Borderline
Entenda a síndrome abordada em ‘Todas as Flores’
As pessoas diagnosticadas com a síndrome têm medo de que as emoções fujam do seu controle
Caracterizada por mudanças repentinas e intensas de sentimentos, além de comportamentos instáveis, o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é uma doença mental grave caracterizada por extrema instabilidade de humor, afetos, autoestima, relacionamentos e comportamento. As pessoas diagnosticadas com a síndrome, também chamada de transtorno de personalidade limítrofe, têm medo de que as emoções fujam do seu controle e acabam agindo de forma irracional para conter os sentimentos. O tema será tratado na nova novela da Globo, “Todas as Flores”, de João Emanuel Carneiro, que estreou na quarta-feira passada (19), na Globoplay. Na trama, Joy, personagem vivida por Yara Charry, sofrerá do distúrbio psiquiátrico. Confira a seguir mais informações sobre a síndrome.
O que é o TPB?
Doença mental grave caracterizada por extrema instabilidade de humor, afetos, autoestima, relacionamentos e comportamento.
“Geralmente as pessoas que têm esse transtorno apresentam padrões de relacionamento instáveis e intensos, com um medo de abandono muito grande, uma instabilidade da percepção de si mesmas de sua imagem, com sensação de vazio interno, irritabilidade e labilidade emocional, com comportamentos autodestrutivos e impulsivos, podendo apresentar por vezes comportamentos de automatização e flagelação”, afirma Israel Montefusco Florindo, chefe da equipe de psiquiatria dos Hospitais Leforte Liberdade e Morumbi.
Por que o transtorno recebeu esse nome?
Conforme o Ministério da Saúde, o borderline é uma categoria da psiquiatria que descreve uma determinada sintomatologia. A expressão em inglês significa algo que está “na fronteira” ou “no limite”.
“Recebeu este nome porque essa doença se situa no limite entre a neurose e a psicose. Dito de outra maneira, fica na borda entre neurose e psicose”, explica Valdenir Tofolo, psiquiatra Hospital Samaritano Higienópolis.
Em qual idade geralmente costuma surgir?
No início da idade adulta. “Esse diagnóstico não deve ser feito em crianças ou adolescentes, quando a personalidade ainda está em formação. Porém, em alguns casos, podemos dizer que, em tal adolescente, sintomas e sinais ‘lembram’ transtorno borderline”, acrescenta Tofolo.
Qual a ligação com as vivências do passado?
Conforme o psiquiatra Hospital Samaritano Higienópolis, costuma haver ligação com passado de conflitos acima da média ou abusos de qualquer tipo sofridos na infância e praticados por adultos.
Para Nina Ferreira, médica psiquiátrica com especialização em neurociência, neuropsicologia e terapia cognitiva-comportamental, as vivências da infância sempre têm impacto importante no desenvolvimento da personalidade de qualquer pessoa, portanto também têm relação com o transtorno borderline.
Como diferenciar de doenças como transtorno bipolar e esquizofrenia, por exemplo?
Por meio da história de vida do paciente ou evolução e do exame psíquico. “É muito diferente de transtorno bipolar. O diagnóstico diferencial deve ser feito com esquizofrenia e outros transtornos de personalidade”, afirma Tofolo.
Já Montefusco Florindo esclarece que, para se conseguir fazer o diagnóstico diferencial destas doenças, que possuem quadros e sintomas semelhantes, o fundamental é um seguimento clínico por certo tempo. “Isso ajuda a diferenciar um quadro de outro, ou entender se ambos acontecem ao mesmo tempo”.
Como é feito o diagnóstico?
Por meio de informações sobre a história de vida e do exame psíquico do paciente. Testes psicológicos estruturados costumam ajudar no diagnóstico. Ao observar alguns dos sintomas, o paciente deve procurar um médico especialista. Também podem ser solicitados exames fisiológicos que possam ajudar a descartar doenças que tenham sintomas parecidos.
Tem cura? Quais os tratamentos?
Não tem cura, mas melhora bastante com o tratamento. “O tratamento é composto de psicoterapia individual, orientação aos familiares ou conviventes e medicação, tais como antidepressivos e tranquilizantes, sempre com indicação e orientação de um especialista. Por vezes, pode ser necessária a internação em clínica psiquiátrica”, acrescenta Tofolo. (Da Redação)