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Saúde

14x9 é o novo patamar da hipertensão

Cardiologia reforça controle sobre a doença que mata cerca de 400 mil brasileiros por ano

28 de Abril de 2021 às 00:01
Da Redação [email protected]
Após os 60 anos, as mulheres são as mais sujeitas à pressão alta.
Após os 60 anos, as mulheres são as mais sujeitas à pressão alta. (Crédito: DIVULGAÇÃO / SOCESP)

A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) iniciou na segunda-feira (26) -- Dia Nacional de Controle da Hipertensão Arterial -- mais uma campanha de orientação sobre a doença. Segundo a entidade, a hipertensão está associada a 45% das mortes por complicações cardiovasculares no Brasil. Isso equivale a cerca de 400 mil óbitos anuais. A Socesp estima que 25% dos brasileiros sejam hipertensos e que, após os 60 anos de idade, este percentual gire em torno de 65%. Nas faixas etárias mais jovens, a pressão arterial (PA) é mais elevada entre homens, mas as mulheres são as mais sujeitas à pressão alta entre os idosos.

A importância em relação ao controle da PA fez com que os cardiologistas determinassem padrões mais rígidos em relação a aferição para classificar a hipertensão arterial. Era considerada hipertensa a pessoa com “máxima” (pressão sistólica) igual ou acima de 140 e mínima (diastólica) até 90 mmHg (=14x9). “O novo parâmetro, porém, apresenta o indivíduo como pré-hipertenso com pressão máxima entre 13 e 13,9 e mínima entre 8,5 e 8,9. A pressão ideal agora é a que registra números abaixo de 12x8. As faixas entre 12 e 12,9 e 8 e 8,4 são consideradas normais, mas não ótimas. Aqueles que registram estes parâmetros nas medições em consultório, serão orientados a iniciar o controle”, esclarece o assessor científico da Socesp, Rui Póvoa.

Segundo o cardiologista, o tratamento da hipertensão arterial é simples e eficaz, apesar das consequências graves que ela causa, e envolve mudanças no estilo de vida e introdução de medicamentos anti-hipertensivos, que causam pouco ou nenhum efeito colateral. “O maior problema é que a doença é assintomática e, em muitos casos, as pessoas não assimilam que precisam se tratar. Boa parte segue a vida e só toma uma atitude depois que a hipertensão já causou estragos, como um Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou infarto”, destaca o assessor científico da Socesp.

Prevenção

A hipertensão arterial tem uma relação direta entre o sedentarismo, sobrepeso e obesidade, dieta inadequada, ingestão de sódio e potássio, álcool, tabagismo e pouca espiritualidade.

O sedentarismo é um dos dez principais fatores para a mortalidade global, causando cerca de 3,2 milhões de óbitos/ano. “Os adultos são aconselhados a fazer 150 minutos de atividades físicas moderadas ou 75 minutos de exercícios mais vigorosos semanais. Os aeróbicos -- caminhada, corrida, ciclismo ou natação -- devem tomar 30 minutos diários, de cinco a sete dias por semana”, orienta o cardiologista.

A obesidade e a gordura abdominal estão associadas ao aumento do risco de hipertensão. Por outro lado, a redução de peso promove a diminuição da pressão arterial, tanto naqueles com pressão normal como em hipertensos.

O uso excessivo de sódio é apontado como o mais relevante para o desenvolvimento da doença. A recomendação da OMS é de apenas 5 gramas por dia, o equivalente a uma colher de chá, mas o brasileiro consome o dobro (cerca de 10 gramas/dia). “É preciso ficar atento aos rótulos dos alimentos processados, onde 80% do consumo diário de sal ocorre. A moderação do sódio é um eficiente meio de controle da hipertensão e das doenças cardiovasculares, sendo que o efeito redutor é maior em negros, idosos e diabéticos”, lembra Rui Póvoa.

Já o consumo excessivo de álcool é responsável por até 30% dos casos de hipertensão arterial e a ingestão responsável deve ser limitada. No caso do tabagismo, a nicotina gera ativação do sistema nervoso simpático e provoca aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial e da contração do músculo cardíaco.

“A medicina também considera que fatores psicossociais, como o estresse, podem contribuir para a hipertensão arterial, assim como a espiritualidade. Já há evidências científicas de que valores morais, emocionais, comportamentais, além de atitudes com relação aos estímulos sociais podem interferir benéfica ou maleficamente no controle da pressão”, finaliza o assessor científico da Socesp. (Da Redação)