Grã-Bretanha na busca por soldados soterrados nos escombros de edificações bombardeadas.
Os cães utilizados pelos bombeiros precisam ter predisposição natural para servir. Crédito da foto: Mauro Pimental / Arquivo AFP
Na entrevista concedida à Record TV, o tenente-coronel Eduardo Ângelo, comandante das operações de resgate em Brumadinho, explica que “a presença e a permanência dos cães simplifica a operação das equipes que estão em campo. Um cão corretamente treinado, com o faro para a busca de corpos e pessoas vivas, pode substituir aproximadamente 15 bombeiros em campo. Isto é, ele [cão] otimiza tanto na prestação de serviço no campo, como também no recurso humano”.
Em terrenos onde houve soterramentos, como a lama de rejeitos em Brumadinho, o ideal é que sejam feitos buracos com estacas metálicas para saída das partículas de odor a cada 100 metros quadrados e com o mínimo de 1,50 metros de profundidade, para que os cães possam farejar a área com segurança.
Os cães utilizados pelos bombeiros precisam ter predisposição natural para servir, pois em uma operação, o talento de cada cão é fundamental para minimizar o sofrimento das vítimas, como também é decisivo na manutenção da vida do mesmo.
A seleção e treinamento
Um animal bem treinado equivale a 15 bombeiros em campo. Crédito da foto: Mauro Pimental / Arquivo AFP
Segundo a Norma Operacional do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás, só serão considerados aptos aos serviços de Busca, Resgate e Salvamento com Cães da corporação os caninos que forem aprovados pela Comissão Examinadora de Cães e pelo Comandante da Organização Bombeiro Militar (OBM), como também, terem um condutor capacitado na área e reconhecido pelo OBM local.
Cabe à Comissão Examinadora de Cães, composta por um representante de cada canil e um médico-veterinário, realizar a avaliação periódica da estrutura física dos canis, das habilidades dos condutores, da saúde dos cães, do desempenho dos binômios e no que julgar necessário.
Para a realização de serviços e treinamentos, se faz necessário manter um binômio fixo, ou seja, ter um cão com o mesmo condutor cria uma afinidade maior e, consequentemente, trás melhores desempenhos.
Os treinamentos de busca e salvamento ocorrem em zonas rurais e urbanas colapsadas, inclusive à noite, para que o binômio possa similar às ocorrências reais. Durante as operações, os responsáveis pela busca de vítimas ou dos cadáveres são os bombeiros e os cães são suas ferramentas.
O cão de resgate deve ter o físico e o comportamento compatíveis aos exaustivos treinamentos, pois sua formação é contínua. Os binômios com certificações nacionais e internacionais demonstram o condicionamento e habilidade necessárias em operações em outros Estados ou países. (Instituto Qualittás)
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