Buscar no Cruzeiro

Buscar

Entenda

Coaching: uma ajuda para crescer

28 de Julho de 2018 às 09:27

Evento Coaching com Alma, em São Paulo, reuniu 2,5 mil pessoas. Crédito da foto: Divulgação / Instagram José Roberto Marques

Nos últimos anos, fazer sessões de coaching virou moda. A técnica tem sido procurada pelos mais variados motivos, seja para resolver questões de carreira como assuntos pessoais. Tem coaching para tudo: familiar, de relacionamento, espiritual, financeiro, esportivo, para concursos, de emagrecimento, corporativo, de recrutamento, de liderança, de vendas... E pra que serve isso? Para alcançar resultados rapidamente. É uma espécie de mola propulsora, em que a palavra-chave é ação.

Antes de falar mais sobre esse universo, vale explicar que a palavra coach vem do inglês e significa treinador. Esse profissional irá aplicar técnicas e usar uma metodologia própria para ajudar os interessados a alcançarem aquilo que desejam. Quem passa pela sessão de coaching, ou seja, o cliente, é chamado de coachee.

Durante o coaching vale usar todo tipo de conhecimento para que o coachee chegue a seu resultado. Por isso o coach agrega diversas ciências como a administração, gestão de pessoas, psicologia, neurociência, linguagem ericksoniana, recursos humanos, planejamento estratégico, constelação familiar, entre outras.

Geralmente durante as sessões, o coachee toma um verdadeiro banho de autoconhecimento e traça, com o auxilio do seu treinador, um caminho para chegar ao seu objetivo. A realização pessoal é a meta e os depoimentos de quem já passou pela experiência são regados de esforço e, claro, vitória.

Não é simples passar pelo processo. Dá trabalho, mas a pessoa vê resultados e mudanças em sua vida. Foi o que aconteceu com o advogado Eduardo Alamino Silva, 34 anos. Ele conta que passou pelo processo durante dois anos, pois precisava de orientação profissional, na área de gestão de pessoas.

Há três anos ele tinha um escritório de advocacia com cinco funcionários. Passou pelo coaching e dois anos depois estava com dois escritórios e 17 funcionários. "Tive de mudar de comportamento, ter um relacionamento mais profissional com os colaboradores e menos pessoal. Também precisei aprender a lidar com o perfil de cada um. A sessão de coaching me ajudou pois eu tinha apenas a visão de advogado e precisava desenvolver o lado de administrador e também fazer a gestão de pessoas, eu tinha muita dificuldade com isso."

Nova profissão

A gerente de vendas Gislaine Cristina Gonçalves, 43 anos, alcançou resultados em sua vida fazendo os treinamentos. É outro caminho para a realização pessoal e o participante ainda fica com certificação, o que significa que pode começar a trabalhar na área. Gislaine comenta que a ideia é aliar a profissão atual com a de coach.

E por falar no coaching como profissão, de acordo com um levantamento realizado pela Sociedade Latino Americana de Coaching (Slac), a média salarial de um coach no Brasil é de R$ 12 mil, considerando o valor da sessão de R$ 200. Os números variam de acordo com a quantidade de clientes por dia e o preço cobrado. No Love Mondays, consta que o salário médio é de R$ 8.122,00 mensal, mas que pode variar de R$ 1.812,00 a R$ 61.442,00, estimativa baseada em 38 salários postados por funcionários para este cargo. Independente de números, é uma profissão que vem cresceu 300% no país.

Gislaine conta que conheceu o coaching porque ganhou um convite de uma amiga, para uma imersão de três dias. Ficou encantada com a experiência. Começou a fazer a formação de coach e fechou pacote para mais dois cursos: Mastercoach e MBA em Gestão de Pessoas.

Busca as formações para se aprimorar. "Quero me entender mais como pessoa, buscar a cura interior e a conexão com meu eu. Vou aprofundar mais nesse processo de coach para ajudar outras pessoas a também se curarem, curarem suas vidas e de suas famílias", afirma.

A gerente de vendas conta que na imersão vivenciou algo muito forte. "Me reconectei com a minha história, vi que eu poderia mudar o contexto da minha vida."

Gislaine conta que o pai morreu há 10 anos, em decorrência de um AVC. "Mas não consegui chegar a tempo de vê-lo vivo, de me despedir dele. Carreguei essa culpa e assumi o papel de pai na minha família para os irmãos e de esposo para minha mãe."

Na imersão, ela sentiu uma conexão forte com a energia do pai. "Deus permitiu que isso acontecesse, pra gente finalizar esse ciclo de forma mais leve e feliz."

Como o coaching conta com um misto de técnicas, entre elas a de constelação familiar, Gislaine percebeu que estava ocupando um papel que não era o dela e acabou liberando isso. "Hoje me sinto muito mais leve, mais conectada como filha, como pessoa."

