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Folclore tem personagens, mitos e sabedoria

18 de Agosto de 2019 às 07:16

Folclore tem personagens, mitos e sabedoria A mula-sem-cabeça percorre campos, estradas e cidades soltando fogo. Crédito da foto: José Rubens Incao

Quando assobia longe, é porque está perto, mas quando dá para escutar seu assobio bem de perto, ah é porque já está longe. Brincalhão, ele gosta muito de fazer traquinagens, ou seja, só apronta! Onde tiver sal no doce ou açúcar no salgado, pode ter certeza que esse levado esteve por lá. Faz trança no rabo do cavalo, tem gorro vermelho e pula de uma perna só. Se você pensou no saci, isso mesmo, é esse o tal do guri! Neste mês, em que se comemora o Dia do Folclore -- a data oficial é 22 de agosto --, o Cruzeirinho lembra de alguns personagens e suas histórias.

Antes de falar desses personagens, é importante explicar um pouco sobre o que significa a palavra folclore. Ela deriva do termo inglês “folklore”, que une os radicais “folk”, que quer dizer povo, e “lore”, que significa instrução, aprendizado, sabedoria. Portanto, resumidamente, folclore é tudo o que envolve a sabedoria popular. Mas o que seria isso, afinal? Todos os costumes, crenças e manifestações de determinado povo, como festas, cantigas de roda, lendas, mitos e superstições, transmitidos de geração em geração. O Carnaval, por exemplo, faz parte do folclore brasileiro. O Halloween é do folclore dos países da língua inglesa e que aos poucos está sendo incorporado na nossa cultura. Já sobre mitos e lendas, o saci e o lobisomem são mitos do Brasil, já a lenda do Cavaleiro sem cabeça surgiu nos Estados Unidos, assim como o Pé Grande. Agora ficou mais fácil compreender, né?

Como o Brasil é formado por pessoas dos mais variados países que vieram morar aqui, o nosso folclore é composto por contribuições de diversos povos, principalmente dos portugueses e africanos, além dos indígenas, que já viviam aqui.

Conforme o pesquisador e historiador sorocabano José Rubens Incao, diretor da Biblioteca Infantil Renato Sêneca de Sá Fleury, enquanto o ser humano existir, independente do grau de tecnologia que o mundo tiver, o folclore existirá também. Zé Rubens costuma promover encontros com as crianças para falar sobre personagens do folclore brasileiro. Durante entrevista, ele citou alguns detalhes sobre eles, que inclusive foram registrados em um trabalho mais minucioso feito pelo saudoso pesquisador do folclore, o professor Benedito Cleto. Confira:

Lobisomem

Dizem que quando um casal tem sete filhos homens, o sétimo, caçula, fica com uma maldição e se transforma em um lobisomem. Isso acontece sempre nas noites de quinta para sexta-feira ou noites de luar. O amaldiçoado é um homem pálido e magro. Tem o corpo coberto de pêlos, sobrancelhas grossas e barba. As orelhas são grandes. Não encara as pessoas, sempre desvia o olhar. Quando ele se transforma em lobisomem, precisa retornar para casa antes de clarear o dia ou o galo cantar. Se não voltar em tempo, aparecerá pelado onde estiver. Há como acabar com essa maldição: batizar às pressas o sétimo filho ou contar-lhe que é lobisomem.

Saci

Já falamos um pouco dele no início desta reportagem, mas vale dizer que o saci nasce nos gomos de bambu. Fica ali dentro bem quietinho, durante sete anos. Depois sai pelo mundo aprontando das suas. Vive 77 anos. Após essa idade, vira cogumelo venenoso ou orelha de pau. Aqui vai um segredinho: é possível caçar o saci! Por que fazer isso? Oras. A força do saci está no seu gorrinho vermelho. Quem conseguir tirá-lo, ganha o que quiser dele. Sem a carapuça, o saci fica preso e escravo de seu dono. Para capturar o saci, é preciso avistar um redemoinho e jogar em cima uma peneira com cruz no meio. Ele ficará preso. Depois, basta pegar uma garrafa de vidro escuro e aproximar da peneira. Como o saci só gosta de escuro, correrá rapidamente para dentro da garrafa. Pronto! Agora ele atenderá todos os seus desejos, afinal você estará com o gorrinho dele.

Mula-sem-cabeça

Monstro em forma de mula, ele percorre campos, estradas e cidades soltando fogo pelas ventas. Vez ou outra, soluça como uma criatura humana. Quando enfurecido, seus relinchos e galopes são ouvidos a longa distância. Contam que a mula era uma mulher que casou com um padre, então nas noites de quinta para sexta-feira, ela se transforma no monstro. É preciso muita coragem para fazê-la voltar ao normal. Só consegue quem a faz sangrar, espetando-a com algum objeto pontiagudo.

Curupira

Folclore tem personagens, mitos e sabedoria O curupira é protetor das matas e dos animais silvestres. Crédito da foto: José Rubens Incao

Também conhecido como caipora, caiçara, caapora, anhanga ou pai-do-mato, o curupira é protetor das matas e dos animais silvestres. Ele é pequeno, tem cabelos vermelhos e compridos e pés virados para trás -- o que faz despistar quem o persegue pelos rastros. O curupira costuma montar um porco do mato e castiga todos que desrespeitam a natureza. Quando alguém desaparece nas matas é obra dele. Os índios, para agradá-lo, deixavam oferendas nas clareiras, como penas, esteiras e cobertores. Também se dizia que uma pessoa deveria levar um rolo de fumo se fosse entrar na mata, para lhe oferecer.

Iara

Folclore tem personagens, mitos e sabedoria Iara é uma mulher que enfeitiça os pescadores com sua beleza e canto. Crédito da foto: José Rubens Incao

Iara é uma mulher que enfeitiça os pescadores com sua beleza e canto e os leva para o fundo das águas. Zé Rubens alerta que o canto seduz, inebria e engana. “São tentações que se você não resistir a elas, você afunda”, diz. Por vezes a Iara assume a forma humana completa e sai em busca de suas vítimas. Como se livrar dela? Não ouvindo seu canto!

Recadinho pra você

O Cruzeirinho deixa um recado para todas as crianças que porventura ficaram com medo dos mitos e lendas: tudo isso tudo faz parte da imaginação. O que vale mesmo é se divertir com essas histórias. Na semana que vem tem mais. Falaremos sobre o folclore de Sorocaba. Bom domingo!

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