Saúde
Vacinação contra meningite para crianças é prorrogada em SP
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo prorrogou a vacinação contra a meningite para crianças de até 10 anos e trabalhadores da saúde. No caso do público infantil, a faixa etária foi ampliada pela primeira vez em julho de 2021 e, em julho de 2022, a proteção foi estendida aos profissionais de saúde para aumentar o combate à doença. A medida segue orientação federal.
No calendário de rotina, a vacinação com meningocócica C (Conjugada) deve ser realizada em três doses, sendo as duas primeiras aos 3 e 5 meses de idade, com intervalo de oito semanas entre as doses, e um reforço, preferencialmente, aos 12 meses. Segundo a secretaria, aqueles que não completaram seu esquema vacinal, agora até os 10 anos, podem procurar um posto de saúde mais próximo para atualizar sua carteirinha de vacinação.
“É uma medida importante, considerando a gravidade e a letalidade da doença, independentemente da idade, mas principalmente para crianças e profissionais de saúde. Atualmente, se compararmos com o mesmo período do ano passado, temos aumento de 9% nos casos”, disse Tatiana Lang D’Agostini, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado.
Até o momento, São Paulo registrou 1.140 casos de todos os tipos de meningite, 9% a mais se comparado com o mesmo período de 2022, quando foram confirmados 1.040 casos. Em 2022, a cobertura vacinal para meningocócica C ficou em 77,7%, ante 74,5% de 2021. Neste ano, apenas no mês de janeiro, a cobertura foi de 94,4% no Estado. A meta de cobertura é de 95%.
O que é a meningite?
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, a meningite é um processo inflamatório das meninges (membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal), causado por diversos agentes, tais como bactérias, fungos e vírus.
Casos de meningite devem ser notificados para os órgãos de vigilância diante da suspeita clínica. “O modo de transmissão da doença meningocócica se dá pelo contato direto entre pessoas, por meio de secreções respiratórias de pessoas infectadas, assintomáticas ou doentes”, informou a pasta.
No Brasil, o mais comum é o tipo C (que envolve 80% dos casos), seguido do tipo B. Os tipos A, W e Y são menos frequentes. As vacinas são consideradas a melhor forma de prevenção contra a meningite e são específicas para cada sorogrupo.
“Estar com a vacinação em dia é fundamental. A meningite é uma doença em que é imprevisível saber quem pode evoluir para a forma grave da doença. Desta forma, a melhor forma de prevenção é a vacinação”, afirma o pediatra e infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Meningocócica C x ACWY
Na rede pública, a vacina contra a meningocócica C é administrada em duas doses, aos 3 e aos 5 meses de idade, e reforço preferencialmente aos 12 meses. Pela extensão de público-alvo, caso a criança até 10 anos não tenha se vacinado, deve tomar uma dose do imunizante. Conforme ampliação, os trabalhadores da saúde também recebem a vacina pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Já a vacina meningocócica ACWY está disponível no Calendário Nacional de Vacinação para adolescentes entre 11 e 12 anos, mas, até junho de 2023, quem tem entre 13 e 14 anos também poderá receber a dose. Em crianças menores, a meningocócica ACWY não está disponível na rede pública.
Na rede privada, a vacina que inclui o tipo C é a conjugada quadrivalente ACWY, ao custo médio de R$ 380 por aplicação. Geralmente, é administrada em três doses até 1 ano de idade, dependendo da marca da fabricante. Também é recomendado reforço entre os 5 e 6 anos e outra dose aos 11 anos. Pode ainda ser aplicada em adultos, em idosos e pessoas imunocomprometidas.
Outras vacinas
Embora esteja atrás somente do tipo C em número de casos, em média 20%, a meningocócica B está disponível apenas na rede particular. Ela custa, em média, R$ 600 e é administrada em três doses entre 3 meses e 1 ano de idade. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) também indica a imunização para grupos de alto risco, como portadores de HIV. Pode ser aplicada em adultos até 50 anos. No caso dos idosos, existe a restrição de idade para a aplicação.
Protegendo contra pneumonia e também meningite, a vacina pneumocócica conjugada 13-valente (VPC13) também está disponível apenas na rede privada. Ela custa em torno de R$ 300. Geralmente, é administrada em quatro doses até 1 ano e 3 meses de idade, dependendo da marca da fabricante. Na rede pública, as crianças nesta mesma etária recebem a pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10).
No SUS, a vacina que protege contra 13 sorotipos de pneumococos, está disponível somente para pessoas com idade igual ou maior a 5 anos, incluindo adultos nas seguintes condições: com HIV/Aids, paciente oncológico, transplantados de órgãos sólidos e transplantados de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea). (Estadão Conteúdo)