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Saúde

Um gesto humanitário

Campanha nacional estimula famílias a discutir sobre a importância de doar órgãos

29 de Setembro de 2021 às 00:01
Agência Brasil
No ano passado, recusa de doações após morte encefálica foi de 37,8%.
No ano passado, recusa de doações após morte encefálica foi de 37,8%. (Crédito: DIVULGAÇÃO / MINISTÉRIO DA SAÚDE)

O Ministério da Saúde lançou na segunda-feira (27), Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma nova campanha para incentivar o gesto. Neste ano, as peças publicitárias têm como foco estimular quem deseja doar a conversar com seus familiares.

Isso porque, pela legislação brasileira, não adianta deixar expresso em documento -- ou mesmo registrado em cartório -- o desejo de realizar a doação de órgãos, pois a palavra final caberá sempre aos parentes, lembrou o ministro da Saúde substituto, Rodrigo Cruz. “É preciso conversar com a família para que esteja ciente da sua vontade e que doe”, enfatizou.

De acordo com dados da pasta, em 2020, o índice de recusa à doação de órgãos pela família ficou em 37,8% dos casos com morte encefálica identificada, que é quando cessa a atividade cerebral do paciente -- momento que torna o quadro irreversível, mas que ainda permite a extração de órgãos e tecidos em bom estado.

O índice vem apresentando ligeira redução ano a ano, tendo ficado em 41,3% em 2018 e em 39,4% em 2019. Além da campanha, é necessário aprimorar ainda mais a capacitação dos profissionais de saúde responsáveis por abordar as famílias ainda dentro das unidades hospitalares, destacou a coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes, Arlene Badoch.

Outro ponto a ser melhor trabalhado, destacou Arlene, é a identificação da morte encefálica. Estima-se que, no Brasil, ocorram mais de 9 mil mortes encefálicas que propiciem a doação de órgãos, mas que passam em branco pelos profissionais de saúde. Outro desafio é a redução das paradas cardiorrespiratórias do paciente durante o processo de doação, o que pode prejudicar a viabilidade dos órgãos. Hoje, o País registra um índice de ocorrências na casa de 14%. “Nossa ideia é trabalharmos com índice de 5%”, disse Arlene. “Teremos no mínimo 500 doadores a mais, só mudando essa realidade, que depende diretamente das partes intra-hospitalares”, avaliou.

Fila de espera

O Brasil possui hoje 53.218 pacientes na fila por um transplante de órgãos. A grande maioria (31.125) aguarda para receber um novo rim. Em seguida, vem a fila por um fígado (1.905). No País, estão registradas ainda 365 pessoas à espera de um coração e 259 de pulmão.

Até o momento em 2021, foram realizados 5.626 transplante no Brasil, segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes. O número representa uma recuperação em relação aos 3.937 procedimentos realizados no ano passado, quando houve uma queda brusca no número de doadores devido às restrições provocadas pela pandemia de Covid-19. Em 2019, foram realizados 7.715 transplantes.

De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), a taxa de doação caiu 26% em 2020, se comparado a 2019. Essa queda foi observada para todos os órgãos e tecidos. (Da Redação, com Agência Brasil)