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Saúde

Verão requer mais cuidado com os olhos

Tomar sol de óculos sem filtro UV pode acabar com as férias de final de ano. Saiba por quê

12 de Dezembro de 2023 às 23:01
Cruzeiro do Sul [email protected]
O uso de óculos com proteção UV pode evitar uma série de doenças nos olhos
O uso de óculos com proteção UV pode evitar uma série de doenças nos olhos (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Ao preparar as malas para viajar à praia, quatro em cada 10 brasileiros carregam os óculos de sol que usam há anos -- ou pior, compram um novo na primeira banca de camelô, sem dar a mínima importância para a procedência. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, de Campinas, isso acontece porque esta parcela da população não acredita que a radiação do sol pode prejudicar a saúde ocular.

O oftalmologista adverte que usar óculos vencidos ou de procedência duvidosa causa mais danos à saúde ocular do que a falta deles. Isso porque, no escuro, as pupilas dilatam e a quantidade de radiação UV que entra nos olhos é maior. Na hora da compra, a forma mais segura de garantir a qualidade das lentes é verificar se têm a certificação ABNT NBR ISO 15111.

Os testes feitos nas banquinhas de camelô não são precisos. O especialista conta que participou de um painel do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) em que a análise de seis diferentes marcas de óculos apontou a conformidade de proteção das marcas avaliadas, enquanto as lentes sem procedência não apresentaram o bloqueio de 100% da radiação UV.

Catarata

A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza o uso de óculos com filtro UV sempre. O índice UV chega a 6 para evitar a catarata, degeneração macular e o pterígio. Queiroz Neto afirma que segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a catarata atinge 25% dos brasileiros com 50 anos. Portanto, não é uma doença só de velhos, acontece também na meia-idade.

A catarata opacifica o cristalino e, no Brasil, responde por 49% dos casos de cegueira recuperável. O único tratamento é a cirurgia, na qual o cristalino opaco é substituído pelo implante de uma lente. O tipo de lente intraocular implantada depende do perfil do paciente e da biometria óptica, exame que mede com exatidão o grau da lente a ser implantado. Por isso, ressalta o médico, “toda cirurgia de catarata é personalizada de acordo com as características e expectativas de cada paciente”.

A doença é multifatorial, salienta. Além da exposição ao sol sem proteção, pode ser causada pelo envelhecimento, trauma no olho, uso contínuo de corticoide, estatina, hipertensão arterial, diabetes, hábito de fumar, tratamentos com radiação, medicamentos fotossensibilizantes, excesso de sal na alimentação e genética.

A visão embaçada é um dos sinais, mas pasme, pode passar despercebida. Se você têm trocado com frequência os óculos, enxerga as cores desbotadas, tem visão dupla em um dos olhos e perda da visão de profundidade, deve passar por consulta com um oftalmologista que vai saber lhe indicar o melhor momento e lente para a cirurgia.

Queiroz Neto afirma que nenhum diagnosticado com catarata escapa da cirurgia, mas, tomando cuidado, é possível adiar a operação. De acordo com os fabricantes a duração do filtro UV, uma película aplicada nas lentes, dura em média dois anos, dependendo do tempo de exposição ao sol. Depois disso vence e deixa de proteger seus olhos.

DMRI

O efeito cumulativo da radiação UV nos olhos também pode causar a degeneração macular relacionada à idade, ou DMRI, maior causa de perda da visão de detalhes. Queiroz Neto afirma que enxergar linhas tortuosas é o primeiro sinal da doença. O diabetes e o colesterol alto não diagnosticados podem dificultar a circulação nos finos vasos da retina e resultar na DMRI.

Por isso o oftalmologista recomenda hemogramas periódicos a partir dos 60 anos. Quem tem casos na família e olhos claros corre mais risco. “Se a doença for diagnosticada no início, a aplicação de laser e injeções antiangiogênicas no olho podem impedir a perda da visão”, salienta.

Pterígio e outras

A exposição dos olhos ao sol também predispõe à formação do pterígio, uma reação de defesa contra o ressecamento provocado pela radiação UV em que a conjuntiva forma uma espécie membrana fibrovascular que cresce sobre a conjuntiva, do canto interno do olho em direção à córnea. “O tratamento é feito com colírios e, nos casos avançados, exige extração cirúrgica para impedir o recobrimento de parte da córnea”, elucida.

Queiroz Neto ressalta que outras alterações podem ser sentidas durante os dias que a pessoa vai ficar na praia. Este é o caso das queimaduras, escurecimento e degeneração da pele das pálpebras, que elevam o risco de desenvolver câncer nas pálpebras, dos mais frequentes no Brasil segundo relatório do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Em estágio inicial, o tratamento é medicamentoso e inclui proteção da pele com filtro solar.

Outra alteração imediata é a fotoceratite, uma inflamação da córnea por queimadura de primeiro grau que geralmente ocorre após seis horas ininterruptas de exposição dos olhos ao sol sem proteção. Os sintomas são olhos vermelhos e ressecados.

O problema é que a fotoceratite não é levada a sério por muitas pessoas porque depois de 48 horas de afastamento do sol, os sintomas desaparecem. Queiroz Neto alerta que a falta de sintomas não significa que o problema foi resolvido. A inflamação provoca o desprendimento de células do epitélio (camada externa da lente externa do olho), e por isso, leva ao seu envelhecimento precoce. (Da Redação)

Saiba como escolher os óculos escuros

O oftalmologista Queiroz Neto afirma que, para pessoas que precisam usar óculos de grau, a opção solar mais prática e eficaz são as lentes fotossensíveis com filtro UV transparentes. A mesmo opção é indicada para proteger os olhos das crianças, inclusive das que não têm vícios de refração. Isso porque, embora o sistema ocular esteja completamente desenvolvido aos 3 anos de idade, a visão é moldada até os 10 anos.

Isso significa que, neste período, o estímulo visual de cores, formas e brilho contribuem para perfeita moldagem da visão que está associada à capacidade de aprender. Por isso, os óculos escuros podem comprometer o processo de desenvolvimento da plasticidade visual nesta fase da vida. Só a partir dos 10 anos os óculos escuros devem ser usados.

O oftalmologista ressalta que bons óculos escuros ajustam a quantidade de luz que chega aos olhos sem alterar a visibilidade. Para o dia a dia, as melhores cores são: âmbar, marrom e cinza, que permitem boa visão de contraste e profundidade, além de reduzirem reflexos.

Para dirigir em dias nublados, lentes cinza são as ideais por permitirem melhor visão de contraste. Para surfistas e adeptos de outros esportes aquáticos, as lentes rosa e púrpura melhoram a visão de contraste em fundos verdes ou azuis. No “lusco-fusco” do entardecer, lentes amarelas reduzem o ofuscamento de motoristas provocados pela luz dos faróis, conclui. (Da Redação)