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Respeitar e acolher as diferenças é muito importante

28 de Março de 2021 às 00:01
Jéssica Nascimento [email protected]

Respeitar e acolher as diferenças é muito importante Mariana Antiquera, autora de “Sou um pouco mais que diferente”. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

Inclusão. Você já ouviu essa palavra? De acordo com o dicionário, inclusão é a integração de pessoas que possuem necessidades especiais ou específicas em uma sociedade. Na prática, uma pessoa pode promover a inclusão ao respeitar e acolher as diferenças do próximo. Você faz isso? Precisa! Até porque todas as pessoas são diferentes, seja pelo gênero, pela aparência ou pela forma de viver. E todas elas merecem respeito. Há ainda diferenças que merecem acolhimento em dose dupla, como as pessoas com deficiência, que possuem limitações físicas ou intelectuais. Elas merecem carinho e atenção especiais. Não podemos desrespeitar ou magoar alguém pelas diferenças. É justamente por elas que devemos promover a inclusão.

É isso que a profissional de marketing Mariana Santana Antiquera, de 31 anos, tem feito todos os dias. Ao lutar pela inclusão das pessoas com deficiência, a dançarina escreveu o livro “Sou um pouco mais que diferente”, onde trata sobre a inclusão na infância. Por meio da personagem Bia, a obra ensina um pouco mais sobre esse universo. Diagnosticada com paralisia cerebral, deficiência que afeta o desenvolvimento motor e cognitivo, Mariana narra passagens de sua vida no livro e ensina crianças a respeitarem os deficientes, já que, para ela, mesmo diferentes, todos somos todos iguais.

Voltado ao público infantil, o livro traz situações vivenciadas por Mariana na infância para explicar aos pequenos como é ser uma pessoa com deficiência. Isso porque, segundo Mariana, as crianças são curiosas e até questionam sobre as diferenças existentes. “Eu percebo que as crianças olham (para as pessoas com deficiência) com olhar de curiosidade, elas não têm preconceito, têm curiosidade. E esse livro é uma forma de explicar um pouco sobre isso. A personagem explica todas as curiosidades que as crianças, e até os adultos, têm sobre os deficientes”, destaca.

Desde pequena, Mariana possui algumas limitações, como dificuldade para andar e falar, por exemplo. “Comecei andar aos 5 anos com muita dificuldade. Aos 11 anos, quebrei a patela (um osso do joelho) e ficou mais difícil o caminhar, então comecei usar cadeira de rodas”. Mas isso não a impediu de buscar seus sonhos. Apaixonada pela arte, a profissional de marketing se descobriu na dança, ainda na infância. Mariana subiu ao palco pela primeira vez aos 5 anos. E não parou por aí. Ela segue até hoje se apresentando e dançando pelos palcos do Brasil, inclusive no Festival de Dança de Joinville, o maior do País. “Percebi que era isso que queria para a vida”.

Foi por meio da dança que Mariana percebeu a necessidade de lutar pela inclusão das pessoas com deficiência. “Das 5 mil crianças que participavam de um projeto de dança em Campinas, eu era a única deficiente. E eu tinha que fazer alguma coisa para mudar isso”. Desde então, Mariana segue quebrando preconceitos e promovendo a inclusão. “Quando terminei a faculdade, comecei a levar isso muito a sério. E a arte é a melhor forma de incluir, porque ela mexe direto com os sentimentos. A inclusão não é só pra mim, é pra todo mundo. Se eu posso fazer alguma coisa para mudar o olhar do mundo, eu vou fazer”, ressalta.

Respeitar e acolher as diferenças é muito importante Sérgio Lima Júnior leva uma vida normal. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

O Sérgio Augusto de Almeida Lima Júnior, de 15 anos, matriculado no 1º ano do Ensino Médio, também diagnosticado com paralisia cerebral, supera os próprios limites para seguir os seus sonhos. “Tenho poucas limitações. Afetou mais a parte motora inferior, como as pernas e os pés. Mas consigo andar. Não sou cadeirante e não uso muletas”. Desde os dois anos, o garoto passa por acompanhamento fisioterapêutico na Terapêutica de Grupos de Habilitação e Reabilitação (Integrar), em Sorocaba. “Vivo uma vida normal. Sempre fui muito estimulado. Nunca sofri discriminação”. Ao longo da vida, Sérgio sempre contou com a ajuda da família e dos amigos. “Tenho muitos amigos”.

Assim como Mariana, Sérgio também percebe o olhar curioso das crianças, que gostam de saber porque ele é diferente. Nesses casos, ele aconselha que as crianças perguntem de forma respeitosa, sem magoar a pessoa com deficiência. “Se as crianças entenderem desde pequenas que as diferenças existem, elas vão aprender a respeitar a todos”, destaca ao dizer que as crianças precisam conhecer as diferenças. “Há pessoas que não podem andar e que não podem enxergar. E isso é normal. O importante é respeitar todo mundo, porque ninguém é igual, todo mundo é diferente”.

Respeitar e acolher as diferenças é muito importante Isabelly Corrêa: todo mundo merece ser feliz. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

A Isabelly de Souza Corrêa, de 10 anos, que está no 5º ano do Ensino Fundamental, convive com a Síndrome de Down e também diz que precisamos respeitar a todos igualmente. A assistida pela Apae de Sorocaba conta que fica muito brava quando vê alguém desrespeitar as pessoas. “Não se pode magoar e xingar as pessoas por ser diferente. Elas ficam tristes. E as pessoas tem de ser felizes. Todo mundo merece ser feliz. E todo mundo é diferente. As pessoas diferentes acabam se completando. Então, tem que respeitar as pessoas e as diferenças. Eu tenho amigos diferentes, uma usa óculos, uma é loira e outra é morena. E não pode magoar os amigos, é muito feio. As pessoas tem que estar feliz, triste não”, completa.

É para combater o preconceito que Mariana dedicou-se à produção do livro “Sou um pouco mais que diferente”, ilustrado pelo artista Gui Simões, de Minas Gerais. Isso porque, segundo a autora, algumas situações ainda machucam. “Tipo julgar a pessoa com deficiência como incapaz de trabalhar, de ter uma infância feliz ou de ter uma relação”. Mais uma vez, Mariana reforça a necessidade de respeitar o próximo. “Uma pessoa com deficiência nada mais é do que uma pessoa com alguma limitação. E limitação não significa limite para viver. Deficiência existe, sempre vai existir, porém são as diferenças que tornam as pessoas iguais”, finaliza. (Jéssica Nascimento)

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