Manuela sabe o telefone dos pais. Já seu irmão Lorenzo não sabe o que faria se os perdesse de vista. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

Algum dia você já se perdeu dos seus pais ou imaginou o que faria se acontecesse algo assim? Esse papo parece meio chato, mas sabia que no Brasil são registrados, em média, 50 mil casos de desaparecimentos de crianças e adolescentes por ano? Bastante, não é mesmo? No mundo todo, são 25 milhões de desaparecimentos, conforme informações divulgadas pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Para lembrar sempre da importância de orientar sobre esse tema e também tentar encontrar os desaparecidos, foi criada uma data. Segunda-feira passada, 25 de maio, foi o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas. Na ocasião, foi realizada a campanha “Football Cares” (O futebol se importa, em inglês). A iniciativa, do Centro Internacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas (ICMEC) reuniu 200 times de futebol, de 60 países, que divulgaram fotos das crianças no Twitter. O Brasil participou com 14 times, foi o segundo país que mais teve participação, ficando atrás apenas da Inglaterra. Legal saber que os jogadores brasileiros estão envolvidos com boas causas, né?

A ideia de divulgar fotos na internet começou no ano passado, com o time italiano AS Roma. A boa notícia é que seis crianças foram localizadas nos meses seguintes. Também é importante prevenir esse tipo de acontecimento. Por isso, o Cruzeirinho de hoje resolveu falar do assunto, para você ter mais informações e saber o que fazer num caso assim.

Mantenha-se longe de estranhos

Você sabe o que acontece com as crianças que desaparecem? Talvez seus pais não tenham dado detalhes, mas eles se preocupam com seu bem-estar e por isso sempre que podem estão alertando sobre perigos. Crianças que se perdem podem ser encontradas por adultos com más intenções. Também o mesmo acontece com crianças que aceitam coisas de estranhos. Eles podem levá-las embora para maltratar, para trabalharem para eles como escravas, por exemplo.

Yuri tem estratégias para se virar e sabe o endereço de casa. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

Muitas crianças já foram orientadas pelos seus pais e sabem como fazer. Yuri Maciel Martins, 9 anos, disse que se estivesse perdido, iria procurar um guardinha para falar no rádio e encontrar seus pais. “Se eu estivesse na praia, iria até o salva-vidas”, conta. Já se fosse num passeio pelo centro da cidade, ele ficaria no mesmo lugar onde viu os pais pela última vez ou, se soubesse para onde estavam indo ou voltando, ele iria até lá. Se não desse certo nada disso, ele pediria ajuda para alguém.

Yuri sabe o endereço de casa, só não sabe o número do celular dos seus pais. “Minha mãe sempre fala pra mim para nunca falar com estranhos. Até para pedir ajuda, se a pessoa ficasse me olhando com um olhar estranho eu desconfiaria”, afirma. Ele ainda disse que mesmo ao sair da escola, só iria com algum parente ou vizinho se a sua mãe o avisasse antes.

Gustavo Tavares Narzisi, 7 anos, afirma que se estivesse perdido iria gritar muito alto. Se não adiantasse, iria chamar o guarda. “Minha mãe falou que uma vez já se perdeu da mãe dela quando pequena e pediu ajuda”, conta. Questionado sobre o motivo que gostaria de encontrar seus pais, Gustavo disse que é porque não sabe onde iria morar. “Eu tenho muito medo de dormir sozinho, ainda mais no escuro. De jeito nenhum eu ficaria na rua, dormir no chão é duro, né?”, comenta.

Gustavo gritaria bem alto em busca dos pais. Sua irmã Gabriela não saberia como agir caso se perdesse. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

No entanto, se precisasse da ajuda de alguém, Gustavo confessa que sempre esquece o nome da rua onde mora. Ele também disse que não sabe o nome do bairro onde mora, mas sabe de cor o telefone da mãe. “Não pode aceitar nada de estranho, porque ele pode levar você embora. Se um estranho se aproximasse de mim oferecendo algo, eu chutaria ele até me devolver pra casa”, disse. Isso porque ele sabe que seu pai e sua mãe estariam muito preocupados. “Então eu queria ficar com meus pais.”

Gustavo se perdeu uma vez dos pais, quando tinha entre 2 e 3 anos. Ele estava num espaço para crianças, com monitor, mas como queria ir até seus pais, saiu dali em busca deles. Foi parar na rua. A sorte dele e de seus pais é que um guardador de carros o encontrou e levou de volta ao lugar. Sua irmã, a Gabriela, de 3 anos, disse que não sabe o que faria numa situação dessas e não lembrava se a mamãe e o papai tinham falado disso com ela. Gabriela acha que aceitaria coisas de estranhos.

