A onda agora é produzir quadrinhos
Joaquim deu forma aos personagens que cria nos quadrinhos, fazendo modelagem de cada um deles. Crédito da foto: Fábio Rogério (10/09/2019)
Um dia, uma diabinha tem a ideia de criar uma banda. Primeiro ela consegue reunir interessados e seu sonho começa a tomar forma. O grupo tem um objetivo: ficar famoso. Para isso, posta vídeo na internet cantando e chama a atenção. Vem então um novo desafio: fazer show ao vivo, mas numa batalha musical. Depois de alguns percalços, finalmente eles conseguem se dar bem.
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Essa é a história do gibi Monster World, criado por Joaquim Augusto de Oliveira Siqueira de Deus, 10 anos. O gibi é rico em detalhes: tem capa caprichada (em uma delas é possível ver o personagem em relevo, como se estivesse saindo do quadrinho), desenhos todos pintados, balões com os diálogos e ainda, na contracapa, Joaquim colocou uma propaganda para incentivar as pessoas a lerem seus outros dois gibis.
Ao todo, ele já produziu cinco quadrinhos, mas esse é o único em que a história tem um fim. O restante ele ainda não terminou “porque deu preguiça”, disse. Mas pretende, sim, concluir. O primeiro quadrinho que criou, “Alexuna” -- sobre um menino chamado Alex e uma menina, a Luna, que se conhecem na escola e ficam se gostando --, aguarda esse desfecho.
Joaquim começou a fazer histórias em quadrinhos no ano passado. Ele conta que sempre gostou de desenhar e quando viu no YouTube um vídeo sobre como fazer quadrinhos, se interessou.
Os quadrinhos de Joaquim fazem sucesso na escola e ele inclusive serviu de inspiração para um amigo começar a fazer também, o João. Um dos gibis de Joaquim foi feito em parceria com o amigo, que teve a ideia de juntar o universo dos personagens de ambos numa só história.
Na escola, desde que começou a fazer as histórias em quadrinhos, Joaquim avalia que seus desenhos estão cada vez melhores. Também está aprimorando a língua portuguesa, descobrindo como escreve determinadas palavras e desenvolvendo os textos. “E criatividade tenho bastante”, diz.
Além dos personagens que cria nos quadrinhos, Joaquim deu forma a eles, que saíram do papel e ocupam um espaço no rack da sala. Esses personagens se transformaram em mini bonecos, feitos de biscuit, um material para artesanato. É outro sucesso. Tem amigos que pedem para ele fazer e aí Joaquim vende.
Outra coisa ainda que ocupa o tempo de Joaquim é que ele tem um programa no YouTube: o “Orelha-Films :3”. “Faço vídeos de desenho animado”, conta. Para gravar, ele cria cenários e usa seus bonecos para narrar histórias baseadas em games. Se deu tão bem com isso que já tem uma certeza sobre seu futuro: quer ser autor de quadrinhos.
Arthur fez as aventuras da sua turma
Arthur mostra seus quadrinhos para o amigos da escola, que curtem suas histórias. Crédito da foto: Fábio Rogério (10/11/2019)
Outro menino que curte muito criar histórias em quadrinhos é Arthur Magevski Leite, 11 anos. Ele conta que começou este ano. “Vejo no YouTube e tento imitar, para fazer cada vez mais bonito e direito”, afirma. Arthur já tem quatro revistinhas. “Sempre gostei de desenhar e estava assistindo muito a série Capitão Cueca [As épicas aventuras do Capitão Cueca, sobre dois amigos que gostam de criar histórias em quadrinhos] na Netflix, aí quis fazer também.”
Arthur observou que nessa série tem um personagem que só apareceu duas vezes -- e deu vontade de fazer um quadrinho sobre ele. “Para contar sua história. É o Super Boxer, ele existe, mas não a história dele. Então eu conto a sua origem”, comenta.
