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Saúde

Câncer não respeita idade

Tumores malignos já estão entre as principais causas de mortes de crianças e adolescentes

15 de Setembro de 2021 às 00:01
Da Redação [email protected]
Oncologista alerta para os sintomas da doença e para a importância do diagnóstico precoce.
Oncologista alerta para os sintomas da doença e para a importância do diagnóstico precoce. (Crédito: SUMAIA VILLELA / AGÊNCIA BRASIL)

Embora o câncer em crianças e adolescentes seja uma doença rara, ele é responsável pela maioria das mortes também nas faixas etárias mais jovens. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a proporção já chega a cerca de 8% do total de óbitos entre pacientes de até 19 anos de idade.

“É a primeira causa de morte por doença no Brasil e nos países desenvolvidos. Ele [câncer] só perde para causas externas, como traumas, e outros agentes externos”, explicou nesta segunda-feira (13) a oncologista e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope) Flávia Martin, destacando que o mês de setembro é reservado à conscientização e combate ao câncer infantojuvenil.

Os três tipos de câncer mais comuns entre crianças e jovens, por ordem de frequência, são leucemias, tumores no Sistema Nervoso Central (SNC) e linfomas.

A doutora Flávia Martins recomenda que, para fazer o diagnóstico precoce, é preciso prestar atenção na criança e no que dizem os pais, pois há tempos variados de diagnóstico. Os primeiros consistem no reconhecimento dos sintomas pelos pais e no atendimento médico não especializado da criança em um hospital, pronto-socorro ou Unidade Básica de Saúde (UBS). Em seguida, vem o atendimento complexo, com o diagnóstico final.

Reconhecimento

A oncologista alerta que o reconhecimento dos sintomas pelos pais é muito importante. “Prestar atenção em febres contínuas. Lembrar que a criança tem, sim, febres, tem viroses, infecções, mas elas duram, no máximo, entre três e cinco dias, e não costumam deixar a criança prostrada, não costumam causar dor”.

Outro sinal importante, segundo a médica, é a palidez. “Quando a criança está um pouquinho descorada e menos ativa, os pais devem levar em consideração e buscar uma avaliação médica. Qualquer sintoma neurológico, como estrabismo, quando a criança fica vesguinha, ou a criança reclamar de alteração visual súbita e dor de cabeça deve ser investigado”.

Flávia Martins ressaltou que a “dor é coisa de adulto, isso não é coisa de criança. Criança, para ter dor, tem que ter alguma justificativa e essa dor tem que passar por uma investigação”.

A oncologista reconheceu que os sintomas de alerta são mais fáceis de serem detectados pelos médicos. Já os sintomas mais comuns a outras doenças, como febre e dor de barriga, acabam passando despercebidos.

Qualidade de vida

Estatísticas do Inca para o triênio 2020/2022 estimam 8.460 novos casos por ano de cânceres infantojuvenis, sendo 4.310 para o sexo masculino e 4.150 para o sexo feminino.

Segundo o Instituto, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência nas últimas quatro décadas foi extremamente significativo. “Hoje, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado”, informa o Inca.

A oncologista Flávia Martins lembrou que é importante não só a criança ser curada, mas manter qualidade de vida, com capacidade funcional. “Porque não basta curar. A gente tem que promover que essa criança chegue a ser um adulto e até um idoso saudável. Então, quanto mais precocemente a gente encontrar aquele tumor do sistema nervoso central, aquela leucemia, a gente vai, muitas vezes, poder planejar o tratamento de forma que a criança seja menos espoliada, sofra menos agressões”. 

Sorocaba cria programa inédito de atividades físicas

Em Sorocaba, o Setembro Dourado marca a oficialização de parceria entre a ong internacional Maple Tree Brasil e o Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci) para o desenvolvimento de um programa de exercícios físicos destinado a crianças da faixa dos cinco aos 12 anos em tratamento oncológico. As atividades deverão ter início em outubro e incluem os familiares dos pacientes. Sorocaba será a primeira cidade do mundo a oferecer esta atividade de forma presencial.

Diversos estudos indicam que a prática de exercícios físicos é segura e pode ser feita durante o tratamento do câncer, desde que a pessoa não tenha restrições. Mais do que uma terapia, manter-se fisicamente ativo melhora o desempenho físico, a qualidade de vida do paciente, o equilíbrio, a circulação sanguínea, a autoestima, o humor e os relacionamentos sociais.

Contudo, um programa de exercícios físicos deve ser elaborado por profissionais da área, em conjunto com oncologistas clínicos, levando em consideração o estilo de vida do paciente antes da doença e seus limites diante da nova realidade. Somente assim, ele se tornará seguro, eficaz e agradável. Em outras palavras, “a prática de atividades deve ser adaptada aos interesses e necessidades de cada um”, de acordo com a oncologista e dirigente da Maple Tree Brasil, Alice Francisco.

No Brasil, a sede da ong está localizada em Sorocaba. Seu pilar é o acolhimento aos pacientes oncológicos em seu momento de maior vulnerabilidade. “Criamos programas de exercícios individualizados e gratuitos para ajudar as pessoas com câncer durante a sua recuperação”, ressaltou a oncologista Gabriela Filgueiras Sales, vice-diretora da Maple Tree. Ela ressalta que o programa também oferece orientação nutricional para aliviar alguns dos principais efeitos colaterais do tratamento do câncer. (Da Redação, com Agência Brasil)