Educação midiática: onde ela está e como têm preparado as crianças para usar as novas tecnologias
Em uma sociedade onde as informações se propagam cada vez mais rápido, as crianças se tornaram um alvo fácil para todo tipo de crime cibernético. Embora a pedofilia seja a mais temida delas, praticada por criminosos que aliciam menores na internet, a televisão e vídeos pela internet também configuram uma ameaça potencial, com conteúdos impróprios, informações falsas ou até mesmo estimulando comportamentos danosos.
Recentemente, o Desafio da Baleia foi uma dessas ameaças. Disseminado pela internet, a “brincadeira” levou algumas crianças ao suicídio e despertou a atenção das autoridades. A boneca Momo seguiu o mesmo modelo e assustou pais e responsáveis.
Controle dos pais
Com o acesso cada vez mais disseminado a essas tecnologias, o controle dos pais sobre o que os pequenos assistem na televisão e vídeos pela internet é um desafio cada vez maior.
Segundo especialistas, contudo, a proibição está longe de ser a melhor solução, já que esses dispositivos também são ferramentas importantes para o dia a dia e, principalmente, um recurso cujo domínio será importante para a emancipação dessas crianças no futuro. Para muitos, a solução mais indicada nesses casos é a educação midiática.
O que é educação midiática?
Reconhecida pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a educação midiática surgiu ainda na década de 1960 e 1970, quando a publicidade e o conteúdo veiculado pela televisão, rádio e mídia impressa eram as principais ameaças.
A educação midiática visa treinar espectadores e leitores para uma leitura crítica dos fatos apresentados, indo além da mídia em si. Com isso, espera-se que a pessoa educada midiaticamente consiga identificar notícias falsas, conteúdos tendenciosos e fontes questionáveis apresentadas pela mídia.
Como funciona esse processo de ensino?
Segundo especialistas no setor, a educação midiática se dá a partir da apresentação dos mecanismos de funcionamento da mídia, sobretudo como funciona a produção e edição dos materiais colocados no ar. A partir daí, espera-se que a pessoa tenha em mente que os fatos apresentados não passam de um aspecto da realidade, e não uma verdade absoluta.
Um exemplo clássico são os programas policiais apresentados em rede nacional, geralmente, nos fins de tarde. Assistindo à programação por pouco tempo, já é possível intuir que as cidades brasileiras vivem em calamidade pública em termos de segurança, com a sensação de que uma simples ida ao supermercado é um grande risco.
A educação midiática busca justamente abrir os olhos do espectador, para que ele entenda que aqueles fatos foram editados e são apresentados num contexto e numa narrativa que visa, justamente, criar uma atmosfera caótica e sensacionalista.
Educação midiática na internet
No caso da internet, essa educação se torna ainda mais complexa, uma vez que as informações são disseminadas por meio de algoritmos que buscam atender aos anseios e interesses do espectador. É essa noção que os processos da educação midiática busca apresentar às crianças nos dias atuais.
Segundo especialistas, esses algoritmos criam bolhas e limitam ainda mais a realidade que nos é apresentada. Isso se torna ainda mais grave se considerado o impacto das fake news sobre a sociedade, com implicações políticas e econômicas.
No caso das crianças, a publicidade ainda é o maior desafio. Segundo especialistas, a disseminação de conteúdo via internet costuma trazer publicidade implícita, muito diferente do que se vivia nos áureos tempos da TV e do rádio. Com isso, torna-se cada vez mais importante alertá-las para uma avaliação crítica do conteúdo que recebem e, principalmente, das mídias que consomem diariamente. Somente a formação crítica pode blindá-las de um universo midiático cada vez mais dinâmico e perigoso.