Benê Gomes
Aprendizado das pistas garante evolução
Líder na Fórmula E, Porsche leva o conhecimento adquirido nos autódromos para o 100% elétrico Taycan
No último final de semana, entre os dias 24 e 25, o Brasil recebeu pela primeira vez uma etapa da Fórmula E, com o e-Prix São Paulo. O circuito foi montado no Sambódromo do Anhembi, zona norte da capital, com um traçado rápido e desafiador, formado por duas longas retas e várias curvas. Quem levou a melhor nesta estreia da categoria no Brasil foi a equipe Jaguar TCS Racing, que venceu com Mitch Evans, e garantiu também a terceira colocação com o piloto Sam Bird. O piloto Nick Cassidy, da Envision Racing, fechou o pódio com a segunda colocação.
Mas isso não atrapalhou a boa condição da equipe Porsche, que colocou na pista os seus dois carros 99X e conseguiu pontos suficientes para seguir na liderança entre as equipes e também manter o alemão Pascal Wehrlein como líder da temporada. O piloto português Antonio Felix da Costa, que já esteve no Brasil disputando provas da Stock Car, chegou a liderar boa parte da corrida e, por muito pouco, não subiu ao pódio, fechando em quarto lugar.
Neste ano, a Fórmula E estreou a terceira geração dos seus carros de corrida. Além do desenho inspirado nos aviões caça, agora estão muito mais velozes e contam com dois motores elétricos, um em cada eixo. O dianteiro tem potência de 250 kW, mas só entra em ação para regenerar a energia gerada pelos freios. Já o traseiro é o que traciona o carro e tem potência de 350 kW (o equivalente a 476 cv), garantindo máxima de 322 km/h. Aliás, um detalhe curioso, é que os carros da Fórmula E só contam com sistema de freios hidráulicos no eixo dianteiro. Freio traseiro, só o proporcionado pela desaceleração do motor.
Aprendizado nas pistas
Para a Porsche, mais do que comemorar o bom desempenho de sua equipe na Fórmula E, a categoria vem sendo muito importante porque garante evolução rápida para seus modelos eletrificados, em especial, o seu primeiro 100% elétrico, o Taycan. Segundo Rodrigo Fonseca, gerente de Produto e Preço da Porsche do Brasil, a Fórmula E já garantiu diferentes aprendizados, mas destaca, como um bom exemplo, a possibilidade de entender a fundo como é a gestão de todo o conjunto dos carros de competição e trazer a alta eficiência alcançada nas pistas para os carros de rua.
“Nesse sentido, a gente já conseguiu materializar esse aprendizado, por exemplo, com a introdução de uma atualização de software para o Taycan, a qual nos permite melhorar o sistema de gestão do sistema de arrefecimento, dos motores elétricos e, eventualmente, até o desacoplamento do motor. O resultado é o aumento da autonomia do carro e, importante, só via software.”
O Taycan, aliás, também está presente na Fórmula E como Safety Car com seus 625 cavalos de potência. “Cada vez mais vemos a categoria evoluindo, os motores ganhando mais potência, as baterias se tornando mais duráveis e eficientes. E isso tudo é muito bom, porque certamente vai nos permitir aplicar todas as evoluções em nossos modelos de rua”, reforça Rodrigo Fonseca.
Mesmo ainda longe de arrastar um grande público para as arquibancadas, como acontece com a Fórmula 1, o e-Prix deu um considerável passo nesta temporada e segue ganhando força porque representa também o futuro do automobilismo. Os carros são diferentes, silenciosos, mas já aceleram tanto quanto um Fórmula 1.
Mas é verdade que, para as fabricantes que já se lançaram na Fórmula E, como é o caso da Porsche, a situação é bem positiva, pois a categoria está acelerando o processo de evolução e contribuindo decisivamente para o aperfeiçoamento dos modelos elétricos e eletrificados de rua.
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