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Haisa, a elefanta do Quinzinho, deixou seus amigos e foi morar no céu

06 de Dezembro de 2020 às 00:01
Jéssica Nascimento [email protected]

Haisa, a elefanta do Quinzinho, deixou seus amigos e foi morar no céu Haisa era considerada um animal idoso e por isso recebia uma rotina de cuidados especiais. Crédito da foto: Divulgação / Secom Sorocaba

A elefanta indiana Haisa, que morava no Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros (PZMQB) desde setembro de 1995, se tornou uma estrelinha. Em 18 de novembro, Haisa foi morar lá no céu. Apesar dessa ser uma notícia triste, infelizmente é uma realidade que faz parte do ciclo da vida. Isso porque, assim como as pessoas, os animais também morrem quando se tornam velhinhos. E Haisa já era uma senhorinha elefanta, pois estimam que ela tinha mais de 60 anos, sendo considerada um animal bem idoso e por isso recebia uma rotina de cuidados especiais.

A equipe do zoológico se despediu de Haisa no dia 19 de novembro, quando ela foi enterrada em uma área do Parque Natural Chico Mendes. Uma força-tarefa foi realizada para enterrar a elefanta, que pesava cerca de 3 toneladas. Como ela era muito pesada, foi preciso utilizar um caminhão, um trator e um guindaste para enterrá-la. A equipe do zoo realizou uma homenagem para Haisa ao dizer o último adeus. Antes de a retroescavadeira começar a jogar terra em cima dela, eles fizeram um minuto de silêncio e, depois, a aplaudiram. Aposto que ela deve ter ficado muito feliz, o que você acha?

Antes de falecer, Haisa já estava doente. Desde o mês de maio deste ano, ela vinha apresentando dificuldade locomotora. Ou seja, ela tinha dificuldade para andar e se movimentar. Depois de passar por avaliação clínica e exames foi constatado que ela estava com artrose, um processo degenerativo das articulações, que provoca desgaste das cartilagens e demais estruturas ali presentes. Essa doença não tem cura e piora progressivamente com o tempo. Por isso, ela estava sendo medicada e recebia uma atenção especial dos tratadores, que passavam praticamente o dia todo junto com os elefantes.

Sim, Haisa tinha um companheiro, o Sandro. Antes de chegar em Sorocaba, ela morava no Beto Carrero World. Você sabia que o único zoológico do Brasil que possuía um casal de elefante indiano (Elephas maximus) era o Quinzinho? Sandro e Haisa formavam um belo casal, mas nunca tiveram um filhote. Uma pena, né? No Zoo, eles recebiam uma alimentação balanceada para evitar a obesidade e se alimentavam basicamente de capins, brotos macios, cascas de árvores e frutas. Bem saudáveis. Ela também amava milho, banana, maçã e cenoura.

Haisa também era estimulada pelo tratador a fazer uma caminhada dentro do recinto, importante para um animal grande e idoso como ela. Na medida em que caminhava, ela recebia um alimento que gostava como recompensa. No zoológico, Haisa recebia com frequência um “enriquecimento ambiental”, que nada mais é do que um “elemento” colocado no recinto do bicho para estimulá-lo a se movimentar e a manter seus instintos. Um de seus preferidos era o banho de areia.

Saudades

Ao se tornar uma estrelinha lá no céu, Haisa deixa saudades. “Haisa viveu em nosso zoológico por 25 anos e ela esteve presente durante toda minha história profissional no zoo até aqui. Ela representou muito para todos que puderam visitá-la e foi muito amada e bem cuidada por toda equipe que esteve com ela durante todos esses anos. Essa gigante gentil está fazendo muita falta a todos nós e será lembrada com carinho por todos que conviveram com ela”, conta a Chefe de Seção de Biologia e Veterinária da Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade (Sema), Luana Longon.

As crianças também sentirão saudades de Haisa, principalmente as que a admiravam durante as visitas ao zoo. Uma delas é a Catarina Randazzo de Oliveira Sodré, de 9 anos, que gosta de ir ao zoológico para visitar os animais. “O meu preferido era a elefanta. Eu ia duas ou quatro vezes por ano para ver ela. Eu ficava mais de meia hora observando a Haisa”. Catarina descobriu que a Haisa tinha falecido quando estava na casa da avó. “Minha vó me contou. Eu fiquei um pouco triste quando a Haisa morreu, mas fiquei um pouco feliz porque não foram os dois elefantes. Agora vou ir ao zoo para ver o Sandro e ver se ele arruma outra parceira”.

