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Saúde

Criança também pode ter reumatismo

Campanha da Sociedade de Reumatologia destaca o diagnóstico precoce como melhor maneira de prevenir a doença

20 de Outubro de 2021 às 00:01
Da Redação [email protected]
Os médicos vão trabalhar nas unidades de saúde da rede municipal e nos demais serviços que compõem a SES
Os médicos vão trabalhar nas unidades de saúde da rede municipal e nos demais serviços que compõem a SES (Crédito: Divulgação/ Sociedade Brasileira de Reumatologia)

Ao contrário do que diz o senso comum, as doenças reumáticas podem acometer pessoas de qualquer idade. Esse é um dos alertas da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), na campanha lançada este mês, considerado período de luta contra estas doenças. “Reumatologista. Comprometido até os ossos com seu bem estar” é o tema da ação.

As doenças reumáticas acometem mais de 15 milhões de pessoas no Brasil, afetando o aparelho locomotor -- articulações, ossos, músculos, cartilagens, tendões e ligamentos. Ao todo, os distúrbios reumáticos se expressam por dor, inchaço e rigidez nas articulações. Artrite, artrose, osteoporose e lombalgias estão entre as doenças mais comuns.

A campanha visa desmistificar alguns conceitos erroneamente disseminados na população, como associação com idade ou gênero: a doença reumática não afeta (somente) idosos; acomete qualquer pessoa, seja criança, jovem e adulto de qualquer idade; homens e mulheres.

“O objetivo da campanha é mostrar à população a importância de não perder tempo no diagnóstico e tratamento dessas enfermidades, o que implica em sofrimento e dor para o paciente. A rapidez na identificação da doença reumática é fundamental”, ressaltou o presidente da SBR, o médico reumatologista Ricardo Xavier.

“Existe o mito de que as doenças reumáticas, que são popularmente chamadas de reumatismos, é uma coisa de velho, quando na verdade, podem afetar todas as faixas etárias”, enfatiza o médico. Ele explica que o mais comum nos jovens e nas crianças são as artrites enteropáticas juvenis, “que são as artrites mais definidas até pelo comprometimento que se inicia antes dos 16 anos de idade, compreende também alguns tipos de artrites com diferentes manifestações, mas o principal sintoma é o processo inflamatório na articulação levando à dor, ao inchaço e à rigidez”.

Existem outras doenças que afetam também os jovens, como o lúpus eritematoso sistêmico. “Pacientes jovens também podem ter quadros de fibromialgia; um outro grupo de doenças são as chamadas doenças autoinflamatórias, pelas quais as crianças podem ter quadros de febres intermitentes, febres cíclicas também associadas com dores nas articulações. Esses provavelmente são os quadros que vemos com mais frequência”.

Tipos mais comuns

Os distúrbios reumáticos compreendem cerca de 120 doenças, entre elas a artrite, a osteoartrose, a osteoporose e as lombalgias. “Muitas outras também são prevalentes como a própria fibromialgia e a gota. Não se pode dizer que existe alguma doença reumática que tem a maior prevalência na população brasileira, mas o lúpus eritematoso sistêmico é uma doença que pode ser exacerbada pela exposição solar. Como o Brasil é um país que tem bastante exposição solar, a doença é bastante comum”, comenta Xavier.

O sobrepeso e a obesidade também podem levar a pessoa a ter doenças reumáticas. “Algumas doenças reumáticas estão associadas à obesidade, como a própria gota, por exemplo, a osteoartrite de joelhos e quadril,causadas pela sobrecarga do peso”, adverte o reumatologista.

Sintomas e tratamentos

Os sintomas das doenças reumáticas mais característicos são a dor e a limitação da função nas articulações. Mas isso não é apenas sintoma, detalha Xavier. “As doenças reumáticas compreendem mais de 120 doenças, com variados tipos de manifestações que podem ou não ter um comprometimento do que a gente chama de sistema músculo-esquelético, que são músculos, tendões, articulações e os ossos em geral”.

O quadro que mais leva pacientes aos consultórios médicos é a dor persistente, nota Xavier. “Toda dor nas articulações ou dor em qualquer parte dos membros dos músculos, tendões, ossos, que dure mais de duas a três semanas, é um bom motivo para a gente buscar a atenção médica, se possível com reumatologista”.

Um dos mitos que a campanha pretende desfazer é que não adianta tratar, pois não tem cura. “[Mitos] como, por exemplo: reumatismo não tem cura, não tem jeito, não precisa buscar atenção médica porque não adianta que não vai ter nenhum resultado. Quando na verdade, muitas doenças reumáticas têm terapias muito eficazes”, diz Xavier.

A maioria das doenças reumáticas têm um caráter crônico, mas há tratamentos eficazes, frisa o presidente da SBR. “Na maior parte, as doenças reumáticas têm um caráter crônico e persistente e por isso não têm uma cura, como a maior parte das doenças crônicas, como o diabetes, a hipertensão, mas são perfeitamente tratáveis. Ou seja, os seus sintomas podem ser controlados com diversas terapias”.

O tratamento pode levar um período longo, mas muitas doenças reumáticas entram em remissão. “No caso da gota, claro, vai demandar um uso continuado de medicação, na mesma maneira convencional para hipertensão, ou diabetes. Muitas [doenças] têm períodos de exacerbação e de remissão, ou seja, desaparecem e podem retornar”, observa o médico.

O médico reumatologista é o mais indicado para tratar as doenças reumáticas, mas, na impossibilidade, o paciente deve procurar um clínico geral ou um ortopedista. “E aí sim, o encaminhamento terapêutico, confirmando uma doença reumática, deve ser conduzido pelo reumatologista”, finaliza o especialista. (Da Redação, com Agência Brasil)