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Fé e devoção

Um santuário para Santa Rita

Sorocabano patrocina construção, em Minas Gerais, do maior espaço dedicado à santa na América Latina

14 de Agosto de 2021 às 00:01
Marina Bufon [email protected]
Complexo de 180 mil m² terá capacidade para sete mil pessoas; inauguração será em maio de 2022.
Complexo de 180 mil m² terá capacidade para sete mil pessoas; inauguração será em maio de 2022. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

O maior Santuário do mundo dedicado à Santa Rita de Cássia, padroeira das causas impossíveis, está sendo construído no município de Cássia, de apenas 18 mil habitantes, no sul de Minas Gerais, com inauguração prevista para os dias 20, 21 e 22 de maio de 2022. O empresário Paulo Flávio de Melo Carvalho, proprietário da Wyda Embalagens e residente em Sorocaba há muitos anos, é quem está financiando inteiramente a obra, iniciada em agosto de 2018 e 85% finalizada.

“Foi uma devoção que veio da minha mãe, que era uma ‘amiga’ de Santa Rita, praticamente, e eu sou uma pessoa que gosta do bem. O bem faz bem e o mal nada traz”, iniciou o empresário, que possui título de cidadão sorocabano e também comendador.

A construção é gigantesca: são mais de 100 mil m² de edificações e 80 mil m² de paisagismo, na região do Alto do Taquaral, com uma vista privilegiada da cidade mineira. A igreja principal terá 40 mil m², com capacidade para receber sete mil pessoas (cinco mil sentadas e duas mil em pé). O espaço ainda terá anexos com sanitários, vestiários, fraldários, velário, a Casa dos Padres e um centro comercial, com espaço para 48 lojas de refeições rápidas e artigos religiosos.

Já o estacionamento terá capacidade para 200 ônibus e mais de mil veículos, além de um heliponto, e o Santuário contará com uma réplica da casa de Santa Rita de Cássia. Estima-se que a obra tenha ultrapassado a casa dos R$ 30 milhões (“não se fala o valor de um presente”, segundo ele) e até uma estrada especial foi aprovada entre a rodovia e o local -- um trecho de seis quilômetros, para comportar a ida dos devotos.

Empresário Paulo Flávio de Melo Carvalho trabalhou em todas as etapas do projeto. - DIVULGAÇÃO
Empresário Paulo Flávio de Melo Carvalho trabalhou em todas as etapas do projeto. (crédito: DIVULGAÇÃO)

Em relação à arquitetura, será “um templo moderno, mas também clássico”, com pinturas em painéis realizadas pelo artista sacro Romolo Picoli Ronchetti, o qual, apesar do nome, é brasileiro. Além disso, haverá ainda 56 vitrais com imagens de Jesus e Santa Rita de Cássia, mais sete rosáceas na cúpula.

“Eu, como nasci em Cássia, parece que fui o escolhido para fazer uma igreja para Santa Rita, mas eu não tinha nenhum pensamento nesse sentido antes, pensava só em deixar algum legado que deixasse alguma marca. Aí pensei, quando fiz 60 anos, em fazer isso”, disse Carvalho, atualmente com 73 anos, que praticamente fez todo o projeto do Santuário.

“Tudo saiu da minha cabeça. Fiz numa prancheta, o arquiteto fez o projeto dele, fomos chegando a um denominador comum. Cada peça que é colocada lá tem o meu dedo. Uma das minhas paixões é a arquitetura”, explicou.

Com a construção do Santuário, estima-se que o turismo religioso, já tão presente na cidade, se acentue ainda mais, com geração de renda para comércios e demais estabelecimentos. Cássia está situada a 392 quilômetros de Belo Horizonte, a 40 de Franca e próxima também de Passos - essa cidade, aliás, já não tem mais hotéis para receber turistas para a inauguração, em maio do ano que vem, segundo o empresário.

O Santuário de Santa Rita de Cássia tem como arquitetos responsáveis Adriano Dias Agushi e Tiago Castro, que se inspiraram em outros imponentes templos religiosos, como Aparecida, no interior de São Paulo, Fátima, em Portugal, e no próprio Mosteiro de Santa Rita, na Itália. Paulo Flávio de Melo Carvalho, proprietário da Wyda Embalagens, possui título de comendador também em Cássia, sua cidade natal e para onde está destinando seu principal presente.

Religiosa é conhecida como padroeira das causas impossíveis

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(crédito: DIVULGAÇÃO)

Santa Rita de Cássia nasceu em 1381, em um vilarejo chamado Roccaporena, na cidade italiana de Cascia. Religiosa desde muito cedo, ela expressava a vontade de se tornar monja, mas o sonho foi adiado pois havia sido prometida em casamento quando tinha apenas 13 anos de idade.

Três anos depois, ela se casou e teve dois filhos. Seu marido, Paulo Ferdinando Mancini, era relatado como rude e de temperamento bruto, tendo sido assassinado pouco tempo depois. Os filhos queriam vingança e a religiosa teria orado a Deus, dizendo que preferia vê-los mortos do que em pecado. Dito e feito: os filhos pegaram peste bubônica e faleceram.

Viúva e sem os filhos, Santa Rita teve o pedido de admissão na ordem agostiniana negado em três oportunidades pelo fato de ter sido mãe, mas enfim conseguiu. Ela faleceu no mosteiro de Cássia em 1457 e sua canonização aconteceu em 1900 - seus restos mortais estão na Basílica que leva seu nome em Cascia, na Itália. Santa Rita de Cássia é conhecida como padroeira das causas impossíveis, protetora das viúvas e santa das rosas.

Seu dia é celebrado em 22 de maio, justamente para quando está prevista a inauguração do Santuário de Santa Rita de Cássia, em Cássia, Minas Gerais, considerado o maior do mundo em devoção à santa. Existem outros locais em sua homenagem, como em Curitiba-PR, Santa Cruz-RN e, claro, a Basílica e o Mosteiro em Cascia, na Itália, onde ela viveu. (Marina Bufon)

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