Haisa, a elefanta do Quinzinho, deixou seus amigos e foi morar no céu Catarina Randazzo lembra das brincadeiras que Haisa fazia no recinto do zoológico. Crédito da foto: Cortesia

Catarina conheceu a Haisa há sete anos, quando ainda era um bebê de dois aninhos. “Se não me engano, eu entrei no zoo e falei pra minha mãe que queria ver a elefanta”. Entre as memórias que Catarina coleciona de Haisa, uma delas é bastante divertida e refrescante: “Ela fazia brincadeiras, como jogar água com a tromba. Um dia, estava no zoo no aniversário da minha amiga, e ela estava tomando banho. Ela molhou todas as crianças que estavam no aniversário”, lembra. Outro dia, Catarina conseguiu ver a Haisa bem de pertinho. “Ela foi andando e veio bem pertinho de onde eu estava. Foi muito legal”.

Assim como Catarina, a Nathaly Fernanda Cerqueira Berrocal, de 9 anos, também coleciona muitas memórias da Haisa. E para homenageá-la, a pequena fez um desenho da elefanta no céu, com direito a coroa e asinhas de anjo. “Eu fiquei com dó dela ter morrido. Fiquei muito triste quando ela morreu. Eu gostava muito da Haisa. Eu ia ao zoológico ver ela. Eu me mudei para Boituva e mesmo assim gostava de ir ao zoo visitar a Haisa. Eu achava ela muito bonita”, conta. Para representar seu carinho por Haisa, Nathaly caprichou no desenho. “Eu precisava fazer ela maravilhosa, porque ela era linda e especial. Eu fiz o céu dos animais e desenhei ela de anjinho. Se na Terra ela já era um anjinho, lá no céu ela vai continuar também”, explica.

Haisa, a elefanta do Quinzinho, deixou seus amigos e foi morar no céu Nathaly Berrocal ficava espantada com o tamanho da elefanta em relação às crianças. Crédito da foto: Cortesia

Nathaly lembra até hoje da primeira vez que viu a elefanta. “Faz muito tempo que conheci a Haisa. Eu era bem pequenininha, tinha dois anos. Eu fiquei espantada com o tamanho dela. Ela era muito grande. Acho que ela era do tamanho de oito crianças juntas, uma em cima da outra”. Para a pequena, a parte mais diferente dos elefantes é a tromba. “Eu já vi a tromba da Haisa. Também acho as orelhas muito grandes. Eu gosto muito de ver os elefantes, eles são super engraçados”, diz ao contar que uma vez os elefantes jogaram água nas pessoas do zoo. “Tive que sair correndo para não me molhar”.

Agora, Nathaly diz que vai ir ao zoo visitar o Sandro. “Eu acho que ele ficou se sentindo sozinho agora, sem a amiga dele, a Haisa”. A pequena acredita que outra elefanta virá para o zoológico para fazer companhia para o Sandro. Catarina compartilha da mesma opinião: “Aí sim o Sandro vai ter um filhotinho. Os filhotes de elefantes são muito grandes pelo que eu sei”. Nesse momento, Catarina acredita que Haisa está em paz, lá no céu. Isso porque, segundo ela, é para lá que os animais vão quando morrem. “Eles viram estrelinhas, por isso que as estrelam aumentam. Eu acho que a Haisa está lá no céu olhando para a gente agora. Ela deve estar falando: ‘essa menina me conhece bem, hein?’”.

Sobre o elefante

O elefante indiano tem coloração marrom acinzentada. Eles vivem em florestas de países da Ásia e tem um tempo de vida estimado de 65 anos. O elefante é um dos maiores mamíferos terrestres. Trata-se de uma espécie em perigo de extinção, segundo a lista vermelha da IUCN. Ele possui orelhas arredondadas e pequenas se comparadas com as do elefante africano. Outras características é que as fêmeas não possuem presas e tem 4 unhas nas patas de trás (as da frente tem 5 unhas).

A tromba do elefante serve para várias coisas. Além de ser um órgão olfativo (ele usa para cheirar), a tromba também funciona como uma mão, que serve para provar, pegar alimento, acariciar e até golpear um inimigo. O elefante é um animal paquiderme (possui a sua primeira camada da pele muito grossa), pois precisa se proteger do sol, assim ele joga água e terra em suas costas formando uma lama, que funciona como um protetor natural. (Jéssica Nascimento)

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