O aposentado Aparecido Trindade, 63, trabalhou durante 17 anos no turno da noite, como mecânico de manutenção. Ele fazia manutenção e consertos nas máquinas de uma indústria. Ele conta que nunca fez um teste específico para saber seu perfil do sono, mas conseguiu se adaptar com a rotina. “Eu achava normal trabalhar de noite. No começo foi bem difícil, mas acostuma. Trabalhar nesse turno trouxe muitos benefícios, pois podemos dar uma vida melhor para a família”, afirma. Aparecido já está fora da rotina noturna, mas ele afirma que sente saudade. “Sinto falta porque até hoje ainda tenho reflexo na minha vida da troca do dia pela noite”, relembra.

Nem todo mundo consegue se adaptar ao horário de trabalho noturno, como Aparecido. Afinal, todo mundo já conheceu alguém que passa todo o expediente ou a aula durante o dia com sono e de noite está super ligado. A explicação para isso não está na falta de interesse pelo trabalho ou estudo, mas sim no perfil de sono de cada pessoa. E você sabia que cada pessoa tem um perfil diferente? Sim! Há cinco tipos diferentes de perfis de sono com base em três parâmetros: cronotipo, tempo de sono e distribuição do mesmo ao longo da noite.

É com base no cronotipo que as empresas entenderão quando é o “pico de energia” do funcionário e elas devem se atentar para isso. Para identificar qual o perfil de sono do funcionário, é importante a realização de alguns exames no processo de recrutamento, por meio de uma equipe técnica especializada de saúde no trabalho. Segundo Renan Paiva Moreno, médico do trabalho e diretor da Trabt Mediciana e Segurança do Trabalho, os especialistas aplicarão testes, como questionários e actigrafia (um método não-invasivo para monitorar ciclos de atividade/descanso humano), para entender o perfil de sono do colaborador e se ele está apto para o determinado turno de trabalho pretendido. Dependendo do resultado, exames mais específicos serão aplicados para um diagnóstico mais preciso.

O exame mostrará em que momento o funcionário está com mais disposição e atenção em trabalhar. “Por isso, essa avaliação é tão importante para as empresas, principalmente as que trabalham em regime de turnos, pois obterá a melhor eficiência do seu funcionário, a redução do índice de acidentes de trabalho e a redução da carga de estresse desse colaborador. Se ela conseguir enquadrar esse funcionário exatamente no perfil adequado de atividade, isso permitirá que ele tenha uma melhor qualidade de vida”, explica.

Qual seu perfil de sono?

De acordo com Renan, há cinco perfis de cronotipos. O matutino extremo, em que a pessoa acorda extremamente cedo e dorme também muito cedo, ou seja, acorda por volta das 4h da manhã e às 19h já está na cama. O matutino, caracterizado por pessoas em que, geralmente, o pico de melatonina acontece antes da meia-noite, então ela dorme próximo da meia noite e acorda por volta das 6h da manhã.

O perfil intermediário é aquela pessoa cujo o pico de melatonina se dá um pouco depois da meia-noite e ela geralmente vai acordar em torno das 8h da manhã. Já os perfis vespertino e vespertino extremo são aquelas pessoas que dormem por volta das 5h da manhã e acordam próximo ao almoço.

O outro tipo de classificação é com relação ao tempo de sono. Em média, estima-se que o período adequado de sono é de sete a oito horas de descanso. Mas ocorre que tem pessoas que dormem muito pouco e outras que dormem muito. “O que interessa, no final das contas, é a eficiência do sono, não o tempo total de sono. Algumas pessoas têm poucas horas de sono e se sentem revigoradas. Outras não. Seja qual for, todas essas classificações estão dentro de um range de normalidade. O fato de se enquadrar em um não significa se é normal ou anormal e precisam ser levadas em consideração para uma vida saudável”, completa o médico do trabalho. (Da Redação)