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O sentido das coisas

19 de Abril de 2020 às 00:01

O sentido das coisas Crédito da foto: Divulgação

Vanessa Marconato Negrão 

Eu tenho uma história de amor antigo com os dicionários. Meu primeiro dicionário eu já ganhei velhinho, caindo aos pedaços. Era uma versão completa gigante, com mais de 1.500 páginas. Eu, curiosa que era, me debruçava sobre ele, avariando ainda mais as páginas gastas, sempre acompanhada de outro livro.

Achava fantástico que uma coleção tão grande de palavras coubesse no meu colo.

Meu filho, em idade de criança curiosa, me pede a definição de no mínimo umas 20 palavras por dia. Ele nunca que fica satisfeito com as minhas explicações. Esses dias, cansada de responder, dei-lhe o meu antigo dicionário para que ele mesmo as procurasse.

Claro que não foi tarefa fácil pra um menino de 7 anos, que demorou mais de 15 minutos pra encontrar o que buscava. Ele me perguntou, então, se não tinha um dicionário mais fácil. Eu, que nunca nego um livro, fui procurar um dicionário mais adequado e voltei com esse.

Andersen era um grande inventor e estava descontente com as definições de palavras que encontrava nos dicionários, igualzinho meu menino daqui de casa. Só que Andersen foi além e criou seu próprio dicionário. Ele deu sentido às palavras de acordo com seu entendimento. E ficou fantástico, vejam só um exemplo: “Galo: é um animal que ainda não foi informado de que já foi inventado o relógio-despertador”.

Já convidei o menino meu filho a criar seu próprio dicionário -- e ele já começou. Quando estiver pronto eu mostro pra vocês.

“O dicionário do menino Andersen” foi escrito por Gonçalo M. Tavares, ilustrado por Madalena Matoso e publicado pela Editora Sesi.

Vanessa Marconato Negrão  é professora e apaixonada por literatura infantil.