O Super Boxer de Arthur consegue voar, além de ter força e velocidade. “Mostro para amigos na escola onde estudo e eles lêem”, orgulha-se.
Depois, Arthur teve ideia que o Super Boxer teria uma evolução. Mas depois que teve inspiração para a história do Super Boxer, Arthur resolveu criar seu próprio personagem, o Maxim, que mora no planeta Mirashim.
Crédito da foto: Fábio Rogério (10/11/2019)
Outro gibi é mais personalizado: “A Turma do Arthur em... que dia é?”. Nesse, ele mesmo faz parte da história. Arthur também chegou a criar um gibi em parceria com seu amigo Nicolas. A capa estampa o título “Super BR’s”. A história é sobre dois amigos super herois que se unem para combater o crime. Ele pretende vender os gibis, pois colocou até preço na capa. “Se alguém quiser comprar, aí tiro xerox colorido”, diz.
Tudo tem ajudado Arthur a desenvolver melhor o desenho, a criatividade e também no aprendizado da Língua Portuguesa.
Irmãos escritores criam o Super Robô
Lucas, Leonardo e Isabele já descobriram como é bom usar a criatividade para desenhar e criar aventuras. Crédito da foto: Fábio Rogério (10/11/2019)
Em uma casa do bairro Piazza Di Roma moram três irmãos escritores, com livros publicados pela escola onde estudam. Eles criam histórias, desenham, pintam e, mais que tudo isso, são parceiros. Um dá ideia para o outro, apoio, incentivo. Leonardo Stawicki Santos, 11 anos, Lucas, 9 anos, e Isabele, 7 anos contaram que têm uma coleção de gibis e gostam muito de ler. Mas o primeiro a ter iniciativa de criar seus próprios gibis foi o Leonardo. Ele costuma assistir a série Capitão Cueca, exibida pela Netflix, em que os personagens criam quadrinhos. “Um dia eu falei pro meu irmão: a gente vai fazer.”
“Essa série influenciou a gente”, acrescentou Lucas. Foi assim que os dois inventaram o Super Robô. “Ele tem um parceiro, o Robozinho”, disseram. A produção foi grande e eles já estão na 11ª revistinha!
Os irmãos resolveram não colocar balão com diálogo. “Porque teria menos espaço para o desenho”, justifica Leonardo.
A primeira produção recebeu o seguinte título: “As aventuras do Super Robô em O ataque do Ratoskein”, sobre um herói que tem um rato como inimigo. Em seguida veio a história “Super Robô e Robozinho em Zero Absoluto”, mas nessa infelizmente o Robozinho morre, atingido pelo inimigo. Os irmãos garantem que vai ter continuação. O público pode ter esperança, quem sabe eles descubram algo para que Robozinho volte a viver?
Crédito da foto: Fábio Rogério (10/11/2019)
Super Robô tem poderes inspirados no Electro, um dos vilões da história do Homem Aranha, poderes do Super Homem e do Sr. Incrível do Quarteto Fantástico, por isso ele voa, solta laser pelos olhos e estica os braços e pés. Já o Robozinho capta sinais de satélite e pode se esticar.
Como eles têm muitas revistinhas, também são muitos os personagens. Vale destacar que algumas são resultado de parceria dos dois, outras são apenas do Leonardo, assim como Lucas assina sozinho as dele.
Já a caçula da família, a Isabele, disse que tentou criar história também, mas achou que não levava muito jeito com o desenho. No entanto, quando foi mostrar para o seu livro para a reportagem, o conteúdo estava muito bonito e os desenhos bem caprichados. Então a Isabele confidenciou que tem preguiça. “Se eu tiver que desenhar uma mão, tenho preguiça de fazer os cinco dedos e deixo só três”, exemplifica. No livro “Um dia na escola”, Isabele fala sobre uma menina que sofria bullying na escola. A história traz uma lição muito importante sobre respeito e amizade. (Daniela Jacinto)
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