Para ela, fazer coaching foi um processo de autoconhecimento e autocura mais eficaz que terapia. "Na terapia o processo é contínuo, mas no coaching é imediato. Você consegue se conectar com suas feridas rapidamente, cicatrizá-las e voltar transformada."

Também foi com o propósito de se conhecer melhor e entender coisas que tinham acontecido com ele que Diego dos Santos Lima, 32 anos, acabou conhecendo o coaching. "Vi que posso ajudar o próximo e ser uma pessoa mais feliz, aprendendo a lidar com as emoções."

Diego conta que tinha 14 anos quando estava saindo da escola e tentaram roubá-lo. "Minha reação foi sair correndo, aí levei uma facada nas costas", lembra. Devido ao ferimento, ele se tornou cadeirante. "Minha volta por cima foi ter conhecido o basquete sobre rodas. Vi outras pessoas com deficiências praticando, então disse pra mim mesmo que se eles podem, também posso."

Ele foi integrante da Seleção Brasileira de Basquete sobre Rodas e agora está investindo na carreira de coach. Já fez duas formações e pretende estudar ainda mais. Neste evento, ele foi como anjo, ou seja, voluntário. "A sensação de se doar às pessoas é indescritível. A gente aprende muito". Se deslocou de Santos até São Paulo e ainda deu carona para amigos. "O limite quem determina somos nós mesmos. O impossível é só uma palavra."

Coaching com alma

Muita música, animação, dança, abraços apertados, olhos nos olhos e emoções à flor da pele. Tudo isso regado a palestras com mais de dez horas de duração, durante dois dias. Sim, o evento é intenso, mas como é dinâmico, não rola aquele sono básico nem mesmo depois do almoço.

Assim foi a imersão Coaching com Alma, realizada em São Paulo nos dias 7 e 8 de julho pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC), vivência que a reportagem do Mix teve a oportunidade de acompanhar. A ideia é mostrar um pouco sobre como são as imersões e o processo de coaching, pois durante esse tipo de evento, são passadas técnicas para identificar o que pode ser melhorado em si mesmo. Para quem está aberto a mudanças, é uma oportunidade de autoconhecimento e transformação.

Ministrado pelo presidente do IBC, José Roberto Marques, e seu filho Marcus Marques, o Coaching com Alma contou com participação de 2.500 pessoas. Na plateia estavam também a atriz Cláudia Rodrigues e a empresária Adriane Bonato, ambas acabaram subindo ao palco e contando suas histórias (veja nos quadros).

Entre os diversos ensinamentos, sobre relacionamento, carreira, técnicas de venda, o autoconhecimento foi a tecla principal. Foram lançadas para o público diversas questões, daquelas que ficam martelando na cabeça. O tempo todo a ideia foi provocar reflexões, voltar o olhar para quem nós somos.

Num dado momento, veio mais essa: "A história que você conta de você está intimamente ligada com aquilo que a sua alma verdadeiramente acredita e acha importante. Por isso, honre e respeite a sua história, esse é o primeiro passo rumo a sua evolução."

No final das palestras, é reservado um tempo para meditação. A técnica usada, ao contrário de ser silenciosa, é permeada por muita música e condução feita ora com voz baixa, ora gritando, como um convite para expurgar coisas ruins. Nesse momento, diversas pessoas entram num estado de conexão interior e conseguem superar algumas dificuldades. Há relatos e mais relatos nesse sentido.

José Roberto, o Zé, como gosta de ser chamado, se entrega à meditação que conduz, de tal forma que impressiona. A prática leva em torno de uma hora.

'A alma e o intelecto se unem para construir algo maior'

Master coach trainer e um dos pioneiros em coaching no Brasil, José Roberto Marques, o Zé, é o criador da metodologia Self Coaching ou simplesmente Coaching com Alma. Chegou a ela após muito estudo e pesquisa. Ele se deu conta que o processo de coaching de forma tradicional é feito de maneira dissociada, onde coach e coachee veem o mundo fora de si.

Chegou à conclusão que se o que está fora é a projeção, interpretação ou percepção do que está dentro, quando não cuidamos fora, o que realmente acontece é que não estamos prontos o suficiente por dentro. Por isso o Coaching com Alma aborda a relação do mundo interno com o mundo externo.

Em entrevista para o Mix, ele explicou melhor: "Dentro do ser humano tem uma dualidade: ser bom, ruim, ser luz, sombra, ser côncavo, convexo... Somos tão duais que temos corpo físico e alma. A razão da alma deixar o corpo físico existir e a gente criar um ego, é para que tenhamos nessa dimensão, nessa vida, nessa terra, tempo para evoluir", disse Zé. "É como se uma mente maior, a divindade do homem, o eu quântico ou o eu universal, liberasse para mim um eu racional, intelectual. No entanto a gente não é o intelecto, é uma alma. O intelecto é uma permissão da alma para que a gente viva dentro desse corpo físico. O grande fundamento do ego é se tornar alma de novo", acrescentou.

