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Benê Gomes

SP2, um ícone da indústria nacional

Lançado em 1972, modelo esportivo 100% brasileiro completou 50 anos no último dia 26

17 de Julho de 2022 às 00:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
Projeto ousado para a época, o SP2 tem design totalmente concebido no Brasil, reconhecido até hoje na Volkswagen.
Projeto ousado para a época, o SP2 tem design totalmente concebido no Brasil, reconhecido até hoje na Volkswagen. (Crédito: MATHEUS SIMANOVICIUS)

Um modelo de linhas singulares, desenvolvido 100% no Brasil, que viria a se tornar um ícone da indústria automotiva nacional e, em especial, da Volkswagen do Brasil. Essa é uma das muitas apresentações que podem ser feitas para o SP2, modelo esportivo que comemora 50 anos de vida agora em 2022

Exatamente no dia 26 de junho de 1972, a VW do Brasil colocou nas ruas o seu primeiro esportivo brasileiro. Nasceu como SP1, com motor menor, o 1.6 a gasolina de 65 cavalos, mas ganhou fama mesmo com o SP2, equipado com motor um pouco mais forte, o 1.7 de 75 cavalos de potência. A transmissão era manual de quatro marchas, enquanto a tração, como bom esportivo, era traseira.

Mas antes de comentar sobre o desempenho, é legal destacar, principalmente para os mais jovens, que o VW SP2 carrega um privilégio para poucos: foi desenvolvido totalmente no Brasil e por equipe formada só por brasileiros. Entre eles, José Vicente Novita Martins, o Jota, o autor do desenho final do modelo SP.

O capô longo leva a pensar que ali está o motor; mas, como bom esportivo, ele está na traseira. - MATHEUS SIMANOVICIUS
O capô longo leva a pensar que ali está o motor; mas, como bom esportivo, ele está na traseira. (crédito: MATHEUS SIMANOVICIUS)

Entre as muitas passagens curiosas, ele lembra como foi a escolha do desenho: “Eu procurei desenhar o carro bastante baixo e com o vidro muito inclinado, uma proposta que, pelas teorias e propostas da época, não seria aceito como algo viável. Então resolvemos colocar o meu rascunho na parede do estúdio, sem nenhuma pretensão. Mas no dia que o Sr. Rudolf Lieding -- presidente da VW do Brasil no período -- foi conferir nossas ideias, ele viu o meu desenho e o escolheu. Isso causou tanto espanto na equipe, que ninguém quis explicar que aquele não era exatamente o que pretendíamos mostrar. Mas aí, tocamos em frente!”

A alteração na entrada de ar foi até questionada pelo designer, mas depois virou marca registrada do SP2. - MATHEUS SIMANOVICIUS
A alteração na entrada de ar foi até questionada pelo designer, mas depois virou marca registrada do SP2. (crédito: MATHEUS SIMANOVICIUS)

Projeto ousado, o SP2 é reconhecido hoje por quem está à frente do visual da marca, no caso, José Carlos Pavone, chefe de Design da Volkswagen para América Latina. “Ele é diferente, tem um capô longo, o que nos leva a achar que tem o motor ali, mas que na verdade está na traseira. E depois, tem a faixa que percorre toda a lateral do carro e chega até a traseira, essa parte, uma coisa espetacular.”

Aliás, é na traseira que temos outra boa história. No desenho original, a entrada de ar foi projetada para ficar na parte de baixo do para-choque, acompanhando a linha lateral. Mas a engenharia considerou que esse espaço não seria o suficiente para refrigerar o motor e pediu algo maior. Uma alteração até questionada por Jota na ocasião, mas que acabou por criar outra uma marca registrada do SP2, como destaca Pavone: “Além da questão funcional, que era garantir a refrigeração, a equipe conseguiu criar harmonia entre a nova entrada de ar e o vidro traseiro. Assim, quando a gente bate o olho nesse ponto, logo diz: essa é a entrada de ar do SP2”.

Inovação está também dentro do carro

O painel era sofisticado e trazia bastante informações. - MATHEUS SIMANOVICIUS
O painel era sofisticado e trazia bastante informações. (crédito: MATHEUS SIMANOVICIUS)

O VW SP2 trouxe novidades com seu acabamento cuidadoso, bancos revestidos em couro, detalhes em madeira nas alavancas de câmbio e do freio de estacionamento, a alça de apoio para o passageiro e luz de leitura. O painel era em peça única, com partes em plástico e outras emborrachadas, e trazia marcador de temperatura do óleo, amperímetro e relógio. E, no quesito segurança, para dar um exemplo, inovou ao trazer bancos com encosto de cabeça

Com apenas 1,15 m de altura, 1,61 m de largura e 4,21 de comprimento, era bonito e bem diferente, por isso empolgou quem sonhava com um autêntico esportivo nacional e produzido por uma marca forte. (Benê Gomes)

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