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Da lona para a tela

27 de Março de 2021 às 00:01

Da lona para a tela O espetáculo vale-se da metalinguagem para mostrar uma trupe de artistas tentando montar uma peça clássica. Crédito da foto: Divulgação

O espetáculo “A Paixão no Circo”, inicialmente idealizado pelo Circo-Teatro Guaraciaba como peça de teatro, deveria estar a pleno vapor em turnê pelas cidades paulistas mas, por conta do isolamento social, precisou ser readaptado. A solução da trupe sediada na Região Metropolitana de Sorocaba foi transformar o texto em um longa-metragem, que será lançado no YouTube na próxima sexta-feira, 2 de abril -- exatamente a Sexta-Feira da Paixão.

Com essa medida a expectativa é de que o público fiel, conquistado nos 74 anos de trajetória do Guaraciaba, possa matar a saudade e ver novamente os atores em ação. E, se não dá para aplaudir, um clique no botão “gostei” já está valendo. “A primeira ideia era filmar o espetáculo, mas eu propus que fizéssemos todo o material na linguagem do cinema”, revela o diretor de cena do filme, Fernando Neves. “Um espetáculo gravado não tem o mesmo impacto. Então, aproveitamos a gravação para revelar os bastidores do circo-teatro: como é a barraca, mostrar que são os próprios artistas que pintam o cenário e costuram as roupas”, explica.

Com isso, o espetáculo ganhou o objetivo de virar, também, um registro do circo-teatro. E bastou o primeiro dia de gravação para os atores do Guaraciaba e do Coletivo Cê, grupo teatral parceiro no espetáculo, perceberem que seria bem mais intenso do que o esperado. “Para a gente, que é da velha guarda, foi um processo muito difícil”, revela Guaraciaba Malhone, ícone do circo-teatro nacional. “Imagina sair de uma coisa que você fez durante os últimos 70 anos e começar algo completamente novo. Tinha que tomar cuidado com a continuidade, gravar a cena mais de uma vez, esperar parar o barulho externo. Coisas que não existem no circo-teatro”, comenta.

Da lona para a tela Com isso, abre espaço para mostrar cenas de bastidores e, de quebra, registra o trabalho da velha guarda do circo-teatro, casos de Edimea Rocha e Guaraciaba Malhone. Crédito da foto: Divulgação

Mas não foram apenas os atores que enfrentaram obstáculos. Outros aspectos, que não fazem parte do circo, como fotografia, locação e até mesmo o cuidado extra com a trilha sonora, precisou ser desenvolvido. “Tentamos dinamizar ao máximo para que não ficasse tudo gravado na lona”, explica o ator e diretor de fotografia Julio Mello. “Como a peça é uma metalinguagem, contando a história de artistas que tentavam montar um espetáculo, utilizamos o cenário da peça original quando a cena era sobre o espetáculo no filme. Quando a cena era fora da peça, procuramos fazer de uma forma mais realista, com locação.”

Com tudo isso, para muitos integrantes, mais significativo do que o sucesso é ter um valioso registro dos veteranos colegas em ação. “Isso foi mais importante do que tudo. É uma coisa que vai ficar para sempre, um registro da nossa vida. Até hoje eu vejo os filmes do meu pai”, lembra Guaraciaba.

Lives de aquecimento

Para entrar no clima do lançamento, os integrantes do Circo-Teatro Guaraciaba e do Coletivo Cê realizarão lives no Facebook da Companhia. Serão seis encontros virtuais para discutir a trajetória do circo teatro. O primeiro deles é hoje, com o tema “Guaraciaba - Trajetória no Circo-Teatro Brasileiro”. Amanhã (28), é a vez de “O Ator Cômico do Circo-Teatro”; na segunda-feira (29), “Encontro de Gerações do Circo-Teatro”; na terça (30), “A Reinvenção do artista Pós-Pandemia”; na quarta (31), “O Melodrama no Circo-Teatro Brasileiro” -- o horário é sempre das 20h30 às 21h30. Na quinta, às 20h tem a pré-estreia do filme apenas para os diretores, atores e equipe técnica; e na sexta, também às 20h, finalmente o lançamento de “A Paixão no Circo”. (Da Redação)

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