O criador do Self Coaching ainda esclareceu: "é como se uma mente maior manifestasse no homem uma racionalidade, e essa racionalidade que a gente tem, é para a gente evoluir de novo. Um dia, na evolução, o ego volta a ser alma. O método que criei aceita a dualidade do ser humano. Trabalha a mente consciente e inconsciente, contempla a racionalidade e a emoção, mais a divindade do homem."

Em outras palavras, Zé afirma que a alma e o intelecto se unem para construir algo maior. "Quando formos só luz, não teremos corpo físico, então enquanto tiver corpo físico o ser humano precisa melhorar. Precisamos sempre ir para o próximo nível, mudar para uma fase de mais equilíbrio, mais amor, mais divindade."

Zé conta que iniciou seus estudos e chegou ao método após ter vivenciado uma experiência de quase-morte. "Meu coração parou por alguns segundos. Essa é a história que verdadeiramente curou minha vida. Tive um encontro com o divino, o sagrado, quando eu estava na UTI. Sou um renascido dessa dor profunda. A certeza de estar partindo e não estar pronto, e rogar para algo maior para continuar aqui, porque minha missão não estava concluída, foi a minha razão de não ter ido embora. Eu tinha clareza que ainda não era o tempo".

Foi assim que Zé passou a valorizar a própria história. E é devido às histórias pessoais que em pouco tempo é possível se tornar um coach. Em apenas oito dias de curso a pessoa já está com certificado e pronta para a nova profissão. "O processo não é apenas oito dias, e sim oito dias mais cada dia que você viveu. O processo é se conectar com você em oito dias, porque o coaching é você e não o método." Em poucas palavras, ele ainda definiu o que é ser um coach: "É criar um contexto para manifestar o milagre das outras pessoas."

Ela saiu dos escombros de 11 de Setembro

No dia 11 de setembro de 2001 ela estava em uma reunião no World Trade Center, em Nova York, para tratar do lançamento de um programa de TV. Nesse dia, sua vida mudou completamente. A empresária, advogada e jornalista Adriane Bonato, 44 anos, demorou muito tempo para conseguir falar sobre o que aconteceu naquela data.

Ainda é difícil para ela, mas já consegue expor o que houve. "A gente ainda não sabia o que tinha acontecido. Falaram que tinha fogo na torre e eu comecei a ajudar as pessoas a saírem do prédio. Quando eu fui para o lado de fora, dei de cara com a pior imagem que já vi na minha vida. Naquele dia o prédio estava recebendo uma excursão de crianças, então me deparei com pedaços das crianças no chão. Aí olhei para cima e vi pessoas se jogando"

Quando Adriane tentou prosseguir, acabou caindo parte do prédio e ela ficou embaixo dos escombros. "Naquela ocasião que fiquei soterrada, vi a imagem de Deus, Jesus e o Espírito Santo. Senti que Deus tinha um propósito para mim. Hoje vivo de ajudar outras pessoas."

Conhecer o coaching, diz Adriane, foi o que a levantou. "É autocura, autoconhecimento, autoajuda. Consegui resolver problemas familiares e falar da tragédia. Quando conto o que me aconteceu, falo da minha história de superação, de alguma forma ela serve para as pessoas também. Sempre falo: tenham fé sempre, olhem para o próximo como amam seus filhos."

Adriane conta que quando surgiu em sua vida a oportunidade de fazer coach, foi para ajudar a amiga Cláudia Rodrigues, atriz que empresaria. Hoje ela é master coach com especialização ericksoniana e já viu muitos resultados de melhora na amiga. "Montei um workshop e farei palestra com animação feita pela Claudinha, que levará dois personagens, a beijoqueira Thalia e uma nova, que é uma manicure adventista", conta.

Por falar na atriz e comediante Cláudia Rodrigues, conhecida também por trabalhos como a Ofélia, do Zorra Total, e a Marinete, do seriado A Diarista, entre outros, ela foi convidada a subir ao palco durante o evento Coaching com Alma e contou um pouco da sua luta contra a doença que enfrenta desde o ano 2000, a esclerose múltipla. A atriz fez um transplante de células-tronco em 2015 e continua em recuperação. Já está bem melhor e ensaiando para apresentar uma peça, juntamente com sua filha.

O coaching, para ela, está sendo maravilhoso. Cláudia conta que mudou a alimentação e faz exercícios. "A esclerose múltipla é uma doença degenerativa e no entanto a Cláudia conseguiu que estacionasse e ainda está se recuperando. Ela é um milagre de Deus", afirmou a empresária.

Galeria

Confira a galeria de fotos