Lorenzo Vasques Petti Furlan, 4 anos, não sabe o que faria se perdesse de vista os seus pais. “Estou pensando... Eu seguiria o barulho do relógio do meu pai e aí o encontraria. Eu também subiria no lugar mais alto que tivesse para observar onde eles estão”, disse.

O pequeno sabe que não pode aceitar bala de estranho. Questionado sobre o motivo, ele disse: “Porque Deus não gosta e tem pessoas que querem pegar a gente.”

Sua irmã, a Manuela, de 8 anos, afirma que se estivesse perdida, mas com o seu celular, ela ligaria direto para os pais e, caso não conseguisse falar com eles, ligaria para a polícia. Se estivesse sem o aparelho, buscaria por um guarda ou segurança. Manuela afirma que não sabe o nome da rua onde mora e nem o bairro, mas sabe o nome do prédio e decorou o celular dos pais.

Os irmãos Júlia e João Guilherme sabem bem que não devem aceitar nada de pessoas estranhas. Crédito da foto: Arquivo Pessoal

Outro casal de irmãos também está bem orientado sobre o tema. A Júlia de Almeida, 10 anos, e o João Guilherme, de 6 anos, sabem que não devem aceitar coisas de estranhos. Júlia disse que “as pessoas desconhecidas somem com as crianças e elas nunca mais voltam para casa”. Ela afirma que se um dia isso acontecesse, encontraria alguma forma de pedir ajuda. Sobre se perder dos pais, ela confidencia que nunca parou pra pensar sobre isso. “Que eu me lembre nunca falamos disso em casa”, diz. Júlia sabe o nome da rua onde mora e o número. Também sabe o celular dos pais. “Se algum dia isso acontecesse, eu poderia ligar para eles ou procurar o endereço de casa”, raciocina.

Já o João Guilherme disse que se ficasse perdido, iria arrumar um lugar pra morar. Ele bateria de porta em porta, até alguém aceitá-lo. “Não lembro da mamãe e do papai terem falado sobre isso”, comenta. Ele não lembra o nome da rua onde mora, nem o bairro. Também não sabe o celular dos pais. “Mas eu iria procurar um prédio da cor do nosso”, argumenta.

O que João Guilherme sabe é que mora em Sorocaba e que não pode falar com estranhos. “Nem se oferecesse doce, eu não aceito e saio correndo.”

Alguns motivos e dicas de proteção

A praia é um lugar no qual é preciso tomar muito cuidado, pois o ambiente é amplo e quase sempre tem muita gente. Crédito d afoto: Pixabay

Um dos ambientes que as crianças mais se perdem é na praia. Por ser um lugar cheio de gente, amplo e com muitos guarda-sóis parecidos, fica praticamente impossível conseguir localizar onde se estava. Até mesmo os adultos se perdem! Por isso, sempre que sair, é bom combinar com seus pais um lugar para se encontrar. Precisa ser um ponto de referência, algo que seja visto bem de longe e que não tenha nada igual por perto.

Se ficar difícil, é preciso saber como pedir ajuda. Para isso, procure adultos de confiança, como por exemplo aqueles que estão prestando serviços. Na praia, o ideal é falar com o salva-vidas; em um shopping, com o segurança; num show, deve-se procurar onde estão cuidando do som e pedir para anunciar no microfone.

Andar de mãos dadas com um adulto de confiança, além de ser muito gostoso, ainda ajuda as crianças a não se perderam. Crédito d afoto: Pixabay

Outra coisa importante: as crianças não desaparecem só porque se perderam. Tem crianças que desaparecem diante dos pais em pleno supermercado, na feira ou mesmo quando vão para a escola. Isso porque tem adultos que oferecem coisas para elas com a intenção de levá-las embora. Papai e mamãe já devem ter falado muitas vezes pra você não aceitar nada de estranhos, não é mesmo? Não pode aceitar balas, brinquedos e nem coisa alguma. Se vier alguém perto de você oferecendo coisas, não tente enfrentar, simplesmente saia correndo e vá até seus pais ou até a professora. E jamais saia da escola com qualquer adulto, sem que seus pais tenham avisado você e a escola que essa pessoa iria te buscar. (Daniela Jacinto)

Orientações pra você

- Aprenda o seu nome completo e dos pais/responsáveis, endereço de residência e telefones;

- Não responda ou dê informações nos telefones de casa ou celular sem permissão do pais/responsáveis;

- Não abra a porta de casa sem a permissão dos pais ou responsáveis;

- Grite bem alto quando uma pessoa que você não conhece tente te levar a algum lugar;

- Em um lugar cheio de pessoas, estabeleça um local central como “ponto de encontro”.

(Fonte: www.desaparecidos.